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Opções públicas: um imbróglio |
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CELSO LUIS RODRIGUES VEGRO
Eng. Agr., MS Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade. Pesquisador Científico VI do IEA-APTA/SAA-SP
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MARCEL INNOCENTINISÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE CAFÉ EM 25/02/2014
Prezado Celso,
Percebo que sua análise é bem fundamentada e coerente. Porém não foi bem interpretada por alguns produtores, fato este que não degrada a qualidade de vossa análise. Concordo especificamente com as implicações da defasagem do prêmio (mercado X governo) e com a postura das cooperativas. Esta última, conforme apontamentos dos comentários, foi supostamente saldada através do reajustamento dos preços (pelo menos pela Cooxupé). No entanto, também vejo que a ações poderiam ser melhor planejadas, administradas e executadas pelo governo, visando a uma efetiva "ajuda" à parte mais frágil da cadeia produtiva: o produtor rural (com seu CPF). É fato que a ascensão recente dos preços surpreendeu a todos, motivada por um fator inesperado (clima), ainda mais quando se sabe que os volumes estocados são expressivos. A eventual execução das opções poderia acarretar, entre outros, transtornos logísticos, principalmente em MG, onde os armazéns públicos encontram-se abarrotados, e, principalmente, sabendo-se que poder-se-ia lançar mão de armazenagem nas próprias cooperativas (detentoras massivas dos mesmos contratos). Se essa maré de alta se sustentar por determinado período, poder-se-ia vislumbrar a "limpeza" dos armazéns públicos (que detém café dos contratos de opção de 2003 e 2009), gerando fôlego para a execução de políticas corretivas/equalizadoras mais bem planejadas e efetivas. Enfim, sem dúvida, uma melhor gestão do prêmio ofertado poderia sanar, pelo menos em parte, alguns gargalos logísticos, operacionais e de defasagem tecnológica do próprio governo. Parabéns pelo artigo. |
CELSO LUIS RODRIGUES VEGROSÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO EM 21/02/2014
Prezado PH
Veja, a interface entre políticas públicas e ações do setor privados são mediadas pelas possibilidade de valorização do capital dessas empresas. Não há outro parâmetro para perceber seus movimentos e estratégias. Quando a cooperativa, empresa coletiva, age sem o cuidado de não surrupiar o direito do cafeicultor explicitado na política (não exercício), há uma espécie de transmutação de sua natureza em que a acumulação não importa como configura-se como caminho inapelável. O argumento de que a operacionalização das opções seria complexa para os cafeicultores é bastante sedutora. Creio que preservar a transparência de mercado é mais ainda, fato desprezado nessa malfadada operacionalização. As cooperativas por mais que se pregue o contrário precisam retomar suas origens. O cafeicultor carrega o risco do negócio e é para ele que os benefícios desse carregar esse risco deve ser destinado. Qualquer discurso fora desse direcionamento é diversionismo. Abçs Celso Vegro |
PAULO HENRIQUE LEMELAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO EM 20/02/2014
Caro Celso,
O equilíbrio entre as políticas públicas e as ações do setor privado é algo que carece de evolução, não há dúvida. Do seu lado, as cooperativas operacionalizam uma política pública que seria de difícil acesso à maioria dos produtores. Por outro, estas questões do papel da cooperativa enquanto empresa e enquanto representante do produtor por vezes se confundem. Precisamos é de políticas públicas mais ágeis e tempestivas. Um abraço, PH |
CELSO LUIS RODRIGUES VEGROSÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO EM 20/02/2014
Prezados Cafeicultores
A autoridade do governo quando elaborou a política de opções foi para proteger os cafeicultores dos danosos preços oferecidos então (setembro de 2013). Estabeleceu preço de exercício em R$343,00/sc e concedeu a possibilidade para que os cafeicultores não entregassem seu produto ao governo caso os preços de mercados superassem esse teto estabelecido. A operacionalização dessa política pública por parte das cooperativas por mais legítima que possa parecer, surrupiou o direito de não exercício e isso contraria a política. Ademais, a política pública não pode ser escora para inflar balanços de empresas privadas (SA, LTDA ou Cooperativa). Não é para esse fim que os impostos são religiosamente recolhidos por todos os cidadãos. Prezado Dornelles, se a Cooxupé está pagando a diferença é porque entendeu perfeitamente o ponto que apresentei no artigo e respeita o legítimo direito e interesse de seus associados. Parabéns ao amigo Paulilo e que outras cooperativas o acompanhem nessa certeira decisão. Abçs Celso Vegro |
MARIO DORNELLES DE ALVARENGAPERDÕES - MINAS GERAIS EM 20/02/2014
Caro CELSO,´so para efeito de esclarecimento foi pago tambem a diferença do que recebemos para o preço do dia ,nos da cooxupe ate o ultimo dia ´ja esta dando,preço de ontem,100,00 reais bruto,na bica com 15%,sendo que o cafe da conab teria que ser de no max 8%,,portanto descontando o premio e o juros(0,5 ao mes) o cooperado da cooxupe recebeu no total 390,00 reais por saca,dano um total de 149760,00,mais do que o exercicio,sendo uma bica com 15% de cataçaõ.
