Com relação ao El Niño, o diretor executivo relata as indicações de seu enfraquecimento, mas afirma que vai continuar monitorando seus possíveis impactos no café.
Osorio relata também que ter notado desenvolvimentos positivos nas discussões da reunião do Grupo de Trabalho do Acordo Internacional do Café e um desejo real dos países membros de cooperação entre países produtores e consumidores.
O movimento dos preços
A despeito do rally ocorrido na última semana de março, os preços do café estiveram sujeitos a uma correção negativa, com a média mensal indicador composto da OIC caindo 3.93% de 104,18 centavos de dólar por libra peso para 100,09 centavos. De fato os preços estiveram abaixo de 100 cents durante as três primeiras semanas do mês, recuperando-se na última. No entanto, o comportamento dos preços no início de abril já indica o retorno da tendência de baixa. O gráfico 1 mostra as mudanças no indicador composto da OIC, desde 1º. de março de 2006.
Gráfico 1 - Indicador composto diário da OIC, de 1º. de março de 2006 a 10 de abril de 2007.
Os preços para todos os quatro grupos de café sofreram a mesma queda, que, no entanto, foi mais pronunciada no caso dos arábicas. Veja no gráfico 2, o comportamento dos preços dos arábicas naturais brasileiros.
Gráfico 2 - Indicador diário da OIC para arábicas naturais brasileiros, de 2 de janeiro a 10 de abril de 2007.
Fundamentos do mercado
Enquanto aguarda a segunda estimativa da Conab para a safra brasileira 2007/08, Osorio manteve sua previsão para a produção mundial neste ano safra em cerca de 112 milhões de sacas, como indicado no seu relatório de fevereiro.
De todo modo, o diretor executivo disse ter informações que indicam um substancial aumento na produção do Vietnã neste ano safra. Além de enfatizar que as observações feitas em março apontam para o enfraquecimento do fenômeno El Niño.
Em relação a fevereiro, a entidade reduziu sua estimativa para a safra 2006/07, de 122,2 milhões para 120,5 milhões de sacas, com 78 milhões de sacas de arábica e 42,5 milhões de sacas de robusta, contra, respectivamente, 79,3 e 42,9 milhões. No entanto, Osorio não apontou nenhuma razão para as mudanças nas estimativas.
As exportações mundiais totalizaram 7,93 milhões de sacas em fevereiro, em leve queda de 3,08% na comparação com janeiro. As exportações nos primeiros
nos cinco primeiros meses do ano safra da entidade (que se inicia em outubro) foram cerca de 20% maiores que mesmo período do ano safra precedente, subindo de 32,92 para 39,98 milhões de sacas.
Osorio ressaltou que continua suas pesquisas voltadas para a redução nas discrepâncias entre as diversas fontes de informações sobre o consumo mundial, buscando obter dados mais realísticos.
Apesar de estar estagnado nos países importadores, o consumo de café cresce a taxas consideráveis em economias emergentes e alguns países não membros da OIC. Desses, Argélia, Austrália, Canadá, República do Coréia, Federação Russa, Turquia e Ucrânia, têm um nível substancial de consumo, com potencial para desenvolvimento do mercado.
Também em elevação frente aos números do relatário de fevereiro, Osorio aumentou sua estimativa para o consumo mundial de café em 2006 e 2007, de 116 milhões para 118 milhões de sacas. E, projetando um aumento de consumo de 1,5% ao ano, afirmou ser razoável esperar um consumo de 120 milhões de sacas, neste ano, projetando, com isso, um déficit de oferta de 8 milhões de sacas, que teria que ser suprido via diminuição de estoques.
Conclusão
Néstor Osorio conclui indicando que a despeito da leve queda nos preços, os movimentos no mercado de café não mostraram nenhuma direção específica em março. A situação de oferta e demanda se mantém favorável a continuidade da tendência de firmeza nos preços.
Para ler o relatório mensal do diretor-executivo da OIC na íntegra (em inglês) clique aqui.