Os fatores fundamentais do mercado sustentaram esta tendência altista, pois o ritmo das exportações diminuiu, devido a uma situação de relativa escassez criada por produtores à espera de preços ainda melhores. A alta atual levou a atividades especulativas, sobretudo por parte dos fundos de investimento, que assumiram um volume significativo de posições longas nas bolsas de futuros, exacerbando a escassez, especialmente de Robustas. Apesar da tendência altista, a valorização da moeda nacional de alguns países exportadores em relação ao dólar dos Estados Unidos elevou o custo dos insumos agrícolas. Acresce que os problemas sócio-políticos do Quênia parecem repercutir não só nas atividades do setor cafeeiro do país, como também nas de Uganda, cujas exportações através do porto queniano de Mombaça, virtualmente cessaram desde dezembro de 2007.
As exportações de dezembro de 2007 somaram 7,6 milhões de sacas, elevando o volume total exportado em 2007 a 95,5 milhões de sacas, ou seja, a um aumento de 3,7% em relação a 2006. No entanto, as exportações do primeiro trimestre do ano cafeeiro de 2007/08 (outubro - dezembro) somaram 22 milhões de sacas, e indicam uma pequena queda em relação ao volume exportado no mesmo período do ano cafeeiro de 2006/07 (23,5 milhões de sacas).
Finalmente, janeiro distinguiu-se pelas reuniões da Junta Executiva e uma sessão extraordinária do Conselho, que adotou a Resolução 436, designando a Organização Internacional do Café para as funções de Depositário do Acordo Internacional do Café de 2007, concluído em Londres em setembro de 2007.
Evolução dos preços
Os níveis de preços voltaram a subir, e em janeiro de 2008 a média mensal do preço indicativo composto da OIC foi de 122,33 centavos de dólar dos EUA por libra-peso, ante 118,16 em dezembro de 2007 (quadro 1). A maior alta ocorreu entre os Robustas, e o preço indicativo do grupo passou de 91,39 centavos em dezembro de 2007 a 99,21 em janeiro de 2008. A evolução do mercado no início de fevereiro mostra que a tendência altista prossegue entre os quatro grupos de café, e em 8 de fevereiro o preço indicativo composto da OIC registrou 133,19 centavos de dólar dos EUA por libra-peso. O gráfico 1 mostra a evolução do preço indicativo composto diário da OIC a partir de 2 de janeiro de 2007. Os gráficos 2 a 5 mostra a evolução dos preços indicativos diários dos quatro grupos de café a partir de 1º de novembro de 2007.
Gráfico 1: Preço indicativo composto diário 2 de janeiro de 2007 a 8 de fevereiro de 2008
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Gráfico 2: Preços indicativos diários dos Suaves Colombianos 1º de novembro de 2007 a 31 de janeiro de 2008
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Gráfico 3: Preços indicativos diários dos Outros Suaves 1º de novembro de 2007 a 31 de janeiro de 2008
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Gráfico 4: Preços indicativos diários dos Naturais Brasileiros 1º de novembro de 2007 a 31 de janeiro de 2008
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Gráfico 5: Preços indicativos diários dos Robustas 1º de novembro de 2007 a 31 de janeiro de 2008
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Fatores fundamentais do mercado
Continuo a observar a evolução da produção mundial e, com base em dados procedentes de muitos países, mantenho minha estimativa de 123 a 126 milhões de sacas para a produção do ano-safra de 2008/09. Essa estimativa poderá ser ