Por Marcelo Fraga Moreira*
O contrato julho/2020 ficou a semana passada toda, de 22 a 26 de junho, praticamente dentro do mesmo intervalo da semana passada (máxima/mínima de 97,55/93,45 centavos de dólar por libra-peso, fechando a semana a 95,65 centavos de dólar por libra-peso). No dia 24, o mercado criou expectativas que poderia ocorrer uma alta nos preços voltando a negociar acima dos 100 centavos de dólar por libra-peso com a proximidade do vencimento do contrato julho/2020 e valorização do Real. Porém, o Real voltou a desvalorizar e os fundos voltaram a vender (adicionando mais 3,516 lotes no lado vendedor), aumentando a posição vendida para -27.669 lotes.
O Real voltou a ser o destaque da semana junto com o cenário político doméstico e piora do quadro mundial iniciando a semana valorizando +3,45% (saindo de 5,3180 para 5,1347 R$/usd) para, em seguida, desvalorizar -6.98% e fechar a semana a 5,4604 R$/usd (prisão do Queiroz, declarações dos presidentes da Câmara dos Deputados e Senado contra as medidas do governo, e a mídia seguindo na tentativa de desestabilizar o governo). No final, na semana o café julho/2020 valorizou +2,02% e o Real desvalorizou -2,68%.
Apesar de nova frente fria no final de semana os modelos climáticos estão descartando o risco de geadas para os próximos 10 dias. Previsão da temperatura é oscilar entre mínima/máxima 5-18 graus no Paraná, São Paulo e sul de Minas Gerais e entre 10-24 graus nas demais regiões produtoras!
A colheita segue avançando com 30/35% já colhido, com alguns atrasos pontuais. Na próxima semana deveremos ter novos atrasos em função das chuvas previstas para as regiões produtoras no estado de São Paulo e Minas Gerais.
Nos demais países produtores o clima segue positivo com chuvas pontuais ocorrendo na América Central, África (Etíopia, Uganda, Kenya e Tanzania), Vietnam, Indonésia e Índia, favorecendo as próximas safras. Desta forma, as previsões do USDA para safra 2021/2022 com superávit de 8 milhões de sacas deverá ocorrer. Seguimos baixistas no médio/longo prazo, ficando atento a eventual risco de geadas até final de julho/2020 no Brasil.
O contrato com vencimento setembro/2020 (U20) fechou cotado a 96,65 centavos de dólar por libra-peso e apresenta suporte nos 92,00 centavos de dólar por libra-peso e resistência de 104,50 centavos de dólar por libra-peso.
O contrato com vencimento julho/2021 fechou cotado a 103,60 centavos de dólar por libra-peso e apresenta suporte nos 100,10 centavos de dólar por libra-peso e resistência de 111,30 centavos de dólar por libra-peso.
No curto prazo, sugerimos a proteção contra eventual alta comprando o “Call-Spread” (compra e venda simultânea da opção de Compra com strike mais baixo vendendo a opção com strike mais alto) no setembro/2020 de 100,00 x 115,00 centavos de dólar por libra-peso vendendo a Put (opção de venda) de 85,00 centavos de dólar por libra-peso no dezembro/2020.
Para safra 2021/2022 sugerimos a proteção contra novas baixas comprando o “Put-Spread” (compra e venda simultânea da opção de Venda com strike mais alto vendendo a opção com strike mais baixo) no Julho/2021 de 105,00 x 90,00 centavos de dólar por libra-peso e vendendo a Call (opção de Compra) de 117,50 centavos de dólar por libra-peso no julho/2021 junto com hedge cambial (essa operação, considerando o câmbio no Julho-21 @ 5,60 R$/usd representa uma venda ao redor dos 690 R$/saca e um piso a 590 R$/saca (desde que o contrato liquide no vencimento das opções no julho/2021 acima de 90 centavos de dólar paro libra-peso).
Produtores fiquem atentos e aproveitem as oportunidades para garantir preços mínimos para safra 2021/2022 e 2022/2023. Dias ainda incertos pela frente!
Boa semana a todos!
*Marcelo Fraga Moreira atua há mais de 30 anos no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting