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Um pensamento vivo 1

POR CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

CELSO VEGRO

EM 14/06/2010

2 MIN DE LEITURA

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A Revista do Café, em sua edição comemorativa do centenário do Centro do Comércio de Café do Rio de Janeiro, publicou entrevista com o ex-ministro (agricultura e economia), ex-deputado federal e professor emérito da FEA-USP, Dr. Antônio Delfim Netto (abaixo). Percorrendo as quatro páginas que compõem a matéria, nos damos conta da estonteante lucidez com a qual se posiciona o professor. As temáticas abordadas há quase 20 anos atrás continuam pertinentes, pois transitam em torno dos problemas dos quais ainda muito padece a cafeicultura brasileira.

O grau de tutela governamental sobre o agronegócio aparenta consistir no aspecto fundamental da análise do professor Delfim. Como bem denota o professor, a administração pública do mercado de café fazia algum sentido macroeconômico quando a pauta exportadora brasileira era, majoritariamente, dominada pelos embarques de café. Atualmente e felizmente para a nação, não é mais assim! A diversificação da matriz econômica-(agro)industrial brasileira não possibilita qualquer chance de êxito em tentativas de gerir um mercado específico ou administrar a taxa de câmbio.

Recentemente, as lideranças da cafeicultura tornaram a empenhar-se pelo reestabelecimento de políticas públicas de intervenção no mercado de café com um importante diferencial inovativo: as políticas estariam moldadas para adequarem-se ao ciclo bienal de produção. Se por um lado não se pode continuar demonizando a subvenção pública para a produção agropecuária, por outro, deve-se ter muito claro a limitação do poder público em alcançar metas em ambientes sumamente complexos como é, atualmente, a financeirização que controla desde a produção até as transações de commodities.

A experiência passada demonstrou que as tentativas de administrar o mercado por meio de cotas, retenções e outros procedimentos artificiais foram extremamente prejudiciais aos interesses da cafeicultura brasileira. Todos devem se recordar do fracasso que foi a Associação dos Países Produtores de Café (APPC) que, em 2001, tentou frear as exportações dos países signatários e gerou uma perda estimada por mim e pelo meu colega Luis Moricochi de US$400 milhões em receitas cambiais naquele ano safra.

Devemos ter políticas públicas apropriadas, entretanto priorizando aquelas que são pró-mercado como os contratos de opções; as subvenções para a contratação de seguro (segurança contratual); o financiamento continuado visando o incremento da qualidade do café brasileiro; etc... Essa história de que a cafeicultura no Brasil vai acabar é uma tremenda balela. O professor Delfim nos lembra de que "não é o café que acaba, mas a propriedade que muda de dono".

1 O resgate da entrevista foi uma sugestão do Dr. Guilherme Braga, diretor executivo do Cecafé.



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CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

Eng. Agr., MS Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade. Pesquisador Científico VI do IEA-APTA/SAA-SP

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CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 21/06/2010

Prezado Fenando de Souza Barros Jr.
Seus comentários sempre são uma fonte de estímulo para este modesto analista. Obrigado por trazê-los à minha apreciação.
Casualmente acabo de disponibilizar nova análise que pode elucidar aquilo que penso sobre bolsas, cotações, quem ganha e quem perde, etc..
Veja lá e voltamos ao debate, certo?
Abçs
Celso Vegro
CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 21/06/2010

Prezado Leopoldino F. Júnior
Continue a acompanhar esse escriba. Todavia, cuidado, pois ele pode vir a lhe confundir em caráter permanente.
Abçs
Celso Vegro
CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 21/06/2010

Prezado PH
Consultor com sua perspicácia é algo pouco freqüente no mercado, por isso aproveite. Os temas pinçados por você são mesmo importantíssimos e denotam o grande poder visionário do prof. Delfim Netto.
Uma revelação: sou pesquisador do IEA que pertence a rede de institutos estaduais do qual faz parte o IAC. Ingressei no serviço público em 1992 e me lastimo imensamente não ter conhecido pessoalmente o Dr. Alcides Carvalho, pois ele veio a falecer em 1993. Em contrapartida, já tive a oportunidade de trocar longas idéias com o prof. Delfim e tenho para mim que esses encontros tem sido o meu maior aprendizado em economia cafeeira. Essa tem sido uma grande sorte para mim em poder receber ensinamentos desse que continua sendo nosso maior mestre.
Abçs
Celso Vegro
PAULO HENRIQUE LEME

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 18/06/2010

Caro Celso,
Que belo presente você nos proporcionou. A entrevista do Mestre Delfim é fantástica e poderia, como você bem disse, ser publicada hoje com a mesma precisão que fora publicada há longínquos (?) nove anos atrás...
Tive o cuidado de pinçar alguns trechos oportunos:

"Mas uma coisa é certa: só vai sobrar no mercado quem for bom e competitivo."
"Tem que acabar essa ideia de que o Brasil vai fazer isso, aquilo."
"Brasil não é marca coisa nenhuma. Precisamos produzir uma marca. Porque Café do Brasil hoje é tudo: é robusta, é conilon, é bebida mole..."

