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JULIANO TARABAL

EM 02/07/2015

4 MIN DE LEITURA

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2015. Um ano que certamente irá ficar pra história macroeconômica do Brasil e global (e olha que estamos ainda na metade do ano) e, especialmente, “puxando a brasa pra nossa sardinha” para a cafeicultura. Isso, dada à complexidade política, econômica, climática, entre outros fatores que têm afetado rigorosamente o humor do mercado, minado o desempenho e, consequentemente, o crescimento econômico, mola mestre do desenvolvimento.

Diante de um cenário destes, falar em desafios parece até “chover no molhado”. Por onde começar? São tantos os desafios que mergulhamos muitas vezes em um automatismo que nos impede de enxergar os caminhos, e qual ou quais as saídas. Apontar caminhos não é tarefa fácil, exige muita análise e responsabilidade. Quando se tem muitos desafios, em se falando de uma cadeia produtiva e de país, é hora de falar em agenda estratégica, e é sobre uma agenda que chamo os senhores (as) para uma reflexão.

Não achem que terei a audácia, aqui, de propor uma agenda estratégica para nossa Cadeia do Café, minha pouca bagagem não me gabarita para tanto. Contudo, quero comentar sobre um artigo publicado esta semana dia 28/06/2015 no Estadão pelo renomado consultor em Agronegócio, o sr. José Roberto Mendonça Barros – ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda entre 1995 e 1998.

Neste artigo intitulado “Um roteiro estratégico para o agronegócio brasileiro”, entre alguns desafios do agro nacional como um todo, o sr. Mendonça Barros aponta um desafio para nossa Cadeia do Café visualizando o futuro próximo, na seguinte forma resumidamente: “Haverá também a venda de produtos de melhor qualidade, como o café verde de origem controlada, como ocorre com muitos produtos europeus, de vinhos e outros alimentos”.

Atenção nestas palavras: produtos de melhor qualidade, café verde e origem controlada.

Senhores (as), a reflexão apontada nesta agenda a qual aponta o sr. Mendonça Barros, diz respeito a um importante Desafio para o agronegócio café brasileiro: O desenvolvimento das origens produtoras. A produção de cafés de alta qualidade com origem e qualidade garantida e controlada é uma forte ferramenta que pode ser utilizada pelas origens brasileiras através do advento da Indicação Geográfica, dividida no Brasil em duas categorias – Indicação de Procedência e Denominação de Origem.

Esta ferramenta trata de um registro legal reconhecido no Brasil pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI que através da Certificação de Origem e Qualidade nos traz a possibilidade de garantia de origem e qualidade de nossos produtos, para oferecermos ao mercado e aos consumidores, e com isso obtermos o reconhecimento de nossa origem, a proteção do território, nome geográfico e produto, valorização da Região e acima de tudo, valorização dos Produtores.

Origem e qualidade garantida e controlada é hoje o maior anseio do mercado. Quando falamos em produtos alimentícios, e no café isso não é diferente. A exemplo do que o sr. Mendonça Barros cita em seu artigo sobre os produtos europeus como queijos e vinhos, no Brasil também estamos vivenciando a Era da Origem em várias cadeias. Como vem ocorrendo com o Queijo da Canastra, as frutas do Jaíba, as hortaliças da Região de São Gotardo, o vinho do Vale dos Vinhedos, entre outras diversas cadeias que estão encontrando na Origem a sua maior forma de diferenciação, protegendo e demarcando seus territórios e controlando sua origem e qualidade.

No café, já temos no Brasil quatro regiões com Indicação Geográfica: Alta Mogiana, Mantiqueira de Minas e Norte Pioneiro do Paraná na modalidade Indicação de Procedência e Região do Cerrado Mineiro na modalidade Denominação de Origem, e além destas outras tantas buscando seus registros, como Oeste da Bahia, Cafés Vulcânicos de Poços de Caldas e Matas de Minas, entre outras com enorme potencial como Chapada de Minas, Chapada da Bahia, Vale da Grama, Maciço do Baturité e por aí vai...

Diante dessa oportunidade, de levarmos Origem e qualidade controlada e garantida para o mundo, é onde reside nosso desafio.

