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(Imigr)ação e reação

BRUNO VARELLA MIRANDA

EM 27/05/2015

4 MIN DE LEITURA

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Foto ilustrativa: Ivan Padovani/ Café Editora
Foto ilustrativa: Ivan Padovani/ Café Editora

Imagens de embarcações repletas de refugiados são uma triste constante no noticiário sobre a Europa. Na América do Norte, o deserto é o grande obstáculo natural a ser vencido por milhares de indivíduos em busca de melhores condições de vida. Não raramente, artigos descrevendo o sofrimento no Mar Mediterrâneo dividem a mesma página com textos abordando a preocupação de parte da opinião pública dos Estados Unidos quanto à porosidade das fronteiras do país.

Um aspecto trágico desses movimentos humanos é a sua relação com os rumos da agropecuária em muitos países em desenvolvimento. Momentos de depressão nos preços de commodities ou de instabilidade política são o estopim perfeito para o aumento do fluxo de refugiados. Erodidas as possibilidades de produzir ou de obter uma recompensa digna pelos resultados de seus esforços, não deveria surpreender que milhares de humanos busquem o norte do planeta anualmente.

O que leva, então, um indivíduo a deixar sua história para trás e arriscar a vida em uma embarcação ou na travessia de um deserto? O motivo mais óbvio, e o que costuma aparecer nas análises mais sucintas do tema, é a existência de conflitos militares. Os estragos de uma guerra civil, porém, não se limitam àquilo que os olhos humanos observam de forma instantânea. Além das mortes e da destruição, predomina a incerteza, algo que impede qualquer decisão econômica de médio prazo. Produzir sob tais circunstâncias é quase impossível. A sobrevivência passa a depender de atividades que ofereçam resultados no curtíssimo prazo.

Outros eventos mais sutis igualmente deterioram as condições de vida, motivando a emigração. A queda acentuada das cotações internacionais de café após o fim do Acordo Internacional do Café, por exemplo, serviu como um empurrão extra para a emigração para milhares de cidadãos dos países da América Central. No México, as importações de milho subsidiado produzido nos Estados Unidos contribuiu para que um grande número de agricultores abandonasse as zonas rurais, buscando as periferias do país ou alguma oportunidade no vizinho mais rico.

Há casos em que preços bons e certa estabilidade política não bastam. É preciso ser capaz de produzir. Estudos recentes sugerem que a mudança climática tem contribuído para exacerbar os movimentos humanos. É possível que, no futuro, milhares de agricultores sejam incapazes de responder aos incentivos trazidos pelo mercado, simplesmente porque antes terão que entender novas e desafiadoras condições. Onde faltar edução, apoio do governo e a presença de uma iniciativa privada capaz de facilitar a transferência de tecnologia em condições convenientes para ambas as partes, deverá ocorrer esvaziamento populacional caso os céus trouxerem más notícias.

Nem todos emigram ao mesmo tempo, entretanto. Muitas vezes, os homens partem primeiro, na esperança de assegurar alguma renda para aqueles que permaneceram. Enquanto a reunificação familiar não ocorre, uma perigosa mistura de marginalização e baixa produtividade se reforça mutuamente. Em muitas sociedades, mulheres têm acesso bastante limitado à educação e sofrem preconceito para se inserir na economia formal. Ao mesmo tempo, carregam o pesado fardo de lutar por melhores condições para os filhos e trabalhar duro na lavoura.

A pergunta que nos resta fazer é o que nós, brasileiros, temos a ver com isso tudo? A resposta é: muito. Nossa longa história de êxodo rural e exclusão social nas periferias das grandes cidades nos mostra diariamente a importância de pensarmos em soluções alternativas para a pequena agricultura ao redor do planeta. Por termos sido incapazes de resolver nossos próprios problemas, deveríamos estar atentos aos exemplos observados em cada sociedade, usando essa diversidade como um "laboratório" para a busca de soluções para nossos dilemas.

Por outro lado, em um momento em que muitos criticam a suposta retração da política externa brasileira, uma possível iniciativa seria a intensificação da cooperação agrícola com os países mais pobres do mundo. Não estaríamos diante de uma mera transferência de conhecimento, e sim de um intercâmbio de experiências. O desafio vai além da adoção de práticas agrícolas adequadas: se quisermos respostas adequadas no longo prazo, devemos desenvolver, em parceria com as comunidades locais, estruturas institucionais inovadoras.

Não é necessário avançar muito no noticiário para perceber que, em certa medida, os países desenvolvidos optam pelo aumento das patrulhas e pela construção de muros para impedir a entrada de imigrantes. Justiça seja feita, algo de ajuda também é enviado, ainda que parte dela se perca em meio à ineficiência e à corrupção. Já que queremos assumir um lugar de protagonismo na esfera internacional, por que não priorizar os programas de ponta em cooperação que incorporem os distintos aspectos da produção agrícola? A Embrapa, que já faz um interessante trabalho na África, poderia auxiliar nesse processo de aprofundamento do intercâmbio.