A profissionalização do agricultor é um fato inevitável, por menor que ele seja. Ter o controle de sua produção e trabalhar com inteligência sua comercialização é algo que serve tanto para o grande quanto para o pequeno e, principalmente, para os médios.

Por isso, tenho pregado o termo "trabalhar o padrão de qualidade", que é, em verdade, ter a plena consciência dos lotes que estão sendo produzidos e adotar uma estratégia de comercialização adequada para eles, sempre pensando no médio prazo. Isto porque, não adianta desenvolver um canal de comercialização nesta safra e deixar seu comprador sem produto ano que vem. E esta estratégia deve ser adotada tanto para as qualidades inferiores como superiores.

Outro trecho fantástico do Mestre Delfim remete à diferenciação dos Cafés do Brasil. A diferenciação não deve ser feita pelo governo, mas pela iniciativa privada! Delfim previu com perspicácia o movimento dos cafés especiais que aconteceria no Brasil nos anos vindouros. Atualmente, são muitas fazendas que investem na diferenciação de seu produto. Algo irreversível.

Atualizando um pouco este pensamento para hoje, acredito que um novo movimento está surgindo, através das associações de produtores que começam a vislumbrar o potencial de posicionar seus cafés FORA DO CAFÉ COMMODITY DO BRASIL. E nosso potencial é incrível, e pode ser feito através das diversas certificações existentes e, principalmente, pela indicação geográfica. Regiões que estão na linha de frente deste processo: Cerrado mineiro, Norte Pioneiro do Paraná, Oeste da Bahia, Região de Espírito Santo do Pinhal - SP, Montanhas de Minas, dentre poucas outras.

Destaco também o movimento dos produtores de café Faitrade (comércio justo) do Brasil que caminham, a largos passos, para se tornarem os maiores fornecedores de café de comércio justo do mundo! Uma vitória para o setor cafeeiro, cuja grande maioria ainda é de pequenos produtores. Sua união e trabalho poderão num futuro próximo posicionar o Brasil como detentor do café mais socialmente justo do planeta (ou seria isto apenas um reconhecimento de uma verdade?).

Por fim, termino esta longa intervenção, citando um último trecho do eterno Ministro: "Café é um hábito formador - e não adianta dizer que não tem importância."

Um abraço amigo e obrigado!

Paulo Henrique Leme (PH)
P&A Marketing Internacional

Obs: É muito fácil escrever tendo como alicerce um documento histórico como esse!
LEOPOLDINO FIGUEIREDO JÚNIOR

VITÓRIA - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 17/06/2010

Essa, sim, foi uma entrevista elucidativa, e, de tanta importância atual, continua valendo.
FERNANDO DE SOUZA BARROS JR.

SÃO PAULO - SÃO PAULO - TRADER

EM 16/06/2010

Prezados Companheiros,
A entrevista com o professor e ex Ministro Delfin Neto foi muito boa para refrescar a nossa memória.

Ocorre que apesar do café hoje não ter a representatividade que já teve na pauta de Exportações ainda sustenta alguns milhões de empregos em nosso País.

Agora meus amigos, com 50% do mercado de café arábica do mundo voce vender a uma média de U$40 por saca mais barato do que a concorrencia nos ultimos treze anos dando um prejuizo ao Brasil de 11.200 bilhòes de dolares, num autentico dumping e ainda uilizando do Pis e Cofins (9,25%) cerca de 15 dolares por saca para subsidiar a exportação, tem que perder a importancia na Pauta mesmo!

Não tem Gestão, Planejamento e o que existe é aumento de Dívida e impostos. Quanto a dizer que é Commoditie, uma mercadoria que não é negociada em Bolsa Intenacional é estranho!! Mas é
precificada em cima de uma cotação (a de N.YORK), que não é a de nosso café.

É uma operação muito bem montada para o Torrador se beneficiar e não o produtor que não sabe nem como é formado o preço de seu café e quando aprende fica horrorizado vendo a Colombia vender hoje (por exemplo) o seu café R$200,00 mais caro por saca.

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