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CELSO LUIS RODRIGUES VEGROSÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO EM 20/02/2014
Sr. Mário Dornelles de Alvarenga.
Em seu comentário dele há 4 questões relevantes: 1. os cooperados receberam um valor maior do que o de mercado à época (R$290,00/sc), tendo recebido um adicional de R$20,00/sc em relação ao preço de mercado, fora as despesas de preparo, arcadas pela cooperativa. 2. acredita que o prêmio pago pelos produtores "foram de bom tamanho". 3. acha um absurdo "os produtores financiarem armazém com prêmio milionário". 4. tinha em mim um aliado e parece que, devido ao artigo, ele não o tem mais nessa conta. Meu raciocínio quanto à essas questões: 1. A comparação efetuada não é entre o preço pago pelas cooperativas aos produtores e o preço de mercado de então, e sim entre o preço de exercício e o preço de mercado agora. Na realidade, a segunda comparação é mais correta porque o exercício da opção se faria depois e não naquela época do leilão. Assim, se de fato ele ganhou R$20,00/sc naquela época, ao fazer isso, ele deixou de ganhar muito mais com a valorização do produto que agora se dá; 2. O prêmio pago pelos produtores só foi de bom tamanho porque só tinha um vendedor disposto a subsidiar o prêmio; se fosse um mercado livre, o prêmio seria muito maior, como mostra seu artigo; 3. No artigo não digo aos produtores financiarem armazéns e sim que, com o valor dos prêmios "justos" o governo poderia construir armazéns em locais estratégicos; 4. Sendo um técnico ligado oficialmente à Agricultura (funcionário de um órgão de pesquisa da Secretaria), ser um aliado da cafeicultura é fazer análises com o maior rigor técnico possível, o que venho fazendo há mais de 20 anos. O artigo buscou defender os interesses do produtor de café, sem detrimento de nenhum outro agente da cadeia produtiva. |
MARDEN CICARELLIMONTE CARMELO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ EM 19/02/2014
Caro Celso,
Os R$111mil foram decisivos, fundamentais para eu conseguir, pelo menos, renegociar as dívidas com o banco e pagar encargos de final de ano. Sem ele, minha atividade teria sido simplesmente interrompida ali, pois os bancos fecharam as portas naquele momento, e hoje há apenas uma pequena fresta. Sem os R$290, minhas 384sc teriam valido pouco mais de R$90mil, insuficientes para eu "virar" o ano. Veja bem: eu não teria recursos para esperar março e exercer as opções. Aliás, eu não teria nem meios para efetuar todo o trâmite exigido para a entrega do café nos moldes do leilão. Um parêntese. Tentei fazer novo custeio: as exigências são impraticáveis, face à minha condição de cliente de segunda classe, que renegociou dívida. O dinheiro não saiu. O banco refuta o conceito de "cliente de 2a classe", mas é assim que me sinto, quando sei que há recursos, mas que eles não estão disponíveis para "quem renegociou". Para esses, só com garantias reais em dobro, avais, hipotecas, etc. Tudo por um maldito "a critério da instituição" na portaria que autorizou a rolagem. O que me irrita é que a partir do momento em que o preço da saca sobe, certamente o banco voltará a me ver com bons olhos, e voltarão a chover ofertas de crédito barato, em linhas que são abertas quando efetivamente não precisamos. Quando o preço cai e nossa situação beira o desespero, ficamos no limbo da carteira de clientes e os bancos se voltam para os planos de capitalização e vendinhas casadas de produtos bancários. Voltando ao ponto central, posso até concordar com seus argumentos. Olhando friamente os números, eu entendo que "ganhei" R$20mil na época, e "perdi" R$30mil hoje. Mas aqueles R$20mil, creia, fizeram a diferença entre seguir e abandonar minha lavoura. Entre a dignidade de pagar os salários ou assumir para os funcionários que eu sequer conseguiria dispensá-los de maneira legal. Obrigado pelo debate. Entendo sua posição, mas realmente não me sinto iludido ou traído pela cooperativa, uma vez que meu problema foi ali equacionado (resolvido, só em 2016!). Deve haver muito produtor que realmente perdeu. Mas não é o meu caso. Abraços, ...Marden. |
AFONSO HENRIQUE BISCAROVARGINHA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ EM 19/02/2014
Sr. Celso Vegro
