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Inteligência artificial

BRUNO VARELLA MIRANDA

EM 11/04/2023

2 MIN DE LEITURA

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É crescente a preocupação com os potenciais “efeitos colaterais” do aparecimento de sistemas de inteligência artificial. Excluindo as análises no melhor estilo “filme de ficção científica”, diversas análises econômicas buscam estimar as consequências de curto prazo da mudança tecnológica.  

Analistas discutem, por exemplo, quantos empregos desaparecerão quando nossos computadores passarem a executar um número ainda maior de tarefas com precisão. Economistas de um influente banco de investimentos estimam que até 300 milhões de vagas – boa parte delas com altos salários – serão diretamente afetadas pela inteligência artificial. 

Também existe apreensão em relação a um acúmulo de poder ainda maior nas mãos das poucas organizações capazes de produzir sistemas viáveis de inteligência artificial. Não por acaso, são crescentes os pedidos pela criação de regras para limitar a concentração no setor de tecnologia. 

Para além do temor com a formação de monopólios, especialistas temem que nem mesmo aquelas empresas capazes de criar sistemas de inteligência artificial sejam capazes de controlá-los. Um recente apelo pela paralisação temporária do desenvolvimento da inteligência artificial contou com o apoio de protagonistas do setor da tecnologia – e, portanto, pessoas que teoricamente deveriam ser entusiastas das transformações em curso.  

Tamanho ruído se justifica. Afinal, há mesmo quem diga que tais transformações tecnológicas marcarão uma ruptura fundamental na forma como organizamos a economia. Em outras palavras, a era da inteligência artificial marcaria o fim do capitalismo. 

Será para tanto? Trata-se de uma previsão vaga. Afinal, dizer que tecnologia X ou Y levaria à superação do capitalismo implica afirmar que o termo “capitalismo” abarca um conjunto homogêneo de instituições e relações entre indivíduos e firmas ao redor do planeta. Não é o caso. 

O que deveria nos interessar é avaliar se a emergência dos sistemas de inteligência artificial é compatível com o binômio “economia de mercado/democracia liberal” que, com nuances, sustentou o crescimento econômico acelerado e a prosperidade da maioria da população em algumas dezenas de países entre o fim da Segunda Guerra Mundial e a virada do século XXI.  

Isso significa questionar se a inteligência artificial permitiria a estabilidade de sistemas políticos e econômicos baseados em dois princípios fundamentais: (1) consensos amplos sobre as regras básicas de funcionamento da sociedade; e (2) competição leal tanto na esfera econômica quanto na esfera política.   

Não precisamos esperar a chegada dos robôs inteligentes para concluir que, em ambos os casos, há motivos para preocupação. Diante da polarização política crescente e do aumento da desigualdade econômica, é provável que estejamos atravessando um momento de transformação ainda mais profunda no binômio “economia de mercado/democracia liberal”.

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, a impressão é a de perda da habilidade de definir prioridades e executar planos ambiciosos para atingi-las, deixando que a competição acirrada nos mostrasse as respostas. O resultado indireto foi a redução dos espaços de diálogo. Daí surge o principal desafio contemporâneo: não é tanto a emergência de tecnologias o que nos ameaça, mas a incapacidade de definir como regular tais novidades.   

Ainda assim, estamos diante de um desafio para os chamados “países desenvolvidos”. No Brasil, o desafio é ainda maior. Teremos que lidar com a dificuldade de melhorar a qualidade de nosso arcabouço institucional ao mesmo tempo em que aprendemos a navegar em um mundo caracterizado pelas rupturas tecnológicas. Não será nada fácil.  

BRUNO VARELLA MIRANDA

Professor Assistente do Insper e Doutor em Economia Aplicada pela Universidade de Missouri

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