Por Rodrigo Costa*
Os Estados Unidos dizem estar perto de finalizar a primeira parte do acordo comercial com a China e os resultados das empresas no terceiro trimestre em geral tem sido melhores do que esperado, levando os preços a uma nova máxima histórica e o S&P500 estando bem próximo de romper a alta de julho – também recorde.
O presidente Trump tem se rendido à estratégia chinesa, que prolonga o quanto pode um acordo total, talvez imaginando em um resultado adverso nas eleições do ano que vem podendo reverter a pressão do governo atual.
As prometidas importações de produtos agrícolas americanos em equivalentes US$ 40 a 50 bilhões de dólares, pela China, agora parecem só voltarem à mesa caso as tarifas aumentadas sejam diminuídas e nenhum incremento aconteça em dezembro – ou seja, estão claramente ganhando tempo.
A aprovação da reforma da previdência pelo senado deu fôlego ao Real, com o dólar voltando abaixo de R$ 4.00 pela primeira vez desde 19 de agosto.
Um fortalecimento maior da moeda brasileira pode ficar comprometido com os protestos no Chile e principalmente com as eleições na Argentina ontem, a derrota de Macri pode trazer uma pressão para os mercados emergentes e respingar no Brasil.
O café arábica respondeu à apreciação do Real encerrando a semana (21 a 25 de outubro) com ganhos de US$ 3.55 centavos por libra-peso, um fechamento tecnicamente positivo na sexta-feira (25/10).
Londres acompanhou o movimento e ao mesmo tempo que podemos esperar uma pressão vendedora menor após o começo do período de entrega do contrato de novembro, a chegada da safra Vietnamita e diferenciais de Indonésia próximos de seu competidor devem limitar um eventual entusiasmo.
No Brasil as chuvas irregulares dividem o sentimento, com uma parte do mercado estando cauteloso em ficar negativo nos atuais patamares, principalmente caso as chuvas não sejam boas, e outra parte vendo a subida do terminal como uma boa oportunidade de venda.
O fluxo de negócios deve aumentar com a colheita geral se aproximando nos países da América Central e Colômbia e embora os preços estejam machucando produtores de Honduras, Nicarágua, El Salvador e Peru, entre outros, a falta de alternativa acaba não deixando os agentes otimistas para uma virada do terminal.
Outro ponto desfavorável, recentemente, foi os estoques no destino terem subido depois de uma temporada de exportações elevadas que fizeram muitos revisarem suas estimativas de desaparecimento – talvez seja cedo tocar neste ponto, haja vista que o pico de consumo acontece de agora em diante.
Para o curtíssimo prazo podemos ver Nova York subir um pouco mais se o dólar não fortalecer acentuadamente e caso mercado de opções esteja errado, pois as volatilidades implícitas não reagiram à puxada do terminal – sinal de que muitos não acreditam no movimento.
Também para médio-prazo, digamos, a partir de julho de 2020, acho que o mercado é positivo, pois acredito que é quando veremos a virada da tendência, ou seja, momento em que o contrato “C” pode parar de cair e começar a subir.
Digo isto pois, na minha opinião, é quando os agentes começarão a levar em consideração o ciclo de baixa de produção brasileira (para 2021/2022) e o impacto da queda de produção dos suaves será finalmente sentido, depois do terminal ter ficado tanto tempo abaixo (ou muito próximo) de US$ 1.00 por libra.
Daqui até lá provavelmente não iremos a lugar nenhum, do ponto de vista de preço, salvo se os investidores internacionais ficarem animados pelos ativos brasileiros baratos, apesar do país ter uma democracia que insiste em revisar leis favoráveis a tornar impunes aqueles que tem recursos para postergar infinitamente suas condenações – triste realidade.
Uma ótima semana e bons negócios a todos.
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting