Por Rodrigo Costa*
Os mercados descontaram a precificação de um acordo entre os Estados Unidos e a China, após Trump aumentar tarifas de importação e ameaçar incluir novos itens na pauta. A estratégia tem de ser bem estudada para não causar uma queda de crescimento no país e ser impopular, justamente quando o presidente tenta preparar o campo para ser reeleito em 2020.
Ativos de risco foram vendidos com as bolsas de ações acumulando a pior performance semanal no ano, e o CRB escorregando com perdas acentuadas do algodão, dos grãos e do açúcar.
O café ficou pressionado com a queda forte de Londres, que abriu espaço para Nova Iorque fazer uma nova mínima – dentro da ideia mencionada aqui da arbitragem, tirando, no caso, suporte para o arábica.
O robusta na sequência recuperou bem, parcialmente ajudado pelo apetite dos comerciais, mostrando interesse de compra próximo de US$ 1250 por tonelada e forçando alguma recompra dos especuladores.
Os diferenciais firmes de Uganda, Indonésia e Vietnã, em teoria, deveriam mesmo prevenir novas baixas do contrato Londrino, entretanto, quem apostou no basis imaginando que o “C” fosse em algum momento subir só se deu mal nos últimos anos.
A sustentação ainda parece improvável, primeiro pela percepção da boa disponibilidade da variedade, depois por causa das fixações represadas de produtores e por último em função do excedente exportável do conilon ter como destino o terminal.
O arábica também sofre de males parecidos, estoques confortáveis e necessidade de venda das três principais, origens, mais ainda das duas maiores que estão em período de colheita.
No Brasil, as exportações de abril totalizaram 2.975.057 sacas e com revisões para cima dos últimos meses, incluindo dezembro, que ficou em 4.001.029 sacas, rompendo pela primeira vez a casa dos 4 milhões.
Mantendo a toada, provavelmente os embarques do ano-safra atual ficarão acima de 40 milhões, e o pior é que muitos ainda reportam existir bastante café nos armazéns.
A Colômbia informou que o seu parque produtor de café já está diminuindo por causa dos preços praticados atualmente. O presidente da FNC falou para as agências de notícias que 40 mil hectares de área de café estão sendo convertidas para outras culturas.
A esperança fica por conta do Real. Se a reforma da presidência for mesmo aprovada ainda neste semestre, a moeda pode firmar, ajudando Nova Iorque a não cair mais, mas pouco ajudará os produtores brasileiros.
O relatório dos comitentes divulgado pelo CFTC demonstrou um apetite grande dos comerciais em continuar comprando contratos futuros, nada mal para os que achavam que a necessidade de cobertura ficaria mais fraca – dada a queda continua dos preços.
Os fundos, por outro lado, venderem pouco para o tanto que o mercado caiu, e como recompraram algo nas duas últimas sessões, necessitam ver o contrato de julho sustentar e ir acima de US$ 95.00 para então desencadear novas coberturas.
Uma ótima semana e bons negócios a todos.
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
Fonte: Archer Consulting – Assessoria em Mercados de Futuros, Opções e Derivativos Ltda