Por Rodrigo Costa*
O S&P500 e o Nasdaq fizeram altas históricas consecutivas nesta semana após mais um corte de juros pelo banco central americano e uma forte criação de trabalhos no mês de outubro.
O investidor não deu importância à aprovação das regras que definem os próximos passos do processo de impeachment de Donald Trump pela câmara dos Estados Unidos e segue focado nos resultados corporativos que continuam a ser divulgados.
A expansão da atividade de manufaturados na China, no mês de outubro, surpreendeu positivamente, atingindo o mais alto patamar desde fevereiro de 2017, animando os mercados por ocorrer mesmo após o incremento de tarifas e dando fôlego para as commodities subirem acentuadamente na sexta-feira (01).
O café arábica teve a segunda melhor performance entre os componentes do CRB durante a semana, resistindo às baixas pontuais em algumas sessões para então romper indicadores técnicos que atraíram mais cobertura da posição vendida dos fundos.
Chuvas de granizos em algumas áreas produtoras brasileiras, um outubro com precipitações abaixo da média histórica e declarações de disponibilidade reduzida da maior cooperativa de café do mundo também deram um suporte às cotações.
O momento pode promover uma continuação da alta, assustando os participantes que estão vendidos em calls (opções de compras, que vencem no dia 8, fim da semana que se inicia) e aos baixistas mais agressivos que montaram suas posições abaixo dos níveis atuais de preço.
Para os comerciantes de café, a melhora da disponibilidade da principal origem favorece a necessidade de cobertura e a manutenção das cotações do terminal vai contribuir para o aumento do fluxo aguardado da Colômbia e América Central agora em novembro.
Quanto às chuvas no cinturão produtor brasileiro, já estão caindo enquanto escrevo este comentário e os prognósticos são positivos para os próximos quinze dias.
O risco Brasil diminuindo com a principal reforma aprovada (da previdência) em um cenário de expansão monetária dos países ricos, trouxe revisões de bancos internacionais para o potencial de recuperação econômica do país.
O trabalho de Paulo Guedes, assim como de Tarcísio Freitas, do Ministério de Infraestrutura, e de outros técnicos capacitados do governo, vem sendo feito diligentemente de forma inteligente, aproveitando enquanto os meios de comunicações focam nas controversas declarações que os filhos do presidente insistem em fazer assim e no tumulto que parte da imprensa cria o máximo que pode para o atual governo – que tem facilidade em se inflamar, verdade seja dita.
Com este pano de fundo, uma maior apreciação do Real pode ajustar os preços do contrato “C” e os produtores de café têm estado atentos às oportunidades que o mercado tem dado, seja garantindo trocas futuras ou fixando as safras que colherão, muito embora os juros menores internos tenham diminuído as cotações futuras do dólar.
Os diferenciais firmes sempre foram usados como indicador de tendência para o flat-price, mas há vários anos falharam em ajudar o posicionamento dos participantes, os quais se machucaram bastante e cautelosamente adicionaram elementos em suas análises – como a influência macroeconômica, muito mais importante.
Uma contínua alta do CRB, novas quedas do índice do dólar e Nova Iorque segurando acima da média-móvel de duzentos dias (103.50) devem ser observados para prover suporte e tentar levar as cotações acima dos US$ 110,00 centavos por libra.
Um fechamento abaixo de 101,75 renovará as intenções de vendas levando o mercado a testar a parte baixa do intervalo de 90 a 110 centavos que estamos acostumados.
Uma ótima semana e bons negócios a todos.
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting