Por Marcelo Fraga Moreira*
Na última semana, o Real desvalorizou 3,42%, saindo de R$/US$ 5,4960 para R$/US$ 5,2480, e fechando a sexta-feira (4) a R$/US$ 5,3080. Os fundos seguiram comprando mais de 12.000 lotes e agora estão comprados em +34.000 lotes (apesar dos indicadores mostrando o mercado “sobre comprado”, se sustentando acima da média móvel dos 200 dias a 125,00 centavos de dólar por libra-peso e tentando romper a média móvel dos 50 dias de 135,00 centavos de dólar por libra-peso).
Nesse período, o mercado de café negociou entre a mínima de 125,25 centavos de dólar por libra-peso na segunda-feira (31) e na máxima 135,45 centavos de dólar por libra-peso na sexta feira, encerrando com 134,00 centavos de dólar por libra-peso. Uma amplitude de 1.020 pontos entre a mínima e a máxima. Na semana, o Real desvalorizou 3,42% e o café em US$ valorizou 6,50%. Será que vamos ver o dezembro/2020 nos 150 centavos de dólar por libra-peso?
Fazendo uma rápida retrospectiva, desde dia 15 de julho de 2020 até agora, o café saiu da mínima de 98,95 centavos de dólar por libra-peso para a máxima de 135,45 centavos de dólar por libra-peso na última sexta-feira. Uma alta de 3.650 pontos em 37 pregões, ou 36,88%. Do outro lado, o Real saiu de 5,29 R$/US$, chegando a negociar nos 5,6727 R$/US$ (com os rumores da demissão do Ministro Paulo Guedes no dia 20 de agosto), fechando nos 5,3080 R$/US$, praticamente no “zero a zero”.
Justificativa para esse movimento na semana? Ao nosso ver, apenas o dólar desvalorizando no médio prazo. Desde a semana passada, quando o Banco Central americano indicou que deverá manter os juros americanos baixos por um prazo mais longo que o esperado, alguns bancos continuam apostando que o dólar poderá seguir em uma baixa de mais 10-15% contra as principais moedas (inclusive contra o Real). Dessa forma, acreditamos que o Real poderá vir a testar os 5,00 R$/US$ e o Euro voltar a fortalecer chegando a valer 1,25-1,30 dólar.
Acreditamos que os fundos poderão levar as cotações a novas altas nas próximas semanas, buscando as máximas do mercado alcançadas em 17 dezembro de 2019 quando o Dezembro/2020 chegou a negociar 148,75 centavos de dólar por libra-peso (apenas lembrando que em outubro de 2007 o Real estava próximo dos 1,70 R$/US$; o contrato dezembro/2007 a 122,00 centavos de dólar por libra-peso e os fundos chegaram a estar comprados em +45.500 lotes).
Não vemos pressão vendedora de origem contra o vencimento dezembro/2020, uma vez que, principalmente o Brasil, já fixou muito contra esse vencimento. Assim, acreditamos que para o mercado subir mais 1.500-2.000 pontos não será difícil. Essa alta poderá levar o setembro/2021 a negociar novamente acima dos 150 centavos de dólar por libra-peso e acreditamos que será uma excelente oportunidade para novas fixações para safra 2021/2022 e 2022/2023 em R$/saca. Se o Real seguir se fortalecendo, negociando nos 5,00 R$/US$, o produtor seguirá tendo oportunidades para fixar acima dos 700 R$/saca para as próximas safras garantindo excelente retorno sobre seus ativos.
O mercado interno segue firme com negócios spot sendo realizados entre 600-700 R$/saca dependendo da localização, qualidade e disponibilidade do café. O clima segue positivo nas outras partes do mundo ajudando no desenvolvimento das lavouras, sem grande risco de quebra por enquanto na América Central e Colômbia.
Seguimos recomendando aos produtores/cooperativas que monitorem com atenção os próximos dias/semanas e que aproveitem as oportunidades para seguir fixando em escala de alta as próximas safras 2021/2022 e 2022/2023. Como vimos ano passado, da mesma forma que os fundos levantam o mercado 3-5.000 pontos, quando decidem “virar a mão” de “comprados para vendidos” o mercado realiza rápido e forte.
Para os que estiverem com risco de chamada de margem no curto prazo, seguimos indicando a compra de Call-Spread 135-150 centavos de dólar por libra-peso no dezembro/2020.
Para safra 2021/2022, no setembro/2021, seguir na compra de Put-Spread em escala de alta de 135 x 105 centavos de dólar por libra-peso vendendo a Call de 150 centavos de dólar por libra-peso próximo do “custo zero” (ou deixar em aberto a venda da Call para só vende-la quando o mercado estiver próximo dos novos highs). E, junto com a compra do Put-Spread, não esquecer de fixar o R$ futuro.
Como sempre, atenção com as operações alavancadas, com os acumuladores, com as estruturas que “aparecem/desaparecem/dobram” tanto para PRODUTO quanto para CÂMBIO, pois nessas horas costumam surgir as “operações com probabilidades mínimas de acontecer”.
Uma excelente semana a todos!
** “Put-Spread” = compra e venda simultânea da opção de Venda com preço de exercício mais alto vendendo a opção com preço de exercício mais baixo);
*** “Call” = opção de Compra
*Marcelo Fraga Moreira atua há mais de 30 anos atuando no mercado de commodities agrícolas e escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.