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3, 2, 1... O céu será o limite?

ESPAÇO ABERTO

EM 19/07/2021

7 MIN DE LEITURA

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Por Marcelo Fraga Moreira*

O mercado trabalhou a semana (de 12 a 16 de julho) com uma amplitude de +1.185 pontos. Setembro/2021 seguiu oscilando entre a mínima/máxima/fechamento respectivamente a 150,10 / 161,95 / 161,25 centavos de dólar por libra-peso. No período o café valorizou +6,43% e o Real também, com +3,21% (fechando a semana @ 5,11 R$/US$).

O presidente da cooperativa Minasul, José Marcos Magalhães, previu uma quebra para a safra 2022/2023 entre 10-15% em função dos problemas hídricos. Segundo a matéria publicada no Wall Street Journal, “a estiagem afetou negativamente o crescimento dos ramos neste ano, o que significará menos café do que seria normal no próximo ano”. Essa quebra estimada está sendo considerada com base em qual ano-safra e com base em qual produção? Se for com base na safra 2020/2021 (produção estimada em 70 milhões de sacas – segundo o USDA*) o Brasil deverá voltar a produzir algo entre 60-63 milhões de sacas. Se for com base na safra 2021/2022 (produção estimada em 47 milhões de sacas – segundo a CONAB*) então o Brasil deverá produzir algo entre 40-42,3 milhões de sacas.

Estimando um aumento no consumo ao redor dos 2% ao ano, passando dos 165 para 168,3 milhões de sacas (segundo projeção do USDA*), o mundo continuará com um déficit entre oferta x demanda também na safra 2022/2023. Os estoques disponíveis deverão continuar a ser consumidos levando o índice de segurança utilizado pelo mercado “Estoque x Consumo” abaixo dos 20%! (saindo de +39 milhões de sacas para +32 milhões de sacas ao final da safra 21/22 – também segundo o USDA*).

Ora, se a safra 2021/2022 brasileira for ao redor dos 45 milhões de sacas x 56,3 milhões de sacas segundo o USDA* (-11,3 milhões de sacas abaixo da projeção do USDA*) então o estoque de passagem mundial final sofrerá novo ajuste e ficará abaixo dos 21 milhões de sacas (+32-11,3 = +20,71 milhões de sacas). Nesse caso, o índice “Estoque x Consumo” ficará abaixo dos 15%!

O Cecafé publicou, também os números de exportação para o ano safra de julho-2020 a junho-2021 e aponta que o Brasil exportou no período 45,6 milhões de sacas. Aumento de +13% referente a safra 2019/2020. O café brasileiro já abastece 115 países (inclusive países produtores que utilizam o café brasileiro para realizar seus blends e reexportar seus produtos para os principais mercados consumidores). Entre os “top-10” destinos estão a Colômbia e México. Ainda entre os países produtores/exportadores aparecem o Equador, República Dominicana e Vietnã.

Desse total, 36 milhões de sacas foram do café arábica (representando 81% do total exportado), 4,8 milhões de sacas do canéfora (robusta - representando 10% do total exportado), e o saldo, 4,8 milhões de sacas equivalente em café solúvel e café tipo “torrado e moído”.

Nos 2 últimos dias da semana, o mercado começou a monitorar uma nova massa polar com previsão para atingir algumas regiões produtoras entre os próximos dias 19-21 de julho.

Fazendo novo exercício e considerando uma safra 2021/2022 em 47 milhões de sacas (segundo a CONAB), um estoque de passagem da safra 2020/2021 em 4 milhões de sacas (segundo o USDA*), um consumo interno ao redor dos 21 milhões de sacas (segundo a ABIC – Associação Brasileira da Indústria de Café), e deixando um estoque de passagem para a safra 22/23 em apenas 2 milhões de sacas, então o Brasil terá café disponível para exportação na safra 2021/2022 para apenas 28 milhões de sacas! Uma redução de -38,60% ou -17,6 milhões de sacas! Qual país/países no mundo poderá/poderão suprir esse déficit?

Considerando uma safra ainda menor, ao redor dos 43 milhões de sacas (segundo levantamento junto as nossas fontes), esse déficit poderá ultrapassar as 20 milhões de sacas.

Realizando uma nova simulação, ainda mais pessimista, considerando que já foi colhido aproximadamente 60% da colheita do café arábica e 90% do canéfora, e considerando uma nova massa polar/geada atingindo e estragando apenas 20% do café ainda a ser colhido na próxima semana, então teremos ainda uma quebra potencial em aproximadamente -2.4 milhões de sacas. Nesse último cenário a safra brasileira 2021/2022 produzirá algo ao redor dos 40 milhões de sacas. Podendo exportar apenas 21 milhões de sacas, uma redução ainda maior, estimada em -24,6 milhões de sacas ou -53,94%.

O mercado interno voltou a valorizar na última sexta-feira (16/07) com negócios acontecendo entre 800-950 R$/saca (dependendo da qualidade/localização dos armazéns). Produtores com produto disponível seguem vendendo apenas o mínimo necessário para pagar as contas e aguardando por preços acima dos 1.000 R$/saca! Para alguns produtores com café tipo “cereja descascado” + certificado esse patamar já foi atingido.

