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Réquiem para um liberal

POR CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

CELSO VEGRO

EM 26/06/2009

2 MIN DE LEITURA

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Em audiência pública nessa semana , a Comissão de Finanças da Câmara dos Deputados abriu suas portas para receber mais de uma centena de cafeicultores acompanhados de suas lideranças para tratar do endividamento crônico dos cafeicultores de arábica. Após preleções técnicas e discursos carregados, recebe a palavra ilustre economista e consultor com grande vivência em temas agrícolas para, assim como a si mesmo propôs, "reavaliar a realidade do café no Brasil"!

Dentre as solucionáticas apresentadas pelo reputado consultor, três delas a mim fizeram cair o queixo, senão vejamos:

1 - Instituição de uma Bolsa de Sustentação para a cafeicultura nos mesmos moldes do Bolsa Família;

Pelos cálculos do consultor seria necessário aproximadamente R$ 1,5 bilhão para atender com a contribuição de R$ 1 mil/mês para os cafeicultores que atendessem alguns princípios (legais e ambientais, fundamentalmente).

2 - Reinstituir um programa de Retenção do Café;

Parece que o passado nada tem por ensinar. Será que é preciso ainda mais estudos para demonstrar que a última tentativa de ordenar o mercado internacional por meio do orquestramento entre os países produtores de seus embarques foi um lamentável fiasco! A perda estimada para a cafeicultura brasileira foi da ordem dos US$ 450 milhões. Não há melhor maneira de prejudicar mais o segmento no Brasil do que reinstituir outro tipo de retenção ou qualquer coisa similar (confisco, por exemplo);

3 - Criar a Companhia Brasileira do Café.

Ao que parece o consultor quis com essa proposta instituir personalidade jurídica para gerir o FUNCAFÉ.

Mediante tais considerações compete a este escriba tecer seu canto de descanso. A ela, portanto, vamos.

Parcela algo expressiva dos cafeicultores desse País espera do Governo aquilo que somente deles mesmos caberia extrair. Clamam ao Governo que faça tudo aquilo que a eles compete realizar! Querem que o Governo a suas terras venha amanhar; que escreva os manuais que lhes ensine a manejar suas lavouras; que crie as empresas que comprem o fruto de suas colheitas. Enfim, lamuriam ao Governo que a mesa ponha o pão e ainda mais, em abundância suficiente que não somente os nutrir como também à toda sua família e demais agregados.

Tudo, por todos os séculos dos séculos é o Governo. Ao Governo delegam toda sua vontade e iniciativa e de braços cruzados põem-se a esperar que a próxima etapa do processo civilizatório lhes caia ao colo tal qual surge a luminosidade numa manhã radiosa. Esse País mal está, pois se avolumam almas sem tônus; braços languidamente flácidos e cérebros sem ação! São tal quais jacarés que ao sol se acomodam para cochilar crentes de que o berço é mesmo esplêndido. Tolos são esses homens, quando por si derem já será tarde, pois a esclerose terá chegado e o enfarte os fulminarão.

Felizmente dentro do Governo temos homens sensatos como o demonstra ser o Sr. Secretário Adjunto de Política Econômica. Firmemente aguentou o destrato, ressaltando que o que havia de se fazer, feito o havia sido, e se acaso existem problemas, eles são localizados. Esse é verdadeiramente um técnico de Governo e espero que se mantenha por ainda bom tempo à frente dos assuntos relativos à cafeicultura.

Alerta: esta análise foi totalmente inspirada pelo conto:
A CATÁSTROFE - Eça de Queirós, 1879

CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

Eng. Agr., MS Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade. Pesquisador Científico VI do IEA-APTA/SAA-SP

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LUCIANO JACINTHO DA SILVA

IBIRACI - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 13/08/2009

Totalmente descabidos os comentários tecidos pelo insígne consultor. Percebe-se claramente que nunca entrou em uma lavoura de café e tampouco tem ideia do que é vender uma saca de café a R$ 250,00. O nobre articulista esquece-se que há tempos convivemos com uma moeda sobrevalorizada, o que não permitiu o acúmulo de gordura para ser queimado em tempos de crise.

Com os preços atuais, somente obtém algum rendimento com o café aqueles que possuem uma colheita totalmente mecanizada. Todavia, a mudança para a mecanização da colheita não é um mero ato de vontade. Primeiro é necessário topografia, depois vultosa soma de investimento e finalmente tempo, cerca de cinco anos até que a lavoura tenha porte para ser colhida por máquinas. Supondo que o produtor possua a terra apropriada, como conseguir os recursos para implementar o plantio e esperar o tempo necessário?

