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Carta aberta à presidente Dilma: produtores rurais de Cabo Verde - MG

ESPAÇO ABERTO

EM 11/07/2013

4 MIN DE LEITURA

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Por Jerônimo Giacchetta, Presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Cabo Verde - MG e Vice-Presidente da Faemg - Federação da Agricultura de Minas Gerais.

 A Miséria do café em um país que esperamos sem pobreza

Os produtores rurais de Cabo Verde, por meio de seu sindicato rural, vem diretamente através desta carta e pela mídia relacionada ao café, lhe expor algumas verdades:

1- Que o cafezinho tomado pelo consumidor brasileiro e mundial está cada vez mais parecido com os diamantes brutos extraído dos países africanos, banhado em suor e sangue daqueles que teimam em produzir e vender abaixo dos custos de produção por falta de alternativa. Com uma diferença, aqui no Brasil a exploração é feita dentro da legislação em vigor.

Veja o exemplo: o pequeno produtor de café, que se diz ter um custo menor, não tem FGTS, nem 13° salário, nem recebe pelas horas extras porque trabalha bem mais de 8 horas por dia, não tem garantias de aposentadoria, embora contribua com 2,3% da produção para o INSS. Sem contar ainda que ele perde sua força de trabalho muito mais cedo porque trabalha sem nenhum equipamento de proteção e trabalha de sol a sol para garantir sua sobrevivência.

A conta é simples:

Ex.: 1 produtor muito eficiente que ainda conseguisse vender sua safra a R$ 300,00 e ganhasse por exemplo R$ 30,00 se o seu custo fosse 270,00 que não é, mas façamos as contas pensando que é. Um produtor pequeno para fazer todo o trabalho só com a família colhe em média 200 sacas de café entre ano bom e ano ruim de produção. Se ele obtiver R$ 30,00 de lucro por saca ele teria R$ 6.000,00 de lucro ao ano em média. Se você dividir por 12 meses teremos R$ 500,00 por mês e para toda a família, bem abaixo do salário mínimo vigente no país e contrariando a constituição federal no que diz que ninguém deve ganhar menos que o salário mínimo em território nacional.

Está aí criado um contingente de miseráveis rurais, que não têm outra alternativa a não ser continuar produzindo, ainda que eles possam ser essenciais na ocupação espacial rural, não estejam nas cidades inflando problemas insolúveis e ainda mantêm suas famílias com as dificuldades geradas por quem mora no campo de se conseguir escolas, transitar em épocas de chuva e se alinhar com as tecnologias de ponta para preparar seus filhos para o futuro. Para estes, o Brasil sem miséria vira as costas, eles não possuem bolsa família e nem nada parecido. Só possuem a força de trabalho, que como é sabido também acaba logo cedo, diferente de alguém que trabalha em escritório ou serviço urbano protegido pelos telhados.

É preciso mostrar ao consumidor brasileiro e mundial que o café que ele bebe, com prazer, nas áreas urbanas, carece de sustentabilidade econômica e social. Considerando-se que é moda no nosso país a teoria do domínio do fato, então todos estão incorrendo em crime porque estão consumindo um produto que não tem sustentabilidade, nem econômica e nem social, contribuindo para a marginalização de toda uma sociedade rural, com a chancela governamental.

2 - Que quando o governo coloca o preço mínimo do café em R$ 307,00, abaixo dos custos de produção indicados pela Conab, empresa do próprio governo, que eram de R$ 336,00, o governo está oficializando a prática de dumping no seu sentido mais básico, no mercado internacional do café e no sentindo mais amplo está praticando dumping social no momento em que os cafeicultores, vendendo abaixo do custo, não tem condições de manter as condições mínimas de produção.

3 - Que nos últimos 20 anos estamos entregando dentro da matéria prima café, o suor, a esperança, a alegria e sobretudo a renda dos cafeicultores ao mercado internacional.

4 - Que é prerrogativa dos agentes de governo garantir, através de políticas públicas e juntamente com os empresários, a competitividade do Brasil e a geração do emprego e da renda.

5 - Que as propostas de melhoria construídas pelo setor, inclusive as vezes a pedido do próprio governo, simplesmente não se tem respostas, nem positivas e nem negativas.

Senhora Presidenta da República, não é para criticar o seu governo ou qualquer outro, porque para nós tem sido igual o tratamento já há muitos governos, que escrevemos esta carta aberta.

É simplesmente para mostrar uma realidade que seja enfrentada, queremos sobretudo ser ouvidos e também orientados porque confiamos na sua capacidade de articular soluções políticas e econômicas para os problemas de nossa classe. Precisamos de respostas do governo, sejam positivas ou negativas. Temos, através de nossas representações no âmbito nacional, estadual e municipal uma pauta de reivindicações que queremos e precisamos que sejam apreciadas.

Presidenta Dilma, cansamos de falar e ouvir educadamente, que tudo está sendo analisado, porém nada decidido. Será que em um ou dois anos já não é suficiente para dizer sim ou não e dizendo não qual seria o caminho indicado pelo governo?

