Por Rodrigo Costa
O banco central americano manteve os juros inalterados em 2.375% como se esperava, mas indicou que não incrementará mais o custo do dinheiro em 2019, diferente do que estava precificado.
Dados indicativos da atividade industrial na Alemanha e nos Estados Unidos também decepcionaram na sexta-feira (22), empurrando o mercado acionário para baixo e causando fuga para títulos de dívida de 10 anos das principais economias.
No Brasil, a prisão de Michel Temer e os desencontros políticos de Bolsonaro, seus filhos e de seus séquitos preocupam e colocam em xeque o apoio ao presidente para fazer as reformas necessárias ao País, levando o Real para cima de R$ 3,90 – também influenciado pela turbulência externa.
Para o café, continuamos vendo mais do mesmo: movimentos de queda, novas mínimas, interesse de compra de comerciais, mais fundos, pelo incrível que pareça, conseguindo reduzir levemente suas apostas de baixa – nada animador.
O fluxo de negócios melhora pontualmente, seja com uma breve manutenção de NY e enfraquecimento do Real, ou em tímidas altas que não encontram sustentação.
Diferenciais só encarecem, como é de se imaginar, e a proximidade do mês de abril, quando o Brasil então começará a colher a safra do conilon, por ora não causa uma perda mais acentuada do contrato de Londres.
As origens têm feito o que podem para achar alguma solução para a época de vacas magras, como, por exemplo, o Vietnã sinalizando a intenção de processar a maior parte do café produzido no país para gerar valor agregado, ou a Colômbia liberando mais recursos aos seus produtores.
No Brasil, o aumento do preço mínimo do arábica para R$ 362,53 e do conilon para R$ 210,13, valores referencias para políticas de financiamento, traz à luz também números a serem comparados com o café negociado nas principais praças, sugerindo maior espaço de queda para o último do que para o primeiro.
No destino tivemos a divulgação dos estoques no Japão em janeiro (2.66 milhões de sacas), levemente acima dos 2.6 milhões de dezembro e abaixo dos 3.01 milhões de janeiro de 2018.
Os estoques certificados da bolsa de Nova Iorque encontram-se agora no mais alto nível desde julho de 2014. Isto, juntamente com os juros baixos, com a estrutura do mercado (spread) larga e a sensação de disponibilidade confortável, são fatores que pouco ajudam o terminal a subir.
Como nem tudo é má notícia, se considerarmos a desvalorização do Real na semana, NY até que segurou relativamente bem, e ainda que a figura técnica esteja longe de causar uma mudança de tendência, alguma cobertura de especuladores pode ocorrer no curto prazo.
Uma ótima semana e bons negócios a todos.
***Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting. As informações são da Fonte: Archer Consulting – Assessoria em Mercados de Futuros, Opções e Derivativos Ltd