O ano de 2016 foi caracterizado por elevação dos preços do café conilon e também por uma grande estiagem em nossa região e no estado como um todo. Com a chegada das chuvas, verificamos o aumento de plantio de novas lavouras de café conilon e também a utilização de poucos clones na formação de novas lavouras.
Os perigos do plantio de poucos clones na formação de lavouras de conilon // Foto: Cooabriel/ Divulgação
O gênero Coffea é representado por mais de 100 espécies, destacando-se o C. arábica e C. canephora, tendo esta última, dois grandes grupos (Congolense = Robusta e Guineano = Conilon). No Espírito Santo, o C. canephora cultivado é o conilon, cuja espécie é a principal atividade agrícola do estado. Pesquisas publicadas em diversos periódicos científicos têm relatado que no café conilon a fertilização ocorre entre o pólen de uma planta com o estigma da flor de outra planta (panmixia). Portanto, o cruzamento do pólen e o estigma da mesma planta praticamente não produzem frutos, quando produzem não apresenta viabilidade econômica.
Assim, em cultivos comerciais existe a necessidade de haver diferentes plantas (clones), possibilitando que haja a fecundação cruzada e, consequentemente, produção de frutos. Deste modo, verifica-se que não é recomendado cultivar apenas um genótipo – clone (propagação vegetativa, que mantém as características da planta matriz), ou mesmo mais de um, que tenham as mesmas características genéticas.
Verificamos que o produtor motivado pelo alcance de maior produtividade, efetua o plantio de poucos clones (1, 2 ou 3), correndo o grande risco de ter problemas no cruzamento. Salienta-se que mesmo havendo lavouras vizinhas, o pólen não se desloca em grande distância, devido à barreira física que a própria lavoura impõe. O problema aumenta à medida que a idade da lavoura avança e ocorre maior fechamento da mesma, portanto, é errôneo tirar conclusão de lavouras em 1ª e 2ª colheita.
É fundamental que os produtores não plantem poucos clones. Assim, o cultivo de lavouras com número restrito de clones, principalmente, quando se trata de materiais genéticos próximos em relação às suas constituições genéticas, o que somente pode ser avaliado por estudos detalhados, leva à baixa produtividade, reduz a rusticidade, a vida útil, atenua a bianualidade e por consequência, baixa rentabilidade.
Na prática, as lavouras com poucos clones, têm demonstrado maior incidência de pragas e doenças e produtividade sempre abaixo das esperadas, sendo o produtor motivado a efetuar a renovação antecipada da lavoura.
Lembramos que efetuar plantios de café, exige planejamento no mínimo de seis meses de antecedência. Para escolha do número adequado de clones, definir os arranjos de plantios. É aconselhado plantar uma linha de cada clone. Essa tecnologia não tem custo superior, somente capricho do produtor e viveirista e garante produtividade, longevidade e lucratividade da sua cafeicultura.
Portanto, para se ter uma lavoura com durabilidade de pelo menos 15 anos deve ser evitado o plantio de poucos clones, pois é uma prática muito arriscada. Aconselhamos acima de oito clones.
*Este artigo foi publicado inicialmente no site da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel)
¹ Programa Conilon Eficiente – Cooabriel – ² Ger. da Assistência Técnica da Cooabriel