Pior ainda, se a situação está assim imagine quando começar a render frutos os investimentos feitos pelos países ricos na África onde ainda tem-se muito a explorar no que tange à pobreza e miséria humana. É um problema dos cafeicultores ou dos brasileiros?

Terminamos esta carta, presidenta, esperançosos de que ouça as vozes da cafeicultura e nos ajude a resolver um problema sério de sustentabilidade e manutenção de vida dos agricultores, que nos receba para discutirmos juntos as soluções, não queremos mais ministros, assessores, cafezinho e água de Brasília.
Queremos a sua interlocução direta e eficaz, como sempre foi, para definitivamente encaminharmos a contento a continuação da cafeicultura do Brasil.

Assinam esta carta, o presidente do nosso sindicato rural, representando nosso município e os produtores presentes na reunião de indignação que participamos.

Atenciosamente,

Sindicato dos Produtores Rurais de Cabo Verde - MG
Jerônimo Giacchetta*
Presidente

Confira abaixo entrevista de Jerônimo a respeito do tema, ao programa de TV 'Jornal Sul de Minas', concedida nesta quinta-feira, dia 11 de julho:




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JOSE RICARDO MORRESI

CURITIBA - PARANÁ

EM 26/07/2013

       O PROBLEMA SEMPRE ESTARÁ , NO QUANTO CUSTA FAZER PARA COMPETIR, SEJA  NA PRODUÇÃO, BENEFICIAMENTO, DISTRIBUIÇÃO, E COMERCIALIZAÇÃO, FALA-SE MUITO, MAS NÃO VEMOS PLANILHAS DE CUSTO DE PRODUÇÃO, BENEFICIAMENTO,DISTRIBUIÇÃO, COMERCIALIZAÇÃO, PARA SABERMOS EM % QUANTO CADA SETOR CUSTA REALMENTE, ORA SE PARA PRODUZIR CUSTA MAIS CARO DO QUE VENDER JÁ ESTAMOS NO VERMELHO, E OS OUTROS SETORES, POR FAVOR SE EXPLIQUEM, AFINAL A CADEIA PRODUTIVA INTERESSA A TODOS.

     OBS: CUIDADO, OS CUSTOS MUITO ALTO, DÃO MARGEM  A INVESTIDORES  INTERNACIONAIS, VIREM A SEREM  FUTUROS  DETENTORES E MANIPULAQDORES DO MERCADO MUNDIAL DE CAFÉ, JÁ TEMOS ISSO ACONTECENDO NO PETRÓLEO DO BRASIL.  CUIDADOOOOOOOO.
JOSE RICARDO MORRESI

CURITIBA - PARANÁ

EM 26/07/2013

      Agradecendo a oportunidade, tenho a relatar que, o governo faz o que é preciso para não perder  as comodites negociadas no mundo, e para tal, não perder a competitividade  no exterior, e também para não perder o equilíbrio na balança de exportação e importação,  o desequilíbrio gera prejuízo internamente, para ele , o governo, onde  não consegue pagar suas contas do dia a dia, nem dos precatórios, sejam estaduais, ou federais.  OBS: ESSA É A MANEIRA, OU MODELO, QUE O GOVERNO PRATICA  EM OUTROS SEGMENTOS DA PRODUTIVIDADE, OS ESCRAVOS LEGALIZADOS SOMOS NÓS, TRABALHAMOS A PREÇOS IMPOSTOS, SE NÃO QUIZERMOS FALIR, OU SAIR DO MERCADO.
VALDIR SEVERINO

VILA VALÉRIO - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 15/07/2013

Jeronimo,

A situação dos produtores de café não é muito diferente dos produtores agrícola de forma em geral neste país, logicamente não devemos cruzar os braços e esperar que o governo faça alguma coisa pelo pequeno produtor, creio que é hora de nós unirmos e lutar pelos nosso objetivos mas de forma inteligente, nenhuma sociedade consegue alcançar seus objetivos sem uma boa liderança, não existe neste governo nenhum representante de foto do produtor rural, creio que já passou da hora de nós organizar e nomear os nossos próprios representante. Em 2014 tem eleições neste país e o homem do campo bem informada pode fazer a diferença, só precisamos de um grade nome e uma melhor consciência política do homem do campo. Fica a dica para os mais bem intencionado e sensibilizado com o descaso com a questão dos pequenos produtores, um povo unido tem mais força.

Valdir Severino

Vila Veleiro-E/S.
MARCOS CARVALHO

CABO VERDE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 14/07/2013

Eu estava presente na reunião em que esta carta foi lida, todos os presentes aplaudiram convictos, o que esta escrito é a pura e dura realidade dos cafeicultores.