Dependendo do avanço da massa polar no final de semana, hoje (19/07) o mercado poderá já abrir firme rompendo a próxima resistência no setembro/2021 em 164,60 centavos de dólar por libra-peso. E quem sabe romper a máxima do contrato de 168,65 centavos de dólar por libra-peso. Suportes agora nos 155,40 e 146 centavos de dólar por libra-peso.

Com base na última posição do CFTC* os “fundos+especuladores” liquidaram -1.926 lotes e continuam comprados em apenas +26.273 lotes. Na sexta-feira o volume negociado voltou a superar os + 52,000 lotes. Atenção nos próximos 2 pregões (segunda-feira e terça-feira) e atenção redobrada no avanço da massa polar. O Set-21 poderá explodir caso algum “stop” for acionado (rompendo os 164,60 ou os 168,65 centavos de dólar por librar-peso) ou caso a geada realmente venha a ocorrer. Se a massa polar perder força poderemos ver o mercado realizando novamente -1.000/1.500 pontos, buscando os 150 centavos de dólar por libra-peso no curto prazo.

Seguimos sugerindo a venda do café disponível contra o dezembro/2021 acima dos 950 R$/saca através da modalidade “venda através da compra de uma opção de venda “Put”, ou da compra da estrutura “Put-Spread” vendendo uma opção de compra “Call”, e/ou vendendo a estrutura “Call-Spread”.

Para a safra 2022/2023 e 2023/2024 (como a liquidez para as opções com base no contrato setembro/2023 é muito baixa) sugerimos que o hedge seja feito contra setembro/2022 e depois a posição referente a safra 2023/2024 seja rolada para o setembro/2023 quando a liquidez começar a existir.

Para o setembro/2022 seguimos sugerindo o hedge através da compra de uma opção de venda “Put”, ou da compra da estrutura “Put-Spread” vendendo uma opção de compra “Call” ou uma estrutura “Call-Spread” garantindo assim uma remuneração para os próximos 2 anos entre 900-1.200 R$/saca.

Caso as chuvas voltem a cair nas principais regiões produtores a partir da segunda quinzena de agosto e até o final de setembro a safra 2022/2023 poderá recuperar e a produção brasileira poderá voltar a superar os 70 milhões de sacas. Nesse cenário os preços poderão voltar para baixo dos 700 R$/saca.

Sugestões da semana

No setembro/2021: quem seguiu nossa sugestão da semana passada ganhou dinheiro e conseguiu diminuis os danos. A opção no setembro/2021 com 160 centavos de dólar por libra-peso saiu de 3,31 para 7,79 centavos de dólar por libra-peso. Um ganho aproximado de 30 R$/saca. Quem estiver comprado monitorar o mercado na próxima segunda-feira e, mercado subindo atenção para realizar. Se a geada na terça/quarta-feira não vier, essa opção poderá “virar pó” (as opções vencem próximo dia 13 de Agosto).

No dezembro/2021: analisar a compra da “Put-Spread” strike +160/-140 vendendo a opção de compra “Call” strike -185 a custo zero. Na sexta-feira essa operação permitia uma venda entre 940-1.110 R$/saca (desde que o Dez-21 feche acima dos 140 e acima dos 185 centavos de dólar por libra-peso no dia do vencimento das opções desse contrato em Nov-21).

Para a safra 2022/2023: no setembro/2022 – Analisar a compra da “Put-Spread” strike +165/-140 vendendo a opção de compra “Call” strike -210 a custo zero. Na sexta-feira essa operação permitia uma venda entre 1.000-1.325 R$/saca (desde que o Dez-21 feche acima dos 140 e acima dos 210 centavos de dólar por libra-peso no dia do vencimento das opções desse contrato em agosto/2022).

Ótima semana a todos!

*Marcelo Fraga Moreira atua há mais de 30 anos no mercado de commodities agrícolas e escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.

_____________

** “Call” = opção de Compra

** “Put” = opção de Venda

** “Compra Call-Spread” = compra e venda simultânea de 2 Opções de Compra comprando a Opção com preço de exercício mais baixo vendendo a Opção com preço de exercício mais alto);

** “Venda Call-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Compra vendendo a Opção com preço de exercício mais baixa e comprando a Opção com preço de exercício mais alto);

** “Compra Put-Spread” = compra e venda simultânea 2 Opções de Venda comprando a Opção com preço de exercício mais alto e vendendo a Opção com preço de exercício mais baixo);

** “Venda Put-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Venda vendendo a Opção com preço de exercício mais alto e comprando a Opção com preço de exercício mais baixo);

** “CFTC” = Commodity Futures Trading Commission – agência independente do governo dos Estados Unidos que regula os mercados de futuros e opções das commodities;

** “IBGE” = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

** “Cecafé” = Conselho dos Exportadores de Café do Brasil

** “USDA” = Departamento da Agricultura dos Estados Unidos

** “ABIC – Associação Brasileira da Indústria de Café

As informações são da Archer Consulting – Assessoria em Mercados de Futuros, Opções e Derivativos Ltda

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