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O dono da bola

BRUNO VARELLA MIRANDA

EM 26/12/2017

3 MIN DE LEITURA

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentou recentemente a estratégia de segurança nacional que ditará o ritmo de sua administração. Ecoando uma série de decisões tomadas por Washington desde o início de 2017 – assim como promessas polêmicas, como a construção de um muro na fronteira com o México –, o discurso pode ser resumido em uma frase: “a América faz parte do jogo e a América vencerá”.

Feita sob medida para cativar seu eleitorado mais fiel, a afirmação peca ao não levar em consideração um aspecto fundamental na organização do sistema internacional: em grande medida, quem dita as regras desse jogo desde meados do século XX é o governo estadunidense. Via de regra, as iniciativas da administração Trump em matéria de política externa buscam implodir os pilares da ordem existente. Seja aprofundando rivalidades – vide os casos de China e Rússia – ou erodindo a confiança de velhos amigos como o Reino Unido e os integrantes da União Europeia (UE), a Casa Branca vem transformando o papel dos Estados Unidos no mundo.

Ao torpedear os pilares do atual sistema de regras sem oferecer nada em troca, Trump parece confiar que o poder militar bastaria para resolver questões complexas no mundo. Com isso, abre mão de moldar as características das regras que facilitam a interação entre os Estados. Bons exemplos recentes podem ser encontrados na Conferência das Partes sobre o Clima e na Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) – esta última realizada em Buenos Aires. Em ambos os casos, o governo dos Estados Unidos adotou a obstrução como estratégia preponderante. No primeiro caso, com uma decisão unilateral que prevê a saída do Acordo de Paris sobre Mudança do Clima. No segundo, deixando claro desde o primeiro dia da reunião que resultados concretos não eram esperados na capital argentina.

A mudança no tom vem acompanhada de críticas ferrenhas a um passado que permitiu ao Ocidente atingir níveis de riqueza e bem-estar únicos na história da humanidade. Dotado de uma interpretação bastante limitada da realidade, Trump tem insistido que seus antecessores eram péssimos negociadores. Na visão do presidente dos Estados Unidos, o país precisa voltar a “vencer” ao discutir temas complexos com seus parceiros. Ocorre, porém, que regras são necessárias para negociar. Conhecido por desrespeitar contratos e explorar os limites da lei em sua carreira de empresário, Trump lida com uma estrutura mais frágil em suas iniciativas como presidente. No plano das relações internacionais, a última instância é conflito armado.

O recuo estadunidense abre dois cenários: no primeiro, outro país ocuparia progressivamente o papel desempenhado por Washington desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Será a China capaz de assumir tal posição? No segundo caso, o “derretimento” da capacidade de influência do governo dos Estados Unidos geraria uma espécie de caos administrado no sistema internacional – com um aumento da probabilidade de conflitos entre seus atores mais relevantes. O foco de Trump nos investimentos militares e suas críticas às organizações internacionais nos levam a crer que a Casa Branca espera – e trabalha para – que o segundo cenário se materialize.

A conjuntura econômica nos próximos anos dependerá diretamente dos rumos adotados pela administração de Donald Trump na relação com outros países. Caso decidam jogar agressivamente e, ao mesmo tempo, implodir as regras existentes, os Estados Unidos contribuirão para o aumento da instabilidade do sistema internacional. Mais especificamente, levarão a uma situação caracterizada pelo aumento da tensão, possíveis retaliações comerciais e, quem sabe, conflitos mais sérios entre os Estados. Nesse novo jogo sem regras claras, temos muito a perder.

Um feliz 2018 a você, prezado(a) leitor(a)!

BRUNO VARELLA MIRANDA

Professor Assistente do Insper e Doutor em Economia Aplicada pela Universidade de Missouri

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ANTONIO CARLOS SILVA

BOA ESPERANÇA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 28/12/2017

Bruno, tenho lido muios analistas sobre o que poderá acontecer no século XXI, mas sua análise é objetiva, sem puxa-saquismo e de fácil compreensão. Você tem o dom de sintetizar o problema e de manter a essência.



Vamos torcer para que o Trump não faça muito mais bobagens, afinal, todos nós temos a perder. Também não gostaria de viver num mundo onde somente a China desse as cartas. O que esperar da Rússia? Ora, a Rússia continua e continuará aquela mesma Colômbia que pode destruir o mundo várias vezes, não mais do que isso! Tenho muita fé na Índia, país com larga experiência democrática e com possibilidades de ultrapassar a China como potência dominante (o tempo dirá). Antigamente os impérios duravam séculos, atualmente, um século é muito. Ao que me parece, os EUA estão caminhando a passos largos para a sua extinção como potência/império dominante e, o pior, vamos sentir falta deles!.



E o Brasil? Continuará sendo o país do futuro ou permanecerá deitado em berço esplêndido? Terra da corrupção, da bandalheira, da picaretagem, dos desmandos do STF, etc, etc, etc., dá vontade de vomitar só de pensar em nossos políticos. É paradoxo, mas apesar do (des)governo o Brasil avança.



Bruno, Feliz 2018, muita saúde, paz e que isto se traduza em novos e excelentes artigos para o nosso deleite.



Antônio Carlos

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