E, antes de qualquer crítica a um suposto fortalecimento de nossos concorrentes, um lembrete: em apenas algumas décadas, teremos bilhões de humanos a mais para alimentar e um planeta do mesmo tamanho, ou talvez um pouco "menor" devido à mudança climática. Logo, espaço haverá para todos no mercado. Oportunidades econômicas, entretanto, exigem estabilidade política. Para a agricultura, um mundo em que menos pessoas tenham que emigrar pela deterioração das condições na zona rural é também um melhor lugar para prosperar.

BRUNO VARELLA MIRANDA

Professor Assistente do Insper e Doutor em Economia Aplicada pela Universidade de Missouri

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JOSÉ HESS

CURITIBA - PARANÁ

EM 09/06/2015

Não confundam os filhos seus com os filhos dos outros. E não podemos comparar a educação milenar japonesa e europeia com outras etnias e culturas que invadem os países sem nenhum preparo educacional ou profissional.

O que eu falei é que temos de absorver com critérios e não simplesmente incentivar a criação de favelas e condições sub humanas. O controle de natalidade é vital nestes casos cria-se o que se pode manter.  Estão desovando haitianos no Brasil sem se preocupar onde vão morar, quais serão suas opções de emprego e de vida como incorporar sua cultura do Haiti a nossa. Quando acabar os empregos para eles como que ficarão? Mais pobreza, mais favelas, mais criminalidades. Nós devemos nos preocupar pois sabemos que nem para os brasileiros o governo da condições de qualidade de vida e isso vai retornar par nós cidadãos.   
BRUNO VARELLA MIRANDA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 01/06/2015

Prezado Nisio,



Obrigado pela participação. Aproveito para convidá-lo a sempre deixar suas impressões por aqui, propondo temas que considerar relevantes, interagindo com os outros leitores e apontando outros caminhos para analisarmos os temas aqui discutidos,



Seu comentário abre várias frentes de discussão interessantes. Gostaria de chamar a atenção para a colocação que o inicia, de que "o homem assume prioridade na escala de importância". Concordo que esse objetivo deveria guiar o desenho de qualquer política. O interessante é observar a existência de inúmeras interpretações para tal demanda, e como muitas vezes essas distintas visões são, em grande medida, incompatíveis entre si.



Entender os processos que fazem com que uma determinada interpretação para "bem-estar humano" se consolide em detrimento de outras constitui uma importante tarefa. O fato é que ainda estamos longe de entender um fenômeno social com tamanha complexidade.



Atenciosamente



Bruno Miranda



  
NISIO JOSE SOARES

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS

EM 30/05/2015

Abordagem interessante com força no humanismo, onde o Homem assume prioridade na escala de importância em tempos de recrudescimento de conflitos étnicos, xenofobismo e deus mercado. Do nosso Brasil vemos um misto de mídia terrorista com ignorância cultural a produzir dia e noite conflitos políticos, usando futricas, intrigas e fofocas. Por outro lado, temos o Brasil com uma natureza profícua e aplicando tecnologias, destacou o produtor rural com atenção do mundo e tem muito a contribuir como principal fornecedor de alimentos e de ensinamentos aos países pobres. Lembramos que hoje o filho do produtor rural pequeno, médio ou grande está buscando sua independência na atividade do agronegócio ao contrário do que se via tempos atrás. No Tocante ao comentário de controle de natalidade, temos de lembrar o esforço que a maioria dos países da Europa faz atualmente para incentivar o aumento da população, em detrimento do encolhimento da população e do futuro do seu país.
BRUNO VARELLA MIRANDA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 29/05/2015

Prezado José,



Agradeço o comentário. Uma das respostas mais efetivas caso a intenção seja o controle de natalidade é o crescimento econômico e o investimento em educação. Basta comparar as taxas de natalidade nos países desenvolvidos e nas nações mais pobres. O interessante é notar que em muitos Estados da Europa e no Japão, a preocupação é inversa: nascem menos pessoas do que seria necessário para manter, pelo menos, a estabilidade da população.



Atenciosamente



Bruno Miranda
JOSÉ HESS

CURITIBA - PARANÁ

EM 28/05/2015

Acho que cada país tem de resolver a sua pobreza investir nos locais como países da África é o caminho certo, mas ao mesmo tempo deve-se ter uma política de controle de natalidade urgente, os pais e famílias destes lugares tem de se educar e ter responsabilidade em fazer filhos, pois não podemos os cidadãos do mundo que se planejam por décadas em se organizar econômica e socialmente, ficarem responsáveis pelos atos irresponsáveis de outros, ou seja não podemos pagar a conta do nascimento exagerado e sem expectativa dos filhos dos outros, isso nunca vai terminar .Fazer filho é fácil o dificil é sustentar e quem vai sustentar????

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