Com expectativa de redução de estoques, de acordo com a OIC, o mercado cafeeiro inicia o ano com a comercialização fraca.
Segundo o relatório da Organização Internacional do Café (OIC) divulgado em 15 de janeiro, a previsão da safra mundial 2007/08 está estimada entre 109 milhões e 112 milhões de sacas, ante 122 milhões da safra anterior. Essa redução deve-se principalmente ao baixo volume previsto para a safra brasileira que, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), será em torno de 32 milhões de sacas, bem abaixo das 42,5 milhões de sacas de 2005/06. Já para o consumo mundial, espera-se 120 milhões de sacas, o que deverá gerar déficit da ordem de 11 milhões de sacas. Dessa forma, os estoques mundiais - em torno de 19 milhões - podem aproximar-se dos menores níveis registrados nos últimos 20 anos.
Com esse cenário de escassez da commodity, o mercado físico nacional segue em ritmo lento com poucas ofertas do produto e com produtores à espera de elevação do preço para comercializar a safra passada. De acordo com o Conselho Nacional do Café (CNC), apenas 50% da safra foi comercializada, demonstrando a postura conservadora dos produtores. Até 23 de janeiro, a cotação média da saca de café arábica - bica corrida, tipo 6, na região do Cerrado Mineiro - acumulava declínio de 4,8%, sendo R$280,13/saca, segundo o Centro de Estudos de Economia Aplicada (Cepea).
Em 2006, as exportações de café atingiram o maior volume exportado da história, com 27,3 milhões de sacas, ante 26,5 milhões de sacas em 2005, conforme dados do Conselho dos Exportadores de Café (Cecafe). Devido à forte valorização da mercadoria no mercado internacional, a receita cambial também chegou à marca inédita de US$3,3 bilhões ante US$2,9 bilhões em 2005, representando elevação de 12,7%.
No mercado futuro da BM&F, os preços fecharam, em 24 de janeiro, em US$140,10/saca para março/07; US$144,70/saca para maio/07, US$178,75/saca para julho/07; US$152,95/saca para setembro/07; e US$158,00/saca para o vencimento dezembro/07. Na Nybot, as cotações ficaram em US$¢116,95/lb para março/07; US$¢120,15/lb para maio/07; US$¢123,10/lb para julho/07; US$¢125,90/lb para setembro/07; US$¢129,55/lb para dezembro/07; e US$¢133,05/lb para março/08. As bolsas Nybot e Liffe apresentaram comportamento volátil devido à participação dos fundos de investimentos e das expectativas de diminuição dos estoques de café no mercado internacional.
Gáfico 1 - evolução dos preços futuros do café arábica.
O retorno diário dos preços do contrato futuro de café arábica para o vencimento março/07, negociado na BM&F nos últimos dias de janeiro, situou-se entre o máximo de 1,70%, em 10 de março, e o mínimo de -4,13%, em 5 de janeiro (Gráfico 2). Esse período caracterizou-se por um mercado de alta volatilidade, seguindo os mercados internacionais, com movimentos característicos de incerteza sobre os volumes produzidos na próxima safra.
Gáfico 2 - retorno diário do contrato futuro de café arábica - vencimento março/07.
A análise dos preços entre BM&F e Nybot (Gráfico 3) demonstra estreitamento do diferencial devido às ofertas reduzidas do café no mercado interno, fortalecendo os preços internos.
Gráfico 3 - diferencial de preços entre bm&f e nybot (2004-2006).
O mercado futuro e de opções de café arábica transacionaram na BM&F, aproximadamente, 41 mil contratos até 24 de janeiro, significando queda de 7,9% comparada ao mesmo período do ano passado (44,5 mil). Em 23 de janeiro, a participação dos investidores não-residentes na posição comprada foi 17,3%; e de 23,90% na posição vendida.
Na classificação da BM&F, foram certificadas 540.800 sacas de café, representando redução de 11,20% em relação ao mês anterior (posição até 26 de dezembro).