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Após a passagem das frentes frias o ar mais seco favorece a secagem do café

ESPAÇO ABERTO

EM 20/06/2017

5 MIN DE LEITURA

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Por Williams Ferreira e Marcelo Ribeiro 

Nas últimas semanas as condições oceânicas tem favorecido os padrões neutros da atmosfera, ou seja, sem a presença dos fenômenos El Niño ou La Niña, sendo que tais condições deverão continuar até pelo menos o final do inverno, que terá início no próximo dia 21 às 01h24m, quando o sol estará no solstício de inverno do hemisfério sul. Em Minas Gerais, segundo o 5º Distrito de Meteorologia (5º DISME), o mês de maio foi marcado por chuvas escassas, contudo, as chuvas ocorridas em meados do mês foram suficientes para que os totais acumulados atingissem, e até superassem, a climatologia mensal em grande parte do Estado.

O clima de maio

Apesar das chuvas de maio (Figura 1), permanece baixo o armazenamento de água em parte do Jequitinhonha e Mucuri, áreas que apresentaram grande déficit de precipitação durante o último período chuvoso.

Foto: Divulgação
Figura 1 – Precipitação mensal acumulada (a) e climatologia mensal de precipitação para maio (b). Fonte: SEÇÃO DE ANÁLISE E PREVISÃO DO TEMPO (SEPRE - 5º DISME) BELO HORIZONTE.

De acordo com o 5º DISME no Norte do Estado as condições hídricas persistem mais críticas do que a das demais regiões mineiras (Figura 2).

Foto: Divulgação
Figura 2 - Condição de déficit hídrico no dia 31 de maio de 2017. Fonte: SISDAGRO – www.inmet.gov.br

Com relação as temperaturas, na Figura 3 são apresentados os mapas com as anomalias de temperatura do ar máxima e mínima. De acordo com o 5º DISME, com base nos sinais opostos, as máximas estiveram abaixo da média e as mínimas acima da média em praticamente todo o Estado. Este comportamento é condizente com predomínio de dias e noites com grande nebulosidade. No mês de maio, de modo geral, as temperaturas foram fortemente influenciadas pela nebulosidade, fato que pode estar associado ao transporte de umidade, com origem no oceano Atlântico, para o interior do Estado.

Foto: Divulgação
Figura 3 – Anomalias de temperatura: (a) máxima e (b) mínima, no mês de maio/2017.

O Inverno


Nas médias e altas latitudes o inverno é a estação mais fria entre as quatro estações do ano. É no inverno que as noites são mais longas que os dias. É durante o inverno que as massas de ar frio costuma chegar à região Sudeste com maior intensidade provocando a queda brusca de temperatura de um dia para outro, com conseqüente permanência de temperaturas amenas por dias consecutivos. A formação de geadas nas áreas serranas do Sul do Estado torna-se recorrente, principalmente durante os episódios frios.

Chuvas no inverno

Nos Estados, produtores de café, do Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia nos meses de julho e agosto é esperado que as chuvas ocorram dentro da normalidade, ou seja, dentro da média esperada para esses meses, porém o mês de setembro poderá ser mais seco do que o normal na Zona da Mata, Campo das Vertentes, Oeste e Sul de Minas Gerais. Situação semelhante é esperada em todo o Estado de São Paulo, com exceção das regiões de Presidente Prudente, Araçatuba, São José do Rio Preto e Marília; no Paraná o período poderá ser mais seco na região metropolitana de Curitiba, na região Centro Oriental paranaense e no Norte Pioneiro do Paraná.

Temperaturas no inverno

Nas últimas semanas o frio, associado as frentes frias, tem alcançado os estados do sudeste brasileiro. Para Minas Gerais, durante o mês de julho, a temperatura poderá ocorrer pouco acima da média do mês em todo o Estado. Em agosto as temperaturas poderão ocorrer acima da média na região Metropolitana de Belo Horizonte, Oeste de Minas, Central mineira, Noroeste de Minas e no Triangulo Mineiro, com exceção de Frutal e Ituiutaba nessa última região. Em setembro é esperado que a temperatura ocorra acima da média em todo o Estado, principalmente nas regiões Norte de Minas, Jequitinhonha, Vale do Mucuri e Rio Doce. Considerando o Brasil em sua totalidade, no Mato Grosso do Sul é esperado que o inverno seja um pouco mais frio do que a média da estação no Estado.

O Café

Após as chuvas, associadas as frentes frias, que ocorreram nas semanas anteriores, a colheita do café avançou em muitas regiões, todavia, há ainda muitas lavouras com frutos verdes que deverão ser colhidos a partir de julho, principalmente nas regiões mais altas e, portanto mais frias. O período mais seco do inverno contribui para a uniformização da floradas, no entanto o produtor deve ser manter atento a proximidade da entrada de frentes frias pois esses sistemas frontais são quase sempre precedidos de chuva, sendo que as frentes frias com deslocamento mais lento e maior contraste térmico quase sempre são aquelas capazes de produzir chuvas mais intensas. Após a passagem das frentes frias o ar mais seco favorece a secagem do café, todavia, apesar do ar mais seco as quedas de temperaturas, mais ao final da tarde, favorecem a condensação, sobre os frutos, da pouca umidade presente no ar. Assim, o produtor deve também estar atento a umidade atmosférica para adotar o correto manejo da cobertura das leiras no terreiro secador.

O prognóstico

A análise e o prognóstico climático aqui apresentados foi elaborada com base na estatística e no histórico da ocorrência de fenômenos climáticos globais, principalmente daqueles atuantes na América do Sul. Foram consideradas ainda as informações disponibilizadas livremente pelo NOAA; Instituto Internacional de Pesquisas sobre Clima e Sociedade — IRI; Met Office Hadley Centre; Centro Europeu de Previsão de Tempo de Médio Prazo — ECMWF; Boletim Climático da Amazônia elaborado pela Divisão de Meteorologia (DIVMET) do Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) e com base nos dados climáticos disponibilizados pelo INMET/CPTEC-INPE.

Pelo fato do prognóstico climático fazer referência a fenômenos da natureza que apresentam características caóticas e são passíveis de mudanças drásticas, a EPAMIG e a Embrapa Café não se responsabilizam por qualquer dano e, ou, prejuízo que o usuário possa sofrer, ou vir a causar a terceiros, pelo uso indevido das informações contidas na presente matéria. Sendo de total responsabilidade do usuário (leitor) o uso das informações aqui disponibilizadas.

Williams Ferreira é Pesquisador da Embrapa Café/EPAMIG UREZM na área de Agrometeorologia e Climatologia, atua principalmente em pesquisas voltadas para o tema Mudanças Climáticas Globais. 
Marcelo Ribeiro é Pesquisador da EPAMIG na área de Fitotecnia, atua em pesquisas com a cultura do café. 

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