Com produção elevada, exportações aquecidas e aumento do consumo interno, o setor comemora o bom ano.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou o fechamento da safra 2006/07 com resultados altamente positivos para o setor produtivo. A produção de café nessa safra foi de 42,5 milhões de sacas de 60kg, o que representa incremento de 29% em comparação com o volume anterior (32,9 milhões de sacas). Esse aumento é decorrente principalmente da bianualidade da cultura, que ocupou área superior a 2,1 milhões de hectares contra 2,2 milhões de hectares na safra anterior, reflexo da alta na produtividade.
Para a safra 2007/08, o primeiro levantamento da Conab estima entre 31,1 milhões e 32,3 milhões de sacas, em que o café arábica deve representar em torno de 70% da produção total estimada, situando-se entre 21,3 e 22,4 milhões de sacas, ocupando área em torno de 2 milhões de hectares. Essa projeção representa declínio de 26% em relação à safra anterior, devido à bianualidade negativa da cultura e à escassez de chuvas após a colheita nas áreas produtoras, o que impediu a formação de florada regular.
Em 2006, os resultados das exportações de café, segundo o Conselho dos Exportadores de Café (Cecafe), foram positivos com volume de 26,5 milhões de sacas, ou incremento de 1,2% em relação a 2005 (26,2 milhões de sacas). Devido aos bons preços praticados no mercado internacional, mesmo com o câmbio interno desvalorizado, a receita cambial foi de US$3,2 bilhões. Esse número revela elevação de 10,2% ante 2005 (US$2,9 bilhões).
Assim como a produção e a exportação, o consumo de café per capita no mercado interno vem crescendo aproximadamente 2,8% nos últimos anos: 4,2kg por habitante de café torrado, equivalente a 15,9 milhões de sacas, conforme a Associação Brasileira das Indústrias de Café (Abic). Essa alta é superior ao crescimento mundial, que evolui em torno de 1,5%.
As cotações dos futuros na BM&F (tabela 1) fecharam em 26 de dezembro em US$153,35/saca para março/07; US$156,50 para maio/07; US$160,50 para julho/07; US$164,15 para setembro/07; e US$168,70 para dezembro/07, com média superior a 2.500 contratos negociados ao dia em dezembro.
Fonte: BM&F.
Tabela 1 - Cotações dos contratos futuros de café arábica na BM&F.
O retorno diário dos preços para o contrato futuro de café arábica para vencimento março/07 situou-se no máximo de 4,2%, em 23 de outubro, e mínimo de -3,2%, em 8 de setembro (gráfico 1). O crescimento da volatilidade dos preços, no segundo semestre de 2006, é resultado do período em que o mercado buscava novos patamares tanto no mercado físico como no futuro.
Gráfico 1 - Retorno diário do contrato futuro de café arábica - vencimento março/07.
Em novembro, na Bolsa de Mercadorias & Futuros, o café arábica bateu recorde histórico de 71.675 contratos, 44,3% acima do mesmo mês de 2005 (49.672) e 75,2% superior a outubro (40.920). Em 28 de novembro, foram 8.901 contratos, ante os 6.989 do recorde anterior, de 27 de abril de 2001. No mesmo dia, o volume em reais e em dólares também foi recorde, com R$288,8 milhões, equivalente a US$131,9 milhões. Em 2006, até o dia 26 de dezembro, foram 525.429 contratos, o que representa 52,5 milhões de sacas. O volume foi de 8,1% maior se comparado com o total de 2005, representando aproximadamente duas vezes a safra 2006/07 de café arábica.
Até 26 de dezembro, foram classificadas 609.200 sacas de café no Departamento de Classificação da BM&F - elevação de 70% em relação ao mesmo período do ano anterior.