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Sob o Signo da Desorientação

POR CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

CELSO VEGRO

EM 15/03/2016

3 MIN DE LEITURA

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Por Celso Luis Rodrigues Vegro, Eng. Agr., M.S., Pesquisador Científico do IEA

Na média das três primeiras semanas do mês de fevereiro de 2016, o mercado de juros futuros da BM&F-Bovespa exibia inclinação positiva para curva futura de juros. Entretanto, passou a demonstrar atenuação em sua inclinação a partir da quarta semana. Dois vetores contribuíram para essa mudança no humor no mercado: a) aparente perda de eficácia da elevação da Selic na contenção do processo inflacionário; e b) risco de imagem da autoridade monetária ao se mostrar hesitante quanto a política a ser implementada (Figura 1).



Movimento similar foi observado para a média semanal das cotações futuras do mercado de dólar. Os investidores arrefeceram suas expectativas para a conversão cambial a partir da quarta semana do mês. A melhora dos saldos cambiais obtida nas transações internacionais associada a relativa perda de dinamismo da economia estadunidense promoveram reequilíbrio na paridade cambial dólar x real (Figura 2).



Em fevereiro de 2016, os contratos futuros de café arábica na Bolsa de Nova York exibiram amplas variações. Enquanto na média da primeira semana do mês a cotação para o segundo vencimento assinalava US$¢124,29/lbp, na última registrava US$¢119,47/lbp, ou seja, 3,88% de desvalorização do produto. Tal declínio deve-se, em parte, ao satisfatório regime hídrico observado nos principais cinturões cafeeiros de arábica no Brasil, ensejando expectativas bastante otimistas para a safra 2016/17 (Figura 3). Ademais, há informações de que o Vietnã retomou o ritmo de seus embarques após fracassada tentativa de ordenar o mercado, objetivando forçar melhoria das cotações, consideradas não remuneratórias.

Em Franca, principal cinturão produtor paulista, os cafeicultores receberam R$490,98/sc. em fevereiro, segundo dados diários contabilizados pelo IEA/CATI2. Esse preço convertido pelo dólar médio do mês (US$1,00=R$3,97)3 representava US$123,67/sc., o que representa menos de US$¢95,00/lbp. Diante desse preço recebido, a estratégia de aquisição de contrato futuro, para entrega em março de 2017, poderia ser vantajosa, uma vez que a cotação média praticada naquele mercado para a última semana do mês era de US$¢124,95/lbp.


O mercado futuro de café robusta na Bolsa de Londres, em fevereiro de 2016, começou o mês com média cotações mais elevadas, vindo a perder alavancagem ao longo do mês. Mudança na estratégia comercial vietnamita4 e suprimento considerado suficiente por parte dos importadores estão pressionando esse mercado (Figura 4).



Os efeitos do El Niño sobre a frutificação dos cafezais da Colômbia, do Vietnã e do cinturão capixaba de conilon poderão exercer alguma pressão sobre as cotações a partir de março, pois seus efeitos se tornaram mais aparente em termos de produtividade das lavouras. No Brasil, existe ainda o temor de que, com a substituição do El Niño (já bastante enfraquecido) pela La Niña, ensejem-se maiores probabilidades de que as massas polares atinjam os cinturões de arábica. Aparentemente, a especulação motivada pelo clima deve se iniciar mais cedo nesse ano.

O movimento de compra e venda de contratos futuros em Nova Iorque manteve-se majoritariamente vendido, sinalizando que os investidores esperam novas baixas nas cotações. Tal posicionamento alicerça-se na proximidade da colheita no Brasil que deve ultrapassar as 50 milhões de sacas, sendo mais de 40 milhões somente de arábica.


O mercado financeiro internacional vivencia momento de grande instabilidade, o qual, por sua vez, reflete-se no mercado das commodities5. Diversos fatores, de díspares naturezas, têm desorientado os investidores. Certamente, sob esse clima, deve prevalecer forte volatilidade para as cotações nos próximos meses.

__________________________________________________
1O autor agradece o trabalho de sistematização do banco de dados econômicos conduzido pelo Agente de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do IEA, o analista de sistemas Paulo Sérgio Caldeira Franco.

2INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA - IEA. Banco de dados. São Paulo: IEA. Disponível em: <https://ciagri.iea.sp.gov.br/precosdiarios/precosdiariosrecebidos.aspx>. Acesso em: 4 mar. 2016.

3BANCO CENTRAL DO BRASIL - BCB. Sistema de Pagamentos em Moeda Local – SML: Brasil x Argentina. Brasília: BCB. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/?RED-PROCEDTAXA>. Acesso em: 4 mar. 2016.

4EXPORTAÇÕES de café do Vietnã batem expectativas novamente. CaféPoint, São Paulo, 3 mar. 2016. Disponível em: <https://www.cafepoint.com.br/noticias/internacional/exportacoes-de-cafe-do-vietna-batem-expectativas-novamente-99147n.aspx>. Acesso em: 4 mar. 2016.

5VEGRO, C. L. R.; FRANCO, P. S. C. A subsunção das commodities. CaféPoint, São Paulo, 29 fev. 2016. Disponível em: <https://www.cafepoint.com.br/blogs/cenas-e-fatos-do-agro/a-subsuncao-das-commodities-99075n.aspx>. Acesso em: 4 mar. 2016.
 

CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

Eng. Agr., MS Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade. Pesquisador Científico VI do IEA-APTA/SAA-SP

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CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 16/03/2016

Prezada prof. Mara

Grato pela paciência com as confusões desse pesquisador.

Veja, que seus comentários são nitidamente lançados a partir de um ponto de vista do investidor enquanto meu artigo é destinado para assessorar os cafeicultores. Essa discrepância não me permite tecer uma correta apreciação sobre o que apresenta.

Como expressa o título, a análise expressa uma incapacidade de elaboração de cenários possíveis (veja que referenciei o Subsunção). A desorientação incrementa a insegurança e a insegurança move o pêndulo mercadoria x dinheiro para esse último componente asfixiando a economia real.

Enfim, esse é o momento que vivemos. Talvez no futuro olharemos para trás para refletir que nosso mundo era mesmo algo estupidamente irracional.

Abçs

Celso Vegro
MARA FREITAS

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 16/03/2016

Celso,



creio que a influência de mercado esteja relacionada a tendência ascendente das cotações Brent Crude Future na ICE Exchange. Petróleo sempre foi o principal concorrente do café no mercado financeiro.



No tudo mais, credito a oscilação na bolsa brasileira a uma explosiva combinação da incapacidade dos atores da cadeia produtiva gerarem informações estatísticas que minimizem expressivamente a assimetria de informação, com o desempenho de outras carteiras de investimento disponíveis na BMF/Bovespa. Até mesmo o Tesouro Direito está com desempenho melhor do que os contratos de café.



E como sabe, mercado financeiro não tem nada haver com clima, mas sim a possibilidade de especulação que a informação sobre o clima gera para mercado. O café na verdade, neste jogo, não importa. É só um papel.

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