Por Marcelo Fraga Moreira*
A semana passada, de 17 a 21 de agosto, começou tensa com rumores da saída do Ministro Paulo Guedes e com as previsões climáticas no Brasil assustando o mercado - por um lado chuvas em excesso em Minas Gerais e do outro lado o receio com o longo período de estiagem prolongado em outras regiões já “afetando” o desenvolvimento das lavouras para a próxima safra 2021/2022; antecipação da florada em algumas regiões; e a entrada de massa de ar polar com risco de neve e geadas podendo atingir o norte do Estado do Paraná e o sul de São Paulo e Minas Gerais).
Com essas mudanças meteorológicas, os fundos voltaram a forçar o mercado para novas máximas apoiados pelas expectativas climáticas acima e tentaram romper a resistência da média móvel dos 50 dias na região dos 124-125 centavos de dólar por libra-peso em dezembro/2020. Rompendo essa resistência a tendência segue sendo de alta, com o mercado podendo voltar a buscar as máximas do ano passado na faixa dos 140 centavos de dólar por libra-peso.
Infelizmente, para muitos, a partir do período da tarde da quarta-feira (19/08) o Real foi o grande destaque da semana desvalorizando -1,98% e na quinta-feira (20/08) novamente - 2,56%, atingindo a máxima da semana 5,6727 R$/usd, após o Senado brasileiro ir contra o Presidente em relação ao veto de aumento dos gastos públicos colocando em risco a política econômica do atual governo. Apesar do Banco Central entrar no mercado nos 2 dias com leilões para tentar acalmar os ânimos, mesmo assim o Real terminou a semana cotado a 5,6193 R$/usd!
Com o volume de contratos reduzidos na bolsa de Nova York e a desvalorização do Real, o mercado não encontrou forças nesse momento para romper a forte resistência da média móvel dos 50 dias no dezembro/2020 (125,60 centavos de dólar por libra-peso), e terminando a semana novamente beirando a segunda grande resistência da média móvel dos 200 dias de dezembro/2020, 118,40 centavos de dólar por libra-peso (essa semana a média de contratos diária ficou em apenas 43.200 lotes x 89.800 lotes na semana anterior, e na sexta-feira foram negociados apenas 28.655 lotes).
A amplitude dos preços em dezembro/2020 entre quarta-feira (19/08) e sexta-feira (21/08) foi de 785 pontos (máxima de 123,85 e mínima de 116,05 centavos de dólar por libra-peso)!!!
Seguimos com nossa visão “positiva” e “negativa” ao mesmo tempo para o mercado, com as seguintes considerações:
– “Positivas”: Curto prazo: Fundos! Se os fundos voltarem com apetite nessa semana para aumentar a posição comprada para +25-30.000 contratos, e se o Real voltar a valorizar para 5,40-5,25 R$/usd, aliados ao volume reduzido dessa semana, poderemos ver o mercado voltar a valorizar 2-3.000 pontos. Nesse caso, momento ideal para os produtores seguirem fixando safra 2021/2022 e 2022/2023;
– “Negativas”: Se os fundos começarem a liquidar a posição atual, fazendo o mercado voltar a negociar abaixo da média móvel dos 200 dias (em dezembro/2020 118,40 centavos de dólar por libra-peso) acreditamos que o mercado poderá testar novamente os 105-100 centavos de dólar por libra-peso. Mesmo com Real acima dos 5,00 R$/usd e com custo de produção brasileiro estimado entre 400-450 R$/saca, o cultivo de café segue extremamente rentável, e os tratos e a expansão de novas áreas no Brasil continuarão ocorrendo.
Desta forma, seguimos com as seguintes sugestões:
– Para os produtores/cooperativas que estiverem com a posição “vendida” nas corretoras, sugerimos realizar imediatamente a fixação das vendas (a troca da posição de futuros com as tradings/clientes de destino final), e assim evitar o risco de chamada de margem;
– Realizar a compra do PUT-Spread 125 x 100 centavos de dólar por libra-peso vendendo a Call de 135,00 no setembro/2021, e fixando o Real futuro (NDF) acima de 5,70 R$/usd, garantindo uma remuneração entre 700-800 R$/saca (dependendo dos descontos oferecidos pelas tradings);
– E como sempre, atenção com as operações alavancadas, com os acumuladores, com as estruturas que “aparecem/desaparecem/dobram” tanto para PRODUTO quanto para CÂMBIO.
Boa semana a todos!
** “Put-Spread” = compra e venda simultânea da opção de Venda com preço de exercício mais alto vendendo a opção com preço de exercício mais baixo);
*** “Call” = opção de Compra
*Marcelo Fraga Moreira atua há mais de 30 anos no mercado de commodities agrícolas e escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.
As informações são da Archer Consulting – Assessoria em Mercados de Futuros, Opções e Derivativos Ltd.