Por Artur José Lima Guedes, Maurício Antônio de Paula Santos, Joana Caroline D’arc de Oliveira, Brener Lorenzon Botega - Graduandos em Agronomia pela Universidade Federal de Lavras – UFLA.
Introdução
Desde a chegada ao Brasil, em 1727, o café vem se consolidando como uma das principais commodities nacional e com relevante importância mundial. Desta forma, atualmente o País é o maior produtor e exportador de café no mundo e com tendência de aumento devido à grande adesão dos agricultores à cultura.
Com o aumento do consumo de café no mundo, cresce também o número de apreciadores e degustadores da bebida, com isso, se faz necessário à adoção de novas tecnologias visando aumentos cada vez maiores na produtividade das lavouras de café.
O elevado custo de produção, associado à baixa produtividade da lavoura se mostram como os principais fatores de evasão dos cafeicultores para outro ramo. Neste sentido, alguns destes fatores contribuem para a redução da produtividade e consequente aumento no custo e redução da lucratividade, como as pragas, doenças, plantas daninhas, entre outros.
O problema com plantas daninhas é um dos fatores limitantes na produção cafeeira, chegando a causar cerca de 77% de perdas na produtividade, isto pela competição com a cultura por fatores essenciais ao crescimento e desenvolvimento da cultura, como água, espaço, nutrientes, luz e temperatura.
Para solução desse problema pode se fazer o controle químico, com herbicidas, também por meio do controle físico, utilizando-se cobertura vegetal ou o mulching, o método cultural, por meio de variações na adubação ou espaçamento, o método biológico, por meio, principalmente da alelopatia e o método mecânico por meio de roçadas.
Entre essas tecnologias, é possível apontar o uso do mulching que apresentam grande importância no que diz respeito ao manejo do mato, pois o mesmo pode trazer inúmeros benefícios à planta.
Mulching
O mulching já vem sendo utilizado há muito tempo em outras culturas e recentemente passou a ser utilizado na cafeicultura, pois interfere no microclima do solo, aumenta a matéria orgânica, mantém a umidade, reduz o custo com mão de obra, reduz a amplitude térmica e diminui drasticamente o surgimento de plantas daninhas.
Esta tecnologia consiste na implantação de um filme plástico na linha de plantio do cafeeiro com função de formar uma barreira física na superfície do solo, protegendo de condições adversas e dando uma condição ideal para o crescimento e desenvolvimento da planta.
Além disto, pode ser encontrado diferentes tipos de mulching, como o preto, prata e branco, cada qual com suas particularidades. O de cor preta geralmente absorve o calor do sol, criando uma camada com uma temperatura elevada que pode atrapalhar o desenvolvimento das plantas. Já o mulching branco, devido a sua reflexibilidade atua muito bem na dispersão da luz protegendo contra fungos, e auxiliando no crescimento da planta. E por fim, o mulching prata, que atua de forma semelhante ao branco, refletindo a luz e ajudando na manutenção da temperatura do solo. Relatos dizem da habilidade do mulching de cor prata como repelente para algumas espécies de insetos.
Instalação
Deve-se tomar cuidado ao implantar o mulching na lavoura, pois o mesmo é um tipo de plástico e pode se romper com a falta de cuidado ao manuseio. Além disso, pode ser obtido com os furos indicando o local de inserção das mudas, e também sem furos, devendo estes ser feitos na hora da implantação.
Sua instalação pode ser feita na hora do plantio, com a utilização de um implemento de arrasto, que vai desenrolar o plástico na linha de plantio. E quando já se tem os furos no mulching, é só vir colocando a muda no local indicado. Porém, quando não há os furos, é indicado que o mulching seja colocado logo após o plantio, onde posteriormente são realizados os furos visando a “liberação” das mudas.
Benefícios
Dentre os benefícios inerentes ao uso do mulching podemos citar alguns fatores como: otimização da água no solo, menor compactação, diminui a amplitude térmica, favorece o crescimento mais rápido e uniforme das plantas, diminui o impacto das chuvas, impede o crescimento de plantas invasoras.
Um ponto interessante é a substituição da capina, que na maioria das vezes é realizada manualmente em cafeeiros jovens, por este filme plástico, impedindo o crescimento de plantas invasoras ao redor da muda. Com isso a muda do café, não terá concorrência com as plantas daninhas assegurando seu desenvolvimento pleno.
Quando em desenvolvimento inicial e com a presença de capinas manuais por meio de enxadas, são frequentes lesões nos ramos dos cafeeiros pela falta de técnica dos trabalhadores pelo contato da ferramenta com a planta.
Desvantagens
Porém há alguns entraves no uso do mulching, sendo eles: Alto investimento inicial na sua plantação, pois é a fase onde o produtor investirá em maior quantidade. E o principal é a dificuldade na adubação da lavoura, pois o plástico impede que o fertilizante seja depositado próximo às raízes.
Atualmente, o custo para implantação deste sistema fica em torno de R$ 2000, 00.ha-1, variando conforme fornecedor, espessura, coloração, largura do plástico e espaçamento da lavoura.
Conclusão
É importante compreender que, com o emprego desta tecnologia o uso de herbicidas na sua lavoura será muito reduzido, fazendo com que o produtor tenha seu custo de produção otimizado, podendo reverter estes valores à adoção de outras técnicas visando o aumento da produtividade.
Além disso, a falta de conhecimento e informação dificulta a comercialização do produto. Razão essas, vem trazendo muito debate ao uso desse produto ao cafeicultor. Pesquisas estão sendo feitas para analisar a questão fisiológica e também a produtividade da lavoura com a utilização desse método.
Figura 1. Área de plantio de café com a utilização do mulching.
Fonte: Georgia Alvim, 2015
Figura 2. Área de plantio de café com a utilização do mulching de coloração prata.
Fonte: Correio de Uberlândia, 2015.
Figura 3. Plantas de café em fase de produção (24 meses) com a utilização do mulching.
Fonte: Dos Autores, 2018.