Por Williams P. M. Ferreira

A crescente exigência do consumidor por produtos de qualidade aceleram a necessidade de adoção de ferramentas inovadoras capazes de manter e ampliar mercados. No mercado de café a qualidade é o elemento principal para que os melhores preços da matéria prima sejam alcançados. A composição química dos grãos, determinada por fatores genéticos, ambientais e culturais, bem como os métodos de colheita, processamento e armazenamento são fatores importantes, pois afetam diretamente a qualidade da bebida.


                          Foto: Divulgação/ Humberto Paiva Fonseca

O processo de secagem, a torração e o preparo do café modificam a constituição química dos grãos, sendo, entretanto, essas alterações dependentes da composição original. A identificação e qualificação dos atributos responsáveis pela qualidade da bebida são cada vez mais o foco de interesse dos produtores. Todavia, o número de elementos que influenciam a qualidade do café produzido é muito grande, o que torna difícil a identificação e quantificação da interação dos mesmos sobre a cultura no campo, sendo que em cafezais de região montanhosa o problema torna-se maior devido às próprias características do relevo que favorece o aumento nas diversas variações na lavoura, inclusive da maturação de frutos, produtividade e qualidade.

Diante do exposto, o conhecimento do Terroir do café torna-se de fundamental importância, ou seja, é necessário para um determinado local saber qual a influência do efeito combinado do solo, da orientação da face da encosta em relação ao sol, da altitude e das características do clima (tais como a chuva, a velocidade do vento, as horas acumuladas de sol, a temperatura do ar mínima, média e máxima) sobre a natureza e a qualidade dos produtos cultivados naquele local. Tais informações são ferramentas importantes para auxiliar o produtor que queira produzir cafés para o preparo de bebidas especiais.

Por essas razões, pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UVF), da Embrapa Café, da Epamig Sudeste e da Emater de Minas Gerais, juntamente com o apoio do Consórcio Pesquisa Café, Centro de Excelência do Café Matas de Minas, SEBRAE, de produtores e cooperativas da região das Matas de Minas, vêem conduzindo uma pesquisa em propriedades cafeeiras da região com o objetivo de avaliar a influência dos fatores do ambiente e das cultivares plantadas na qualidade dos cafés produzidos na região.

O trabalho inicialmente foi realizado em 14 municípios da região das Matas de Minas, onde foram coletadas manualmente amostras de frutos de café arábica, das variedades catuaí vermelho  e catuaí amarelo, em ponto de maturação fisiológica, as quais foram processadas, beneficiadas e armazenadas. Posteriormente foram feitas avaliações sensoriais da bebida, por meio de testes de degustação feitos por Juízes Certificadores.

Como parte dos resultados da pesquisa foi publicado recentemente na segunda edição da 2017 da revista Coffee Science, revista científica especializada em cafeicultura publicada pela Universidade Federal de Lavras (UFLA), o artigo intitulado "Ambiente e variedades influenciam a qualidade de cafés das Matas de Minas, no qual os pesquisadores concluíram que a combinação dos fatores do ambiente (altitude e orientação da encosta da montanha), atributos positivos das cultivares exercem influência na qualidade da bebida do café.

Williams Ferreira é Pesquisador da Embrapa Café/EPAMIG UREZM na área de Agrometeorologia e Climatologia, atua principalmente em pesquisas voltadas para o tema Mudanças Climáticas Globais.