O final de agosto foi marcado pela passagem pela América Central do furacão Félix, que provocou perdas de vidas humanas e danos às infra-estruturas econômicas. Esse tipo de fenômeno sempre ocorre neste período do ano, que coincide com a estação chuvosa em muitos países produtores e cria certas expectativas e instabilidade no mercado.
Evolução dos preços
A média mensal do preço indicativo composto da OIC foi de 107,98 centavos de dólar dos EUA por libra-peso, contra 106,20 centavos em julho. Os preços dos Robustas registraram uma correção baixista de 5,48% em relação a julho1. O gráfico 1 ilustra a evolução do preço indicativo composto diário da OIC desde 1º de agosto de 2006. Os gráficos 2 a 5 ilustram a evolução dos preços indicativos diários de cada um dos quatro grupos de café desde 1º de junho de 2007.
Gráfico 1: Preço indicativo composto diário 1º de agosto de 2006 a 12 de setembro de 2007
Gráfico 2: Preços indicativos diários dos Suaves Colombianos 1º de junho a 31 de agosto de 2007
Gráfico 3: Preços indicativos diários dos Outros Suaves 1º de junho a 31 de agosto de 2007
Gráfico 4: Preços indicativos diários dos Naturais Brasileiros 1º de junho a 31 de agosto de 2007
Gráfico 5: Preços indicativos diários dos Robustas 1º de junho a 31 de agosto de 2007
Fatores fundamentais do mercado
No Brasil as autoridades cafeeiras revisaram há pouco sua estimativa da safra de 2007/08, agora estabelecida em 32,62 milhões de sacas. A nova estimativa representa um aumento de 1,7% em relação à divulgada em abril de 2007. A produção de Arábicas do país é estimada em 22,52 milhões de sacas, e a de Robustas, em 10,10 milhões. Em vista das novas informações procedentes dos países Membros exportadores, procedi à revisão de minha estimativa da produção no ano-safra de 2007/08, elevando-a de 112 milhões de sacas para um pouco menos de 114 milhões.
Em julho de 2007 parece abrandar a intensidade das exportações, que registraram 7,75 milhões de sacas, contra 8,27 milhões em junho, ou seja, 6,27% a menos. O acumulado das exportações dos dez primeiros meses do ano cafeeiro de 2006/07 (outubro de 2006 - julho de 2007) somou 81,52 milhões de sacas, aumentado 13,31% em relação ao mesmo período do ano cafeeiro de 2005/06, em que o volume correspondente foi de 71,94 milhões de sacas.
O valor obtido com a exportação de um volume total de 92 milhões de sacas no ano civil de 2006 é estimado em cerca de 11 bilhões de dólares dos EUA, contra 9,25 bilhões de dólares por 87,20 milhões de sacas exportadas em 2005. Se a atual firmeza dos preços se mantiver, o valor do total exportado em 2007 pode aumentar substancialmente. No entanto, a fragilidade do dólar parece reduzir o impacto desse aumento sobre as receitas reais de numerosos cafeicultores.
O atual crescimento do consumo mundial continua a contribuir significativamente para a sustentação dos preços do café. Em 2006 estima-se que o consumo mundial totalizou 120,27 milhões de sacas, contra 118,00 milhões em 2005. Nos países Membros exportadores houve um consumo interno de 31,17 milhões de sacas em 2006. No conjunto dos países importadores - entre os quais o Canadá e a Federação Russa - o consumo foi de 89,1 milhões de sacas. Estimativas iniciais agora apontam para um consumo total de pelo menos 122 milhões de sacas em 2007.
Nos países escandinavos (Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia) o consumo per capita se mantém forte. Entre os países exportadores ele também se mantém relativamente forte no Brasil e na Costa Rica. Os preços de varejo registrados em dezembro de 2006 acusam aumento em todos os países, com exceção dos Estados Unidos.
Em conclusão, eu gostaria de assinalar que, embora os níveis dos preços atuais permitam cobrir os custos de produção na maioria dos países produtores, a fraqueza do dólar prossegue afetando negativamente as receitas reais dos cafeicultores. À medida que a nova safra se aproxima em muitos países, torna-se particularmente importante continuar a acompanhar de perto a evolução das condições climáticas.
Fonte: OIC