Marcos Carvalho  
EDUARDO MENDES GONÇALVES

POÇO FUNDO - MINAS GERAIS - INSUMOS PARA INDÚSTRIA, DISTRIBUIÇÃO E VAREJO

EM 13/07/2013

Muito bem colocado essas palavras, está claro que os preços que o governo propõe não condis com a realidade dos cafeicultores, lembrando também que a baixa remuneração pelo produto já está afetando direta ou indiretamente todos os tipos de mercado das regiões cafeeiras, enfim, como todos produtores que levantam de manhã para começar sua luta em meio ao frio com esperança de melhora, que atitudes sejam tomadas antes que suas esperanças se acabem.



att, Eduardo

Eng. Agrônomo
JERÔNIMO GIACCHETTA

CABO VERDE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 12/07/2013

Graziela,



Pode e deve replicar a carta para quem achar conveniente. Vamos espalhar nossa insatisfação e aumentar nosso exército em defesa da agricultura.



Agradeço os outros comentários também.
FLAMARION TENORIO DE ALBUQUERQUE

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 12/07/2013

Caro Jeronimo, sou solidário com os produtores desta e de todas as regiões do Brasil. Espero que a tua carta chegue ao menos nas mãos da Presidente, embora não creio que o Governo irá fazer algo em pro dos pequenos e médios agricultores deste pais. E mais fácil te dar uma bolsa gaz, um salario desemprego, e outros paleativos interessantes que ajudam a muitos que precisam e a muitos e muitos que verdadeiramente não precisam. É uma lastima ver tudo isto. Diante de uma vida miserável na fazenda só resta vender as terras para os ambientalistas transformar tudo em mata para que o povo da cidade possa respirar um ar mais sem fumaça do craque, maconha e outras porcarias que existem. Esta mais do que claro que o êxodo rural é o resultado do desprezo dos governantes por esta classe que vive realmente do suor do próprio rosto. Como disse, é melhor criar uma bolsa de qualquer coisa que por sinal quem vai pagar são os que vivem do próprio suor. Os Governantes imploram pelo diálogo, mas como vc disse, e sempre foi assim, um cafezinho, uma água,  um tapinha nas costas e uma promessa de que estudos serão feitos, mas no final o que conseguiram foi empurrar o problema para frente. Muda os Governantes e ai vem a nova promessa de resolver o problema e ai "novos estudos" começam.  O dia que a classe de agricultores e pecuaristas forem unidos, não digo em torno de uma bandeira de partido político, mas sim em torno dos próprios interesses, que por sinal são também interesses da Nação, ai a coisa mudará. 01 ano sem produzir cafe, feijão, milho, soja sera o remédio necessários para reativar a memória da Cabeça da Nação. Amo este Pais, pois Ele continua rico apesar dos saques constantes, mas estamos chegando a um ponto que não estamos aguentando mais, pois toda safadeza esta agora afetando o bem estar das nossas famílias. Estou certo que todos os Sindicatos Rurais que REALMENTE existem em pró dos seus Associados estarão te apoiando, assim como todos aqueles que conhecem e sabem da luta do Homem que tira o sustento da terra amada BRASIL.
ARTUR QUEIROZ DE SOUSA

CAMBUQUIRA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 12/07/2013

Sindicato dos Produtores Rurais de Cabo Verde - MG-Jerônimo Giacchetta.

Como sua carta demonstra coração nas coisas que escreve e relata. Muito bom, mas infelizmente não acredito em nenhuma resposta de suas inquietudes.

Estão orfãos de representantes no Café. Tudo em vão. Somente acredito em alguma reação, quando os Bancos não receberem seus empréstimos ao Café em mais de 80%, máquina agrícola ou implemento seja comprado, em igual percentual,insumo agricola seja comprado para o custeio da lavoura, quer seja fertilizantes, quer seja defensivo agrícola também seja utilizado pelo menos em 80% do volume comumente adquirido. Nenhuma venda futura seja feita neste mesmo percentual. Somente assim sua voz terá eco e o governo tomará alguma medida. Essa é a lingua que conseguem entender. Desculpa-me mas não é desanimo, é descrédito mesmo.
ATALIBA F AGUILAR

RIBEIRÃO PRETO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAPRINOS DE CORTE

EM 12/07/2013

para esse tipo de reinvindicação, os politicos não tem olhos, que pena, parabéns sr Gerônimo Ghiacchetta, continue, a luta não pode acabar;
GRAZIELA DA SILVA

GUAXUPÉ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 12/07/2013

Jerônimo Giacchetta

Sabias palavras. Faço minhas as suas. Precisamos de um posicionamento do governo, pois, caso não tenha mais solução, os produtores, são pessoas ativas, com coragem e com certeza buscarão outra maneira de aproveitamento de suas terras, mas um posicionamento deve ser praticado e o mesmo deve ser verdadeiro, pois, não podemos mais pagar pelos custos da produção cafeeira.

Gostaria de compartilhar sua carta com amigos do Facebook também produtores de café, você aprovaria copiar e reencaminhar sua carta?

Muito obrigada

Graziela

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