José Roberto Sevieri*
Muda de café, assim que desponta da terra, são duas folhinhas. No Sul de Minas, são chamadas de "orelha de onça". Delicadas, pedem mãos dedicadas de homens e mulheres engajados na evolução saudável da lavoura.
Mãos que transplantam, replantam, adubam, desbrotam, carpem, podam e colhem os grãos, quando maduros. Secam, limpam, ensacam, torram e embalam para o consumidor final. Quantos negócios acontecem, depois de um prosaico vamos tomar um café comigo...
Originária do oeste africano, o nome café tem origem árabe. Planta era conhecida como Kaweh e a bebida Kahwah, que significa força. Já no Brasil, origem do café encontra-se no século XVIII. As primeiras mudas foram plantadas nos idos de 1720, na província do Pará.
Rapidamente, percebeu-se que não era o clima mais propício para a adaptação e cultivo. Minas, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná tornaram-se referência. Não por acaso, entre 1800 e 1930, o café pautou a economia do país. Atraiu migrantes europeus, especialmente italianos. E sustentou o surgimento dos lendários barões do café.
Na antessala da Forcafé, que se realiza em Lambari (MG) entre 26 a 28 de Abril, enquanto realizador do evento por meio da Proma Feiras, inevitável refletir sobre a presença do café na vida da gente. Por um lado, a evolução formidável dessa atividade econômica, que se reinventa por meio de tecnologia, aprimoramento genético e elevação da produtividade.
Por outro, a presença relevante do café na nossa gastronomia – de manhã, à tarde e à noite. O grande Manoel Bandeira, no seu poema Locomotiva, eternizou: “Café com pão/Café com pão/Café com pão. Virge Maria! Que foi isto, maquinista?” No caso, é uma onomatopeia do som do trem de ferro a vapor... que ficou entranhado no subsolo da gente.
Impressionante o trabalho dos pesquisadores, mestres torradores, baristas e degustadores. Tecnologia de rastreamento, que vai do tipo de solo e localização geográfica do cafeeiro e certifica a bebida pura de origem. Tudo para proporcionar o prazer singular de servir e sorver um café reconfortante.
Aos leitores dessa breve conversa sobre nosso companheiro, que nos oferece olor e sabor, um convite irrecusável: vamos tomar um café?
*José Roberto Sevieri é fundador e CEO da Proma Feiras.