Por Igor Lapa*
Segundo a Agência Nacional das Águas (ANA), o estado do Espírito Santo, além de ser o maior produtor de canéfora (conilon/robusta) e mamão do Brasil, agora oficializa a sua posição como o estado com maior área irrigada de café do país.
Mesmo sendo um estado em que, ocasionalmente, os níveis de pluviosidade anuais não são suficientes para atender as demandas hídricas da lavoura, o Espírito Santo possui índices de chuva mais elevados do que muitos outros estados do Brasil. Isso mostra o quanto os produtores deste Estado são receptivos para novas tecnologias e já entendem que a irrigação é algo essencial para assegurar a produção e incrementar produtividade.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no relatório de safra de café 2021, nos últimos 18 anos houve redução da área cultivada do canéfora, mas isso não reduziu a produção desse café no país. Pelo contrário, a produção que era aproximadamente 8 milhões de sacas foi para pouco mais de 15 milhões de sacas e a produtividade média saltou de 20 sc/ha para 40 sc/ha. Esse efeito é conhecido como verticalização de produção, produzir mais em menor área cultivada. Tecnologia, genética e irrigação são os fatores que permitem esse resultado.
O Espírito Santo apresenta de 80 a 90% de sua área irrigada por sistemas localizados (gotejamento e microaspersão) e as médias de produtividade das áreas irrigadas do estado são de aproximadamente 90 sc/ha. A metodologia de trabalho do produtor capixaba deu tão certo que está sendo replicada em outras regiões do Brasil. Exemplo disso é a região do extremo sul da Bahia, que compreende da divisa do Espírito Santo até o município baiano de Eunápolis, região essa que já apresenta mais de 70 % das áreas irrigadas por sistemas localizados.
Os sistemas de irrigação localizados, principalmente o gotejamento, são os responsáveis diretos por alavancar o nível agrícola do estado do Espírito Santo. A irrigação por gotejamento apresenta maior eficiência do uso dos recursos hídricos e assim como o conceito de verticalizar produção ela possui o principal objetivo de produzir mais usando menos água. A receptividade da tecnologia, a vontade de inovar e a coragem de quebrar paradigmas do produtor capixaba são exemplos que estão sendo seguidos cada vez mais por produtores de todo o Brasil.
*Igor Lapa é especialista Agronômico da Netafim Brasil.