Por Rodrigo Costa*
O FMI revisou mais uma vez para baixo a expectativa de crescimento do PIB mundial, tendo a Europa sofrido um corte maior do que os Estados Unidos, entre as economias desenvolvidas.
México e Brasil também foram impactados, o último vivendo dilemas sobre o governo fazendo trapalhadas, como a desconfortante intromissão de Bolsonaro na agenda liberal de Paulo Guedes, o qual por ora tem tido paciência.
O S&P500 continua firme, muito embora os volumes negociados na semana foram os mais baixos do ano, com o mercado aguardando a divulgação dos resultados das empresas do primeiro trimestre.
O café voltou a afundar tendo a bolsa de Nova Iorque perdido US$ 4.00 centavos na quinta-feira (11) em meio a uma liquidação generalizada de commodities.
Londres não ficou imune e, na minha opinião, deve continuar a ser observado de perto, pois o robusta tem mais “gordura” para queimar do que o arábica, que na verdade já está no osso para todos os produtores de suaves e atingindo o Brasil.
Em Boston, na feira da SCAA, dava para ouvir mais conversas em português do que em inglês, com os brasileiros marcando forte presença na meca do mercado de especiais, onde basicamente reside a ponta de esperança para um momento complicado da cafeicultura.
Creio que o specialty vai ter um teste grande enquanto as cotações do contrato “C” permanecerem pressionadas, pois é de se imaginar que eventualmente algumas qualidades de pontuação alta possam sofrer uma competição de alguns cafés também pontuados e que venham a ser oferecidos a prêmios de 50 ou 60 centavos – talvez atraindo curiosos que pagam mais de US$ 2.00 para grãos diferenciados.
O basis (diferencial) voltou a firmar, como era de se imaginar, mesmo assim foi notado um interesse de compra melhor dos destinos – não o suficiente para encaixar negócios volumosos dada a reposição apertada.
Tem circulado fotos de cafés novíssimos brasileiros, mostrando uma antecipação maior do que se imaginava no arábica, ainda que não seja representativa.
Nas conversas entre comerciantes e produtores presentes no centro de convenção da bela cidade de Boston, o tema da disponibilidade de café nos armazéns e em tulhas de fazendas, apesar dos embarques recordes, reforçou a sensação de não haver ainda uma luz no fim do túnel para os preços internacionais reverterem.
Indiscutivelmente, o cenário de tempos difíceis reforçará um ganho maior de market-share do Brasil nos próximos anos, dado o potencial de produção do País e de queda no trato na América Central, mas infelizmente isto não serve de alento para quem tem conta a pagar e sofre prejuízos já em 2019/2020.
As exportações de março, divulgadas pela Cecafé, ficaram em 2.967.233 sacas, acumulando um recorde desde julho, de 30.951.447 sacas. A entidade revisou para cima os números de fevereiro em 118 mil sacas, para 3.542.620 sacas.
O volume recorde de 176.379 lotes, negociado no dia 11 de abril, em Nova Iorque, causou um aumento de mais de 10 mil contratos em aberto, sugerindo que os fundos provavelmente já devem ter voltado a ter próximo de 80 mil lotes líquidos vendidos.
Se o contrato de julho 2019 romper US$ 96.45 centavos por libra, deve atrair alguma cobertura de posição dos especuladores, mas para tanto é bom o Real não voltar a desvalorizar.
Uma ótima semana e bons negócios a todos.
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting