Por Silas Brasileiro, presidente do Conselho Nacional do Café (CNC)
Vivemos nessa semana um momento histórico para a cafeicultura brasileira com mais uma etapa de lançamento do Café Produtor de Água. Temos sentido que a cada dia o mercado consumidor tem sido mais exigente. No entanto, nosso país tem avançado muito, produzindo dentro do princípio da sustentabilidade, e aquilo que outros países se comprometeram a alcançar em produção sustentável até 2030, já é realidade no Brasil.
O Conselho Nacional do Café (CNC) iniciou na última quarta-feira, 24/08, uma capacitação de técnicos para a execução do Programa Café Produtor de Água. O CNC, preocupado em apoiar a qualificação e capacitação dos responsáveis pela produção cafeeira brasileira, firmou uma parceria com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), para oferecer um treinamento à equipe técnica das cooperativas e associações que compõe a entidade. Aproveitamos para agradecer a Presidente da ANA, Dra. Verônica Sanches, pela oferta desse curso que irá proporcionar uma capacitação fundamental para os envolvidos no projeto.
As parcerias firmadas com a Prefeitura de Alpinópolis/MG e com a Cooperativa dos Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé) para a execução do programa são bem amplas, concretizadas por intermédio de acordos técnicos e termos de cooperação, contando com participações fundamentais. Estão conosco nessa empreitada, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), o The Nature Conservancy (TNC), a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater/MG). Sem essas parcerias não seria possível desenvolver esse programa, que julgamos ser de vanguarda nacional e internacionalmente.
O projeto piloto está sendo desenvolvido na bacia do Ribeirão Conquista, região de Alpinópolis, Minas Gerais. Tem como foco inicial algumas propriedades de produtores cooperados da Cooxupé. Porém, é fundamental deixar claro a todas as cooperativas associadas ao CNC, que se trata de um programa piloto, que apesar de ser experimental – já tem dado certo -, e será expandido a todos os que quiserem implanta-lo nas suas regiões.
A Cooxupé participa de maneira muita ativa e nós agradecemos o Presidente Carlos Augusto Rodrigues de Melo e toda a diretoria pela efetiva colaboração. Temos que destacar também a dedicação da equipe técnica, que está fazendo a diferença para que o Produtor de Água saia de projeto piloto para um programa consolidado, de sucesso.
Outro parceiro fundamental tem sido a prefeitura de Alpinópolis, através do prefeito Rafael Henrique da Silva Freire e da Secretária de Agricultura e Meio Ambiente, Maria Flávia Paiva. Toda a administração municipal tem dado suporte e apoio para que, efetivamente, nós possamos desenvolver esse projeto de parceria na região.
Além dos cuidados com o meio ambiente com a preservação das matas ciliares, o programa visa proporcionar a recuperação de estradas vicinais, fundamental para escoamento da produção e melhoria da qualidade de vida da população rural. Como consequência, evitará o assoreamento de rios e lagos, promoverá proteção de nascentes, oferecerá a construção de bacias de contenção, evitando assim, erosões. O alcance é muito grande e, assim, mostraremos que é possível produzir com qualidade e preservar o meio ambiente.
O projeto conta com a coordenação técnica de Natalia Carr, assessora do CNC, e a consultoria do agrônomo Devanir Garcia, profundo conhecedor do assunto, pois já implantou outros programas com o mesmo perfil no Brasil. O Café Produtor de Água vai contribuir para mostrar ao mercado exterior, principalmente o europeu, que o Brasil – além de todo o princípio da sustentabilidade, social, ambiental e, sem dúvida, olhando para a área econômica, com foco no produtor – está dando um passo a mais para a preservação dos mananciais e a conservação de nossas matas ciliares.
Por fim, reiteramos que esse momento é histórico para a cafeicultura brasileira. Um projeto como o que ora se inicia, com o apoio irrestrito do Ministério da Agricultura, desperta interesse no mundo como um todo. Desejamos alcançar, assim, os dezesseis estados produtores de café do Brasil. Sabemos que o produtor brasileiro é diferenciado, pois conta com atendimento técnico – por intermédio das cooperativas – e procura atender o social e o ambiental de uma maneira muito direta. E isso muito nos orgulha.