Por Marcelo Fraga Moreira*
A semana, de 31 de maio a 4 de junho, terminou praticamente onde começou, em centavos de dólar por libra-peso. Novamente tivemos uma amplitude acima dos 1.000 pontos (1.145 pontos). Setembro/2021 trabalhou entre a máxima (logo na terça-feira – 01/06), a mínima (na sexta-feira – 04/06), e o fechamento respectivamente em 168,65/157,20/163,55 centavos de dólar por libra-peso. Setembro/2021 mais uma vez atingiu a nova máxima do ano, mas ainda não conseguiu romper os 170 centavos de dólar por libra-peso.
Após abrir firme na terça-feira, chegando a trabalhar com +435 pontos, o mercado virou, chegou a cair -200 pontos e fechou em 163,55 centavos de dólar por libra-peso (por coincidência o mesmo valor do fechamento da sexta-feira). Com essa “virada” do mercado o volume negociado chegou a +66,133 lotes (provavelmente stops foram acionados, tanto na ida quando na volta, quando a cotação rompeu a resistência dos 50 dias e quanto a cotação voltou a negociar abaixo desse mesmo indicador).
A amplitude do mercado (diferença entre cotação máxima e mínima negociada no dia), em todas as sessões da semana, foi superior a 500 pontos: 735 na terça-feira; 500 na quarta-feira; 580 na quinta-feira; e 675 na sexta-feira.
O volume também foi positivo negociado em média de +54.593 lotes por dia (em todos os pregões desde o último dia 26 de maio – 7 pregões – o mercado negociou mais de 40.000 lotes por dia: +41.386 / +49.064 / +66.073 / +66.133 / +41.077 / +55.652 / +56.511 respectivamente. Esse volume refletiu na posição dos “fundos+specs” terminando o pregão da terça-feira (01/06) comprados em +47,817 lotes (aumento de +6.348 lotes). Essa posição é calculada com base no período da “quarta-feira da semana corrente até a terça-feira da semana seguinte”. Dessa forma, acreditamos que os fundos já devam estar comprados próximos dos +50.000 lotes! Cuidado quando decidirem “virar a mão”.
O Real foi o destaque da semana. Após a divulgação do PIB brasileiro do primeiro trimestre de 2021 (indicando um crescimento de + 1,2% na comparação com os três meses imediatamente anteriores), e com as novas projeções da “relação dívida x PIB” ficar abaixo dos 90%, o Dólar derreteu e o Real valorizou +3,45% (fechando a semana @ 5,045 R$/US$).
Com o Real mais forte muitos produtores voltaram a questionar os preços praticados no mercado interno. As ofertas de compra voltaram a trabalhar entre 780-870 R$/saca para entrega em agosto-21. Para entrega em agosto/2022 os preços ficaram entre 840-910 R$/saca e para entrega em agosto/2023 entre 880-970 R$/saca. Considerando o fechamento do setembro/2022 na sexta-feira 170,50 centavos de dólar por libra-peso, o Real com vencimento em agosto-22 @ 5,34 R$/US$ (considerando a correção do câmbio com base na taxa-selic em 5,75% ao ano) e um desconto para a compra do produto em -30 pontos contra a “tela”, os números fazem todo sentido!
Como sabemos a formação do preço do produto está atrelado em 4 premissas básicas: cotação em NY, taxa de câmbio, qualidade/disponibilidade do produto e a “lei da oferta x demanda”. As demais variáveis, tais como: expectativa de crescimento no consumo; problemas logísticos e/ou climáticos; aumento dos custos de produção no Brasil e Vietnam (principais produtores globais) podem “fazer” preço no curto/médio prazo. Mas como sempre, gostando ou não, a “lei da oferta x demanda” sempre vai convergir para a realidade do mercado. E buscar o preço de equilíbrio entre a “oferta x demanda”.
