O mês de dezembro foi marcado também pela publicação pela Conab da primeira estimativa da safra brasileira 2007/08, que indica uma colheita entre de 31,11 e 32,33 milhões de sacas, composta por entre 21,3 e 22,44 milhões de sacas de arábica e entre 9,8 e 9,9 de robusta.
Osorio ressaltou a óbvia dificuldade para, nesse estágio, tecer estimativa quanto ao volume da produção de café do mundo. Não obstante, levando em conta a situação brasileira e estimativas para outros países exportadores, afirma estar claro que haverá um déficit na produção vis-à-vis à demanda atual. Sua primeira estimativa da produção do mundo para 2007/08 é de entre 109 e 112 milhões de sacas, frente à demanda total em torno de 118 a 120 milhões de sacas.
O movimento dos preços
A média mensal do indicador composto da OIC foi 108,01 centavos de dólar por libra peso em dezembro, conta 103,48 centavos, em novembro, e em 95,53, em outubro. Esta tendência de firmeza nos preços continuou na primeira semana de janeiro 2007, apesar de uma ligeira correção. O gráfico 1 mostra as mudanças no indicador composto diário da OIC, desde 1º. de dezembro de 2005.
Diferentemente do caso dos arábicas (gráfico 2), os preços dos robustas permaneceram relativamente estáveis (gráfico 3), com o a média do indicador diário da OIC para esses cafés, em dezembro, ficando em 68,60 centavos de dólar, contra 69,02, no mês anterior.
Gráfico 2 - Indicador diário da OIC para naturais brasileiros - 01/09 a 29/12/06.
Gráfico 3 - Indicador diário da OIC para robustas - 01/09 a 29/12/06.
Fundamentos do mercado
Embora o ano safra 2006/07 ainda esteja em curso, em muitos países exportadores, o Diretor-Executivo, aponta uma produção total de 122,27 milhões de sacas, com o aumento de 11,65% comparada à produção total no ano safra 2005/06 sendo devido, na sua maior parte, à elevação de 29,02% na safra brasileira. Osorio ressalta, entretanto, que esse aumento na produção mundial não será suficiente para recompor os estoques nos países exportadores, se suas exportações em 2007 ficarem no mesmo nível que em 2006.
Com uma produção brasileira entre 31,1 e 32,3 milhões de sacas, mesmo que a produção em outros países aumente, no ano safra 2007/08, isto não seria suficiente compensar a queda do maior produtor mundial. Com base na informação fornecida pelos países exportadores, Osorio prevê a produção do mundial para 2007/08 entre em 109 e 112 milhões de sacas.
Um fator novo para o qual o Diretor-Executivo chama a atenção é o possível impacto do fenômeno El Niño na produção de café em algumas regiões, o qual deve ser acompanhado nos seus relatórios futuros.
As exportações durante novembro de 2006 totalizaram 7,36 milhões de sacas, o que é mais ou menos o mesmo nível que em outubro 2006 (7,35 milhões) e em setembro 2006 (7,48 milhões). As exportações do Brasil, em novembro totalizaram 2,98 milhões de sacas, maior o volume, desde setembro de 1987, quando um volume de 3,34 milhões foi exportado, logo antes do re-introdução das quotas, em outubro 1987.
As exportações durante os primeiros onze meses de 2006 (de janeiro a novembro) foram de 82,92 milhões de sacas, contra 79,98 milhões de sacas para o mesmo período, em 2005 (tabela 3). Nos últimos três anos, as exportações de dezembro foram, em média, de 7,7 milhões de sacas. Se essa média for mantida, as exportações totais em 2006 serão de cerca de 90,6 milhões de sacas, um nível somente 0,05% abaixo do nível de 2004, que foi considerado o mais elevado em muitos anos. Dado aos níveis de preço em 2006, o valor das exportações será consideravelmente mais elevado do que em 2004 e em 2005.
O volume dos estoques de passagem nos países exportadores estava ao redor de 19 milhões de sacas em 1º. outubro 2006, frente a 27,51 milhões de sacas em 2005/06 (gráfico 4). Se exportações, durante 2007, mantiverem os mesmos níveis que em 2006, a recomposição dos estoques não ocorrerá.
Elaborado pelo tradutor.
Gráfico 4 - Estoques de passagem nos países exportadores - 1990/91 a 2006/07.
Os estoques de café verde nos países importadores, incluindo portos livres, foram estimados em torno de 19,5 milhões de sacas, no fim de junho 2006, contra 22,8 milhões, em 2005. Os estoques certificados na bolsa de Londres (LIFFE) caíram de 1,88 para 1,61 milhões de sacas, em dezembro, enquanto que, em Nova Iorque (NYBOT), subiram de 3,62 para 4,21 milhões.
Osorio manteve a previsão do consumo mundial, em 2007, por volta de 116 milhões de sacas, com 31 milhões nos países produtores e 85 milhões nos importadores, mas chamou a atenção, como fizera em novembro, para o comércio entre países produtores, na casa de 3 milhões de sacas, apontando que, caso parte deste volume se destine a consumo interno (não a re-exportação), o consumo mundial pode chegar a algo entre 118 e 120 milhões de sacas em 2007.
Conclusão
Néstor Osorio conclui que a atual estrutura de oferta e demanda reforça a firmeza dos preços registrados em dezembro e no início de 2007, permitindo-lhe afirmar que a recuperação dos preços deve se manter.
Para ler o relatório mensal do Diretor-Executivo da OIC na íntegra clique aqui.