Por Ebenézer Oliveira
Quem de nós não gosta de um cafezinho ao longo do dia? Para quem aprecia a bebida, nada como um café quentinho, cheiroso e com um ótimo sabor. Seja para acordar de manhã, logo após o almoço ou mesmo no finalzinho de tarde. Mas um café bom é mais do que isso, é acompanhado de gente nossa e cuidada por nós, em volta de uma mesa. Temos sempre alguma lembrança em volta de uma mesa de café.
Ela simboliza o diálogo e comunhão de valores e princípios, afeto mesmo. É nesse lugar que trocamos nossas experiências, lamentamos nossos anseios e celebramos nossas conquistas. Em torno dessa mesa avançamos e progredimos nosso dia-a-dia com o mundo. Essa preocupação com o que nos cerca é o que nos move a buscar a melhoria para os nossos e para todos.
Pensando nisso, criamos um projeto em 2017 que traz esse espírito coletivo, de valores em comum, do cuidado com o outro, para avançarmos em direção a um mundo produtivo mais digno e justo para todos.
O Projeto Mesa de Café Brasil, desenvolvido pelo Instituto Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo (InPACTO) em conjunto com a Catholic Relief Service (CRS), tem como objetivos e práticas o construir coletivamente. Uma iniciativa que tem buscado olhar para a produção do café brasileiro, observando seus principais desafios e lacunas, mobilizando e dialogando com empresários do setor, governos, entidades representativas e sociedade civil, para construir ações e soluções para enfrentar esses obstáculos.
A principal meta é contribuir para que o setor cafeeiro brasileiro seja uma referência mundial de práticas socialmente sustentáveis, condições dignas de trabalho, inovação e transparência em todos os elos da cadeia produtiva. Um grande desafio é construir um olhar cada vez mais humanizado, onde a dignidade do trabalho seja sempre um dos principais pilares da produção do café brasileiro, em todos os empreendimentos.
Temos como estratégias do projeto promover mesas de diálogos com diversos atores; realizar análise e organização de dados do setor que possam nos subsidiar a um entendimento franco sobre desafios e soluções; e, principalmente, dar visibilidade às boas práticas e iniciativas de sucesso para que possam ser replicadas.
Até aqui já reunimos muitas organizações do setor do café comprometidas com a mudança e melhorias nas condições de trabalho e produção, aprofundando o conceito de sustentabilidade social no café brasileiro. Parceiros como o Conselho de Exportadores do Café (Cecafé), a Plataforma Global do Café e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), entre vários outros.
O próximo passo do Projeto será aprofundar a interlocução com o setor para, a partir da identificação dos riscos de trabalho análogo à escravidão na cadeia produtiva do café, construir alternativas para a superação das fragilidades.
O nosso maior desafio agora é continuar reunindo e congregando esses atores, aprofundando o diálogo em torno dessa grande mesa de café, compartilhando nossas experiências, anseios e buscando saídas em comum.
Quer conhecer um pouco mais sobre essa mesa de café, assista ao vídeo de apresentação ou acesse a página do Projeto.
*Ebenézer Oliveira é historiador, especialista em políticas públicas pela UFRJ, mestrando em políticas públicas pela UFABC e coordenador do Projeto Mesa de Café Brasil