Na semana o mercado continuou de olho no clima, buscando informações sobre as chuvas que caíram em algumas regiões produtoras no final da semana passada; nos boletins meteorológicos diários e nas “previsões para os próximos 15 dias” à procura de novas chuvas ou geadas; nos problemas logísticos na Colômbia; a cada novo relatório de estimativa de safra (esta semana tivemos novos dados do USDA, do Rabobank, e da Organização Mundial do Café – este reduzindo o superávit global de 3,3 milhões de sacas para 2,02 milhões de sacas e aumentando o consumo em 1,2 milhões de sacas, passando de 166,35 para 167,56 milhões de sacas); e das informações vindas do campo.
Com o clima seco e com as temperaturas amenas a safra 2021/2022 colhida já está próxima dos 20% (segundo a agência “Safras e Mercado”). Os compradores estão aguardando uma pressão de venda dos produtores e os produtores estão apenas entregando os contratos já firmados e aguardando para ver se vão ter café para realizar novas vendas. Já existem torrefadoras com problemas de estoque e trabalhando “da mão pra boca”.
Nesta semana, como esperado, já começaram os repasses dos aumentos dos custos para os clientes/consumidores. A empresa Três Corações anunciou aumento nos seus preços entre 6-12%. Em alguns supermercados o aumento do pacote das cápsulas com 10 unidades (padrão Nespresso/Starbucks) já subiram entre 10-20%. Os supermercados já estão repondo estoques com as novas tabelas de preço. Será que mesmo com todo esse repasse de preços o consumo no Brasil vai ficar estável/crescer?
Seguimos altistas no curto prazo de olho na falta de chuvas e no risco das geadas. A quebra da safra 2021/2022 já está precificada – mas eventual quebra em função das geadas não. E a safra 2022/2023? Se as chuvas não vieram no momento certo a próxima florada poderá não vingar, então a biruta vai ficar biruta mesmo!
Para o setembro/2021 suportes em 156,30 / 153,00 / 143,90 e 138,60 centavos de dólar por libra-peso e resistências 166,50 / 168,65 / 170,00 centavos de dólar por libra-peso. Para o setembro/2022 suportes em 166,60 / 163,00 e 150,00 centavos de dólar por libra-peso e resistências 174,70 / 180,00 centavos de dólar por libra-peso.
Para safra 2022/2023 seguimos sugerindo a compra da “Put-Spread” strike +170 /-130 vendendo a “Call” strike -190. Desta forma o produtor garante um preço mínimo ao redor dos 980 R$/saca e um preço máximo ao redor dos 1,130 R$/saca (desde que o mercado feche acima dos 130 centavos de dólar por libra-peso e acima dos 190 centavos de dólar por libra-peso).
Como sempre, sejam prudentes! Protejam-se! Evitem ao máximo as operações alavancadas, os famosos acumuladores, as operações com “Knock-in / Knock-out”.
MUITO CUIDADO: o inverno e os riscos das geadas estão começando.
OBS: Invistam 2-4 sacas de café nos nossos dois já consagrados Cursos: o Essencial de Futuros em Commodities Agrícolas (de 16 a 20 de agosto) e o Avançado de Opções em Commodities Agrícolas (de 20 a 24 de setembro).
Saiba mais detalhes no site archerconsulting.com.br
Ótima semana a todos!
*Marcelo Fraga Moreira atua há mais de 30 anos no mercado de commodities agrícolas e escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.
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** “Call” = opção de Compra
** “Put” = opção de Venda
** “Compra Call-Spread” = compra e venda simultânea de 2 Opções de Compra comprando a Opção com preço de exercício mais baixo vendendo a Opção com preço de exercício mais alto);
** “Venda Call-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Compra vendendo a Opção com preço de exercício mais baixa e comprando a Opção com preço de exercício mais alto);
** “Compra Put-Spread” = compra e venda simultânea 2 Opções de Venda comprando a Opção com preço de exercício mais alto e vendendo a Opção com preço de exercício mais baixo);
** “Venda Put-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Venda vendendo a Opção com preço de exercício mais alto e comprando a Opção com preço de exercício mais baixo);
** “CFTC” = Commodity Futures Trading Commission – agência independente do governo dos Estados Unidos que regula os mercados de futuros e opções das commodities;
** “IBGE” = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
As informações são da Archer Consulting – Assessoria em Mercados de Futuros, Opções e Derivativos Ltda.