Tradicionalmente, o Conselho Nacional do Café (CNC) evita dar aos produtores orientações com relação ao mercado. No entanto, em razão de constantes publicações antecipadas referentes ao volume da safra (ciclo 2021/2022) – sendo que as opiniões dos especialistas são as mais diversas e contraditórias – vemos que os produtores estão com dúvidas em relação ao que seria mais vantajoso ou seguro.
Diante de tantos comentários colocados em revistas especializadas por parte de consultores e traders sobre o preço futuro do café, compete ao CNC não entrar no mérito quanto às decisões dos nossos produtores. Entretanto, não podemos deixar de manifestar que os volumes colocados no mercado são os mais especulativos, sendo que isso é muito bom apenas para o comprador e péssimo para nossos cafeicultores (que se veem em uma indefinição com relação a tantas opiniões).
As previsões são as mais diversas, indo desde 48 milhões de sacas até quase 70 milhões de sacas produzidas na safra corrente. Os números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam uma produção de 38.783,9 (milhões de sacas de 60Kg) de café arábica e 16.959,2 (milhões de sacas de 60kg) de café conilon, o que representa uma previsão total de 55.743,1 milhões de sacas. São esses os nossos números.
Temos trabalhado sempre com os números da Conab, que são os que mais se aproximam da realidade. No entanto, fomos surpreendidos com os números levantados e publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apresentou um volume a ser colhido divergente do que foi anunciado pela Conab.
Após longas discussões dentro do nosso Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e no Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), criamos um comitê especial para tratar das estimativas de safra e estoque de passagem. Tivemos ontem (18/04) a primeira reunião do grupo de trabalho (foto), tendo a iniciativa privada – que compõe o CDPC – representação por todas as instituições que fazem parte deste conselho.
Estamos buscando informações através de metodologias a serem criadas que possam refletir a realidade das safras de café do Brasil. E acreditamos que esse comitê, juntamente com a Conab, possa desenvolver uma metodologia que venha evitar os efeitos especulativos de um mercado totalmente volátil. Junto a isso, aprovamos um orçamento recorde de 6,058 bilhões em diversas linhas:
Mais uma vez, o orçamento do Fundo de Defesa da Política Cafeeira (Funcafé) será recorde, atingindo um valor global de R$ 6,058.500.000 bilhões. As linhas atendidas e seus respectivos valores propostos ao Conselho Monetário Nacional (CMN) são:
Comercialização – R$ 2,170.500.000 bilhão;
Custeio – R$ 1,573.000.000 bilhão;
Financiamento para Aquisição de Café (FAC) – R$ 1,380.000.000 bilhões;
Capital de giro – R$ 775.000.000 milhões;
Recuperação de cafezais danificados – R$ 160.000.000 milhões.
Esse é um dos importantes papéis do Funcafé, uma forma de organizar e liberar os recursos através de nossas cooperativas de crédito e de agentes repassadores do fundo, no momento em torno de 35. Esse valor poderá dar a sustentação necessária para que nossos cafeicultores comercializem seus cafés no mercado, em momento propício, obtendo renda digna ou próspera, possibilitando assim, que eles continuem sua atividade como produtores de café. Por fim, contamos nesse processo com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e com nossas cooperativas que são a base de apoio para nossos produtores.