No que me diz respeito, participei dos leilões de opção através da Cooperativa dos Cafeicultores de Varginha (Minasul) e ví que os critérios da cooperativa foram de muita transparência e espirito cooperativo. Acredito que o Sr.deva estar "contaminado" por argumentos muito usados por exportadores de café que sempre os usam com o fim específico do enfraquecimento das cooperativas, que em ultima analise, nos entregariam (nós cafeicultores) aos lobos do mercado. Em tempo: as cooperativas que compraram cafés de seus associados o fizeram pelo preço de mercado do dia. As despesas com o preparo, troca de sacaria, etc.. foram autorizadas pelos detentores das opções na expectativa da futura entrega dos lotes ao governo, coisa que, hoje, não deverá ocorrer. Obrigado Afonso Henrique Biscaro |
CELSO LUIS RODRIGUES VEGROSÃO PAULO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO EM 19/02/2014
Prezados Mário e Marden
Percebam o argumento: os contratos de opção permitem o não exercício em caso de alta do mercado. A operacionalização desses contratos pelas cooperativas produziu uma distorção que foi subtrair do cafeicultor o direito de não exercer a venda. Assim, a natureza da política elaborada pela autoridade do MAPA foi desvirtuada em sua premissa e de sobra foi útil para fazer crescer o balanço da cooperativa. Não descarto que havia aqueles que precisavam naquele momento dos recursos oferecidos e que naquela precisa hora foram decisivos. Verdade verdadeira. Marden suas 384sc aos 290 valeram R$111.360,00 enquanto que aos preços de não exercício (direito seu por ter participado dos leilões de opções públicas) seria de R$142.080,00, ou seja, diferença de R$30.720,00 pelo lote. Por maior que seja seu espírito cooperativista, ver escapar de suas mãos esse montante é algo extraordinário, não acha? Em meu entender não existe contrato (formal ou não) que se sobreponha aos interesses do quadro social. Se o cooperado assinou documento aceitando os R$290,00 oferecido pela cooperativa essa transação não está acima de seu interesse econômico enquanto proprietário da empresa coletiva. Desfaçam-se todos os negócios! Que esse clamor alcance a todos os que foram seduzidos pelos malfadados R$290,00/sc e que recebam agora o que de direito lhes pertence. Abçs Celso Vegro |
MARDEN CICARELLIMONTE CARMELO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ EM 19/02/2014
Prezado Celso,
Sou cooperado da Cooxupé, e tudo se passou, a meu ver, de maneira bastante transparente e sem qualquer problema para o cooperado. Recebi, adiantado, em um momento em que a saca de café estava a R$250, o valor de R$290 livres. Considerando os juros do adiantamento, o valor da opção, o preparo, frete, sacaria e tudo mais, considerei justo o valor. Eu venderia café, de qualquer forma, naquele momento. Na minha situação específica, houve um ganho de R$40 por saca. Posteriormente, em função do aumento de preço, a cooperativa fez proposta para que abrisse mão da opção, pagando ainda a diferença entre os R$290 e a cotação do dia. Na prática o que ocorreu comigo foi a capitalização no momento em que eu mais precisava, e ainda recebi mais um fôlego agora em meados de fevereiro. Quanto à divisão, a cooperativa fez uma proporção equivalente à quantidade de sacas que o produtor tinha estocada naquele momento, com o teto das 500 sacas por produtor, sempre condicionado à quantidade de opções adquiridas por ela. Coube a mim, se bem me lembro, 384 sacas. Enfim, creio que no meu caso específico, fui bastante beneficiado, uma vez que recebi bem mais pelo meu café em um momento em que os preços estavam muito deprimidos. E ainda recebi mais uma "beiradinha" agora -- dinheiro que eu nem esperava. Não sei se o produtor que não precisava de dinheiro naquele momento tem o mesmo sentimento que eu, mas realmente nada tenho a reclamar; pelo contrário, foi para mim uma tábua de salvação que fez com que eu conseguisse "chegar" até aqui mantendo minimamente os compromissos em dia. Obrigado. |
MARIO DORNELLES DE ALVARENGAPERDÕES - MINAS GERAIS EM 19/02/2014
Caro Celso,em primeiro lugar os cooperados que venderam os cafés da opçaõ por 290,00 tiveram um premio em media de 20,00 reais sobre o entaõ preço de mercado,as despezas de preparo ,em muitos casos teve que ser realizada em parte antes desta alta afim de dar tempo para a entrega,quanto ao premio por nos pago foi de bom tamanho,quanto a financiarmos armazem com premio milionario,me parece um absurdo,tinha em vc um aliado dos cafeicultores,tamanha decepção com este artigo que vc escreveu.
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