O que estamos fazendo para promover as Origens Produtoras de café do Brasil? Como estamos comunicando nossas origens no mercado nacional e internacional? Quais as políticas públicas efetivas temos estruturadas para apoiar o desenvolvimento destes territórios? Quem representa as origens produtoras do Brasil com devida legitimidade?

A origem, senhores(as), é bem maior do que qualquer outro atributo. Através da origem é possível se construir marca, é possível se construir identidade e, com isso, se construir valor. Cafés especiais você encontra em qualquer parte do globo nos diversos países produtores, cafés com certificações de boas práticas da mesma forma, agora origem, somente é possível se encontrar em cada território demarcado, que é responsável pelas diferentes características que teremos na xícara e nas histórias, que geram relevância para os consumidores.

Origem constrói marca, origem constrói identidade, origem é do produtor e valoriza o produtor, e origem leva garantia para o torrefador, exportador, importador, varejista e para o consumidor, portanto estamos falando de algo que gera benefícios pra toda a cadeia.

Diante disso, senhores(as), posso me atrever em apontar um caminho? A Resposta está na origem.



Juliano Tarabal
Especialista de Agronegócio Café 

JULIANO TARABAL

Eng. Agronomo; Especialista em Gestão do Agronegócio Café; Superintendente Federação dos Cafeicultores do Cerrado

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JULIANO TARABAL

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS

EM 21/02/2016

Cara Concetta,



A educação é um dos pilares para o desenvolvimento de uma cultura de consumo no Brasil que mais precisam ser trabalhados.



Nos mercados desenvolvidos, pegando por exemplo os EUA, as empresas (torrefações e cafeterias)  não terceirizam para o governo esta responsabilidade, elas mesmas arregaçam as mangas e fazem um trabalho fantástico educando os consumidores, formando uma cultura de consumo e naturalmente desenvolvendo seus mercados.



Obrigado pela contribuição.



Juliano
DOMINGOS ARAUJO SANTOS

ESTUDANTE

EM 19/02/2016

Tecnicamente não tenho embasamento na questão abordada na sua integralidade pelo Sr. Juliano, todavia me chamou a atenção a citação da "Origem",  quero fazer apenas uma observação quanto a isso: Recentemente uma de minhas netas retornando dos Estado Unidos, me presenteou com algumas  embalagens de café produzido nesse país, provei o descafeinado e o coffe Milk "mistura ja feita" e cheguei a conclusão, se o país mais rico e industrializado do planeta produz um café tão ruim, já que conheço os Italianos, que o mesmo puro é intragável, salva-se o capuccino..., o nosso café creio ser o melhor do mundo. Vale o que se cobra por ele.
CONCETTA MARCELINA DE PRIZIO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 12/02/2016

Excelente artigo Juliano e melhor ainda sua resposta a querida Isabela Paschoal de Campinas, na qual concordo em genero, numero e grau.  Acredito também que a busca da nossa identidade ainda tem um longo caminho a ser percorrido e precisamos começar logo atuando em todas as frentes. Da minha humilde área de educação, neste momento, me cabe trazer o assunto as nossas discuções e pensar se cabe um projeto para ajudar nesta implementação. Abraços.
JULIANO TARABAL

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS

EM 13/07/2015

Isabela obrigado.



Você tocou num ponto chave - identidade!



Por anos estamos focados em produtividade que é fundamental porém nosso dever de casa no que tange a qualidade e sendo mais específico nossa identidade de sabor ainda não foi feito.



Eu particularmente acredito e isso já é algo constatado em concursos e mesas de prova que pela grandeza de nossa área de produção temos diversos tipos de terroir e cada um se expressa de uma forma com riquezas e nuances diferentes.



Isso aumenta ainda mais nosso potencial de diferenciação e de levarmos ao mercado aos consumidores uma multipluraridade de sabores e nuances.



O mercado do café ainda é muito preso em paradigmas como as ditas acidez" , "floral" entre outros...



Colocaram na cabeça que cafés que apresentam essas notas acentuadas são "superiores" aos outros...



E o consumidor o que acha disso? Concorda ou essa é uma opinião apenas dos "especialistas"?



Vejo muito mais muito mito e paradigma ainda nessa história e não estou convencido ainda de que os consumidores buscam apenas estas ditas nuances consagradas que citei acima... Não estou também convencido de que " o mundo bebe blend", que é outro mito propagado aos 4 ventos pelos ditos especialistas.