Por fim, o produtor não necessita de esmola, porém tem o direito de obter algum rendimento pelo trabalho despendido horas a fio sob sol escaldante. Entretanto, o que se verifica atualmente é aumento da dívida e vez por outra o seu rolamento. Será que esse modelo vai continuar até que as dívidas sejam maiores que o patrimonio acumulado, por que o argumento de que é necessário aumentar a produtividade só é defendido por quem nunca viu um pé de café e não sabe que hoje em dia o produtor só falta colocar doce de leite no cafezal na tentativa de aumentar a produção.
RENATO H. FERNANDES

TEIXEIRA DE FREITAS - BAHIA - COMÉRCIO DE CAFÉ (B2B)

EM 07/07/2009

Caro Carlos Otávio,

Me furtei a citar o nome do principal exemplo do que falei - e isso não só no caso do leite. Mas, pra bom entendedor, meia palavra basta.

Abraço,

Renato

P.S. Justiça seja feita, em maio, houve uma manifestação bem interessante e pró-ativa feita pelo Sindicato Rural de Poços de Caldas. Só tive oportunidade de lê-la nesta semana.
CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 06/07/2009

Prezado Carlos O. R. Constantino,

Grato por sua manifestação. Conheço o Educampo e seus ótimos resultados formam atualmente um dos melhores paradigmas para serem seguidos por todo os demais cinturões produtores.

Abçs,
Celso Vegro
CARLOS OTÁVIO RIBEIRO CONSTANTINO

MIMOSO DO SUL - ESPÍRITO SANTO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/07/2009

Prezados,

O debate está interessante. De um lado temos os produtores que acreditam que o governo, assim como em muitos países deve subsidiar o setor agrícola, escondendo as ineficiências e tornando muito mais cômoda a situação do produtor, e de outro, os consultores/pesquisadores que sabem que tais medidas proporcionaram maior atraso tecnológico a nossa cafeicultura.

Conforme levantado pelo Renato H. Fernandes - P&A Marketing Internacional, um programa de reconversão técnico-gerencial seria realmente uma forma justa de separar o "joio do trigo" da cafeicultura brasileira. Como exemplo de um projeto com tais princípios, posso citar o Projeto Educampo SEBRAE, do qual sou consultor. No artigo https://www.cafepoint.com.br/quando-mudar-e-necessario_noticia_54999_32_87_.aspx, publicado recentemente no radar técnico de Gerenciamento, mostro muito bem que podemos ter uma cafeicultura com maior profissionalismo.

Portanto, fica o exemplo. Boa reflexão a todos.
CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 03/07/2009

Prezado Renato,

Grato por seu comentários.

Veja, quando se tem por premissa a visão de ciclo econômico, não se trata mais de pro-atividade ou abandono desse ou daquele outro. O negócio café precisa ser delineado prevendo-se as fases do ciclo em que as cotações situem-se próximas dos custos de produção. Quando essa premissa não é respeitada somente sobra a tutela governamental para o segmento enquanto tábua de salvação frente ao desespero da baixa rentabilidade.

Os produtores rurais desse país precisam ser induzidos a se tornarem pessoas jurídicas. Essa mistura de caixa da propriedade com as despesas pessoais e familiares cria uma zona de penumbra que deixa muita margem de dúvida sobre a forma que o negócio vem sendo gerido. Da forma como se encontra hoje é impossível formular qualquer proposta que resgate o segmento de seus impasses e o prepare para o crescimento sustentável. Amigo, sou-lhe sincero: será necessário um grande saneamento do segmento e provavelmente alguns não encontraram espaço para nela permanecerem.

Abçs
RENATO H. FERNANDES

TEIXEIRA DE FREITAS - BAHIA - COMÉRCIO DE CAFÉ (B2B)

EM 02/07/2009

Caro Celso,

Talvez o que esteja em falta na questão da "crise da cafeicultura" é um pouco mais de pragmatismo e um pouco menos de paixão.

É mais do que nítido que o problema não é generalizado. Há sim diferentes sistemas de produção, empregados em condições edafo-climáticas que também variam, além de que a gestão dos negócios deixa a desejar em alguns casos.

Transformar em vilões o governo e os demais elos da cadeia e achar que isso resolve é digno dos narizes de palhaço que parecem estar na moda.

Mas, simplesmente assumir que os produtores "ineficientes" devam ser alijados pelas leis do mercado pode trazer embutido o risco de comprometer uma parcela importante da participação brasileira no mercado mundial.

