Por William Santana*
Neste 14 de abril é celebrado o Dia Mundial do Café. O Brasil detém o posto de maior produtor da cultura há mais de 150 anos, sendo responsável por um terço da produção mundial. A qualidade do grão nacional é reconhecida e respeitada por onde passa. Tudo graças ao forte trabalho do produtor. Mesmo com problemas fitossanitários, ações climáticas adversas e interferências externas, o cafeicultor segue produzindo com qualidade o café que conquistou o planeta.
O cultivo do café teve início no Brasil por volta de 1727. De lá pra cá, só houve evolução e conquistas na produção nacional, passando da adaptação da cultura ao clima e solo brasileiro, as formas de cultivo e até as mais recentes conquistas dos agricultores no manejo correto e eficiente dos cafezais. Ser cafeicultor é estar constantemente em busca das melhores soluções para sua lavoura e lutando contra os mais diversos problemas fitossanitários que a atacam.
As pragas, doenças e plantas daninhas não são problemas recentes das lavouras de café. Há registros de 1869, do Bicho Mineiro, nome popular da Leucoptera coffeella, que até hoje ataca as plantações e causa prejuízo aos produtores. O inseto, uma mariposa, está presente em diversas regiões brasileiras, principalmente nos estados de Minas Gerais e São Paulo. Ainda em estágio de larva, ele age nas folhas do café causando necrose e, consequentemente, perda de capacidade fotossintetizante e desfolha. Isso compromete o desenvolvimento da planta e se não for combatido, pode causar prejuízos de mais de 50% na produtividade da lavoura.
O Bicho Mineiro é uma praga perigosa para a cultura, mas hoje não tira mais o sono do cafeicultor como antigamente. Já existem soluções como inseticidas, que evoluem em conjunto com a cultura, tudo para ajudar o agricultor a produzir o café reconhecido mundialmente com produtividade e rentabilidade. A sustentabilidade também é uma preocupação, por isso, já há disponibilidade no mercado de produto chancelado pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), por suas ações específicas sobre os insetos-alvo e seletividade aos organismos benéficos.
A adoção de melhor manejo e alta tecnologia no campo garantem uma melhora significativa na produtividade e qualidade do café brasileiro. Outro exemplo de solução que contribui para a evolução do cultivo do café são os herbicidas para o combate às plantas daninhas da cultura. Até a década de 1970, o produtor tinha que fazer o controle manual das pragas, capinando até cinco vezes ao ano a lavoura. Com o herbicida, o cafeicultor pode investir seu tempo em outras atividades da produção.
Entre uma safra e outra, a lavoura precisa ser cada vez mais produtiva independentemente das circunstâncias. Por isso, é extremamente importante a adoção dessas tecnologias para auxiliar o cafeicultor a seguir evoluindo na tradição de produzir café, principalmente, com manejos de plantas daninhas, integrado de pragas e de doenças e tecnologia da aplicação. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), projeta para a safra 2022 uma produtividade média nacional de 30,6 sacas por hectare (scs/ha), alta de 16,1%, na comparação com a temporada passada. Essa evolução mostra como a proteção de cultivos ajudou e continua ajudando o café brasileiro a ter qualidade e reconhecimento pelo mundo. Precisamos comemorar mais um Dia Mundial do Café com orgulho do nosso produtor e do seu cultivo.
*William Santana é agrônomo de campo da Linha Café da Corteva Agriscience.