A riqueza em um produto de origem que é o café está sim no sabor mas ao mesmo tempo muito acima dele, está nos elementos do terroir, está em sua história, seu processo de produção...



Quanto a nossa identidade a vejo ainda como indefinida pois existe ainda a necessidade de um trabalho mais profundo para identifica lá e depois  comunicá-la e aí está um gargalo brasileiro...



Somos muito rasos na maioria das coisas que fazemos, não nos aprofundamos e por isso nossa identidade não é projetada da forma com que deveria.



Pesquisa e desenvolvimento inicialmente e depois um trabalho profissional de comunicação aos players que formam opinião, acredito que este seja o caminho...



Obrigado pela sua contribuição trouxe uma reflexão muito interessante.



Saudações.



Juliano
ISABELA PASCOAL BECKER

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 13/07/2015

Juliano, muito bom o artigo!

Reforço ainda que nós produtores de café deveriamos criar uma identidade unica tb para o sabor do nosso café.

Explico, quando estamos em cupping sempre ouvimos "nossa acidez como Am Central, ou Floral como Africa" enfim qual é a identidade do café brasileiro? Como é a descrição do nosso café que o torna unico e se distingue de outras origens?

É desafiador vc colocar o café brasileiro numa prova e saber que ele sera comparado com outras origens que claro trazem outros atributos.
LEANDRO CAETANO MOTA

MONTE CARMELO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/07/2015

Parabéns Juliano pelo artigo e principalmente pelo seu trabalho em divulgar a importância da D.O para o produtor
JUANCOFFEE

LAJINHA - MINAS GERAIS - COMÉRCIO DE CAFÉ (B2B)

EM 05/07/2015

Que bacana Juliano, como produtor da Colômbia e especialista em cafés finos acho muito legal que Brasil este na nova era do origem e agregando identidade para os cafés únicos delimitados. As regiões precisan de ser reconhecidas para criar marca no mercado exterior. Estou disposto ajudar para criar ideas innovadoras no Brasil.
JULIANO TARABAL

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS

EM 05/07/2015

Caro Ginoazzolini,



O Norte Pioneiro tem uma história fantastica e tradição muito rica na cafeicultura, alem de excelentes Lideranças que tem feito um belo trabalho em prol do desenvolvimento da Região.



Elementos mais que suficientes para se formar uma D.O e buscar capturar valor como ja vem acontecendo.



Obrigado
JULIANO TARABAL

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS

EM 05/07/2015

Caro Celso



É isso mesmo, a rastreabilidade fundamental e como você colocou é um desafio inescapavel.



Abs


WANDERLEY CINTRA FERREIRA

FRANCA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 04/07/2015

Caro Juliano - Parabens pelo artigo. "Origem e qualidade é do produtor" . Estamos na Alta Mogiana, já estamos "Identificados Geograficamente" , porém, já perdemos muito tempo em não conseguir mostrar isso para o mundo,  porque nossas  "lideranças" estão gastando energias em discutir a sua " paternidade " .  Chegou o momento, do Produtor desta qualidade , sair a campo para conseguir agregar mais valor neste valioso produto, onde ele recebe a menor fatia. Abcs. Wanderley Cintra Ferreira - Ex-Presidente da COCAPEC  e Sindicato Rural de Franca
GINOAZZOLINI NETO

LONDRINA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 03/07/2015

Gostei muito do seu artigo. Na região do Norte Velho do Paraná, pegando Jacarezinho e outras cidades já existe a COCENPP, grupo de cafeicultores que orientados dentro de um Projeto próprio e assessorados pela Sebrae  tentam construir suas marcas. Por enquanto existe apenas o objetivo de exportação via Fair Trade, mas daqui alguns anos poderemos falar em origem.
CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 03/07/2015

Amigo Juliano

Seu artigo é primoroso. O esforço pela rastreabilidade plena dos produtos agroalimentares é dos desafios inescapáveis a ser enfrentados pelas lideranças do agronegócio brasileiro. O exemplo que nos vem do cerrado é animador e já tem produzido bons frutos em outros cinturões produtores.

Abçs

Celso Vegro

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