O que não vi em nenhum momento nesta polêmica foi alguém propor que o apoio aos cafeicultores que enfrentam problemas financeiros venha atrelado a um programa de reconversão técnico-gerencial que permita resgatar aqueles que têm potencial, evitando que, daqui a poucos anos, estejam novamente inadimplentes.

O Brasil possui, sem sombra de dúvida, o melhor programa de pesquisa cafeeira do mundo, inclusive na área de administração rural. É hora de fazer esta tecnologia (também gerencial) trazer de volta ao mercado tem tem condições para tal.

Para outros, o caminho pode até ser a saída do negócio, mas há que se estudar alternativas para as dívidas acumuladas e para as garantias penhoradas.

Menos barulho e mais proatividade. Creio que o caminho passe por isso.

Abraço,
CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 01/07/2009

Prezado Rodrigo,

Conforante o prestígio que suas palavras conferem a esse analista.

Um abraço.
Celso Vegro
HÉLIO JOSÉ ALVES DE FIGUEIREDO

SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 01/07/2009

Sr. Celso, a verdade pode ter outras faces. O que aprendi durante a minha vida é duvidar das pessoas que a toda hora dizem que "falam na cara", "não levam desaforo para casa" e "só falam a verdade".

O que o leva a pensar que a verdade está a seu lado e não ao lado dos produtores de café? Me desculpe, mas é arrogância de sua parte.
RODRIGO CASCALLES

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 30/06/2009

Prezado Celso,

Você tem razão:

"Dizer a verdade de modo direto e franco, normalmente o torna órfão de amigos....."

....mas também gera admiração de outros tantos..

Parabéns, mais uma vez.

Um abraço,

CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 30/06/2009

Prezado João Carlos de Alessandro Bueno,

Grato por seus comentários. Seu reconhecimento que a mim não carece o estro é também um incentivo.

Abçs
Celso Vegro
CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 30/06/2009

Prezados Leitores,

Agradeço os comentários formulados. Dizer a verdade de modo direto e franco, normalmente o torna órfão de amigos. Saber que alguns leitores me tem como um autêntico cronista dos assuntos cafeeiros é um estímulo adicional que recebo para continuar a desenvolver honestamente o meu trabalho.

Abçs
Celso Vegro
JOSé CARLOS DALESSANDRO BUENO

VARGINHA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 29/06/2009

Palavras bonitas, frases inspiradas em grandes escritores. Porém, estão longe da realidade daquele que é cafeicultor. Costumo dizer que aquele que não teve competência para gerir seu negócio como produtor, depois de quebrar vira consultor. Conheço vários, mas não vou enumerá-los.

A realidade é que nós cafeicultores - principalmente os médios - estamos no mato sem cachorro e ainda somos obrigados a ler tudo isto que não nos leva a lugar nenhum.
ANIBAL VIANA REGO

ARAGUARI - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 26/06/2009

Um tapa na cara talvez de alguns, mas uma análise muito interessante e pertinente ao momento (momento que dura já alguns anos, diga-se de passagem) em que vive a cafeicultura.

O café é uma cultura global e como uma cultura global, sujeita-se às leis do mercado, saudáveis a qualquer negócio capitalista, tais como oferta e procura, sobrevivência de quem é mais eficiente.

Interessante que nas pautas de discussões, inerentes ao agronegocio café, a discussão basicamente fica em cima da rolagem de dividas e não assuntos que tornariam a pauta mais dinâmica, como por exemplo ações no sentido de se modernizar a cafeicultura brasileira e aumentar por consequência a eficiência.

Uma padaria quando tem baixa produtividade, não tem um produto de qualidade, ela simplesmente senão mudar a engrenagem do negocio, quebra. O padeiro não chama o governo para ajudá-lo a bancar o negócio e depois fala para o governo comprar o pão por um valor maior que o mercado, pois a padaria gera 5-6 empregos diretos. O negócio quebra mesmo. Simples assim.

Quanto mais rápido o produtor entender o cenário onde está inserido e ver que o caminho passa necessariamente por aumento das produtividades, racionalização de gastos, aumento da eficiência operacional, etc ... mais rápida a capacidade de competição e por consequência de sobrevivência ao negocio.

Parabens pela matéria e análise criteriosa do assunto.
RENÃ CREMA

PINHEIROS - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 26/06/2009

Vemos claro o embate entre o desespero, a emoção, contra a frieza da digitação e reportes à história. As dificuldades vivas de qualquer transição necessitam sempre de compreensão extrema, cortes e cessões. Hoje, com certeza, depois de alguns anos, o cafeicultor depende, para essa transição, do governo.

Amanhã não, como há muito não. Porque, para a Agricultura, as fases são assim. Amanhã pode chover, amanhã pode fazer sol.

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