Por Francisco Sergio de Assis*
Nos dias 10 e 11 de julho estaremos participando, em Campinas (SP), do II Fórum Mundial de Produtores de Café. Serão dois dias com painéis apresentados por renomadas personalidades que irão debater o futuro do mercado cafeeiro global.
Iremos receber, com hospitalidade, delegações de mais de 40 países, que estão vindos para em conjunto discutir e debater os principais desafios comuns do setor.
O Diretor do Centro de Desenvolvimento Sustentável do Instituto de la Tierra, da Universidade de Columbia, Jeffrey D. Sachs, irá apresentar o tão aguardado estudo sobre “Análise Econômica e Política para Melhorar os Rendimentos dos Pequenos Produtores de Café”.
Teremos mais três painéis que abordarão Mercado, Formulação de Preços e Consumo, seguidos de debates em workshops.
Os interesses são diversos e as opiniões divergentes.
As dificuldades e problemas para os cafeicultores são percebidas e sentidas, tão logo os preços de venda são reduzidos pelo desequilíbrio entre oferta e demanda. Isso acontece de forma reativa desde o século XIX, pois o mercado é soberano e implacável, às vezes provocando falência de muitas famílias.
Só o Brasil possui Legislação Ambiental e Legislação Social rígidas, com uma carga tributária perversa (custo Brasil). Nosso sistema de rastreabilidade é reconhecidamente eficiente, vide notas fiscais eletrônicas. Temos terras paradas em reservas sem nenhuma remuneração do capital investido.
Os preços dos insumos para produzir café (fertilizantes/defensivos agrícolas/máquinas/equipamentos/energia/combustíveis) são corrigidos em dólar, safra a safra, onde historicamente reduziram substancialmente nosso poder na relação de troca.
Contudo, somos a NAÇÃO DO CAFÉ (arábica e conilon), líder na produção sem aumentar área, líder na exportação e o segundo maior consumidor de café do mundo.
Nosso sistema de cooperativas de produção e de crédito é bem estruturado, e na sua maioria estão obtendo resultados positivos em seus balanços.
Para a gestão de nossas fazendas, temos o programa EDUCAMPO SEBRAE-MG – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresa de Minas Gerais, que comprovadamente ajuda a profissionalizar os produtores; e o SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, para a qualificação, treinamento e capacitação da nossa mão de obra. São vários os exemplos de sucesso existentes à disposição para quem quiser conhecer.
Estamos buscando o aprendizado digital para que possamos acompanhar a evolução tecnológica, assegurando a eficácia e efetividade do nosso futuro em 5G.
Observemos alguns exemplos de Israel, China, Índia e Coreia do Sul. Quanta educação e evolução tecnológica programada e planejada ao longo de décadas. Este é o caminho.
A estrutura do mercado é formada na produção pelos países produtores de café arábica e robusta. As diferenças entre eles, necessidades, interesses, vantagens comparativas e competitivas são inúmeras, somadas à volatilidade das moedas locais, robustez dos fundos, tornam esse mundo um jogo financeiro especulativo.
Diante dessa complexidade, qualquer tipo de aliança mercantil entre países produtores de café é arriscada e improdutiva.
O mercado é livre e em constantes mudanças. Devemos nos organizar de uma forma que separemos as conversas de negócios econômicos, dos desafios em resolver as questões sociais, essas devem ser pautadas pelos outros agentes da cadeia (varejo, distribuição, indústria, importadores, exportadores) e governos locais, atentos e abertos à globalização e não ao globalismo.
Podem contar conosco para o investimento em campanhas para o aumento do consumo global de cafés de qualidade e para o desenvolvimento de programas de incentivo para a educação mercadológica dos produtores.
Diversas fazendas pertencentes à nossa Denominação de Origem estarão prestigiando e participando do Fórum com uma delegação de mais de 150 produtores de ATITUDE, na sua maioria jovens empreendedores entusiastas por produzir um café ético e de qualidade.
Para essa juventude devemos respeito na busca de soluções para nossos problemas, construindo políticas estratégicas transparentes de longo prazo que possibilitem o desenvolvimento seguro e responsável para as atuais e futuras gerações.
Os consumidores mundiais agradecem!
*Francisco Sergio de Assis é Presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado Denominação de Origem Região do Cerrado Mineiro