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Nova York em reais nas máximas históricas

ESPAÇO ABERTO

EM 30/03/2020

2 MIN DE LEITURA

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Por Rodrigo Costa*

As principais economias do mundo estão elevando seus gastos em estímulos fiscais com percentuais bem elevados de seus PIBs, assim como os bancos centrais estão aumentando seus balancetes em níveis sem precedentes para evitar uma depressão dura a seus países.

Nos Estados Unidos, 3.283 milhões de cidadãos aplicaram para o auxílio-desemprego apenas na semana passada, um assustador recorde indicando o quão séria a crise econômica pode se tornar caso a quarentena tenha que durar muito – por ora, o crescimento do número de casos de covid-19, ainda mais aqui em Nova Iorque, não dá outra alternativa segura do ponto de vista de saúde.

Frente à tanto dinheiro injetado no sistema, apenas nos EUA o congresso aprovou um pacote de 2 trilhões de dólares, as bolsas de ações subiram acentuadamente na semana, o dólar americano desvalorizou e as commodities recuperaram.

O café arábica foi acima de US$ 130 centavos por libra-peso impulsionado pelo estreitamento maior da estrutura, na quinta-feira (26), para então ceder e encerrar os últimos cinco dias com 3% de queda – ou US$ 3.90 centavos por libra.

As moedas das duas principais origens do arábica estão muito próximas das baixas históricas negociadas recentemente, talvez pelo receio natural dos investidores nas economias mais frágeis e do risco em geral para os emergentes da pandemia estressar ainda mais a infraestrutura.

A volatidade do contrato “C” (dos futuros isoladamente e mais ainda dos spreads) acompanha a ansiedade dos operadores, ora preocupados com o fluxo da mercadoria saindo das fazendas e passando pelos portos, ora de olho na demanda forte nas prateleiras dos supermercados.

Os diferenciais de reposição cederam no Brasil com a movimentação recente do terminal aliada a desvalorização da moeda brasileira, que levou Nova Iorque ao maior nível em reais da história, R$ 649.80 por libra-peso.

O bom volume reportado de negócios das principais praças não se resumiu ao disponível – percebido anteriormente como escasso, mas mais uma vez demonstrando que a alta no preço encoraja a “desestocagem” – como também em negócios futuros, da safra 20/21 e 21/22.

Exportadores tentam facilitar o fluxo para fora, mas encontram dificuldades de disponibilidade de containers, marcar praças nos navios em datas próximas e, do ponto de vista de preço, a inversão dos spreads não faz do basis atrativo o suficiente para os compradores internacionais que não estão no segmento mais beneficiado no momento.

Do lado do produtor ouvem-se reclamações de um número menor de empresas participando na originação com a liquidez parcialmente prejudicada por funcionários estarem em quarentena e em alguns casos por aperto no crédito.

Para os cafés suaves nada muda na firmeza dos prêmios, muito pelo contrário, já que não param de encarecer e em nada acompanham as oscilações da bolsa.

Tecnicamente, Nova Iorque deixou um gap na sexta-feira (27) e fechou nas mínimas, mas se consolidar acima de 115.65, não deve atrair muita venda.

A oscilação do spread de maio/julho deve continuar forte até o começo do período de entrega em meados de abril, colaborando para os solavancos do terminal.

Uma ótima semana a todos com muita saúde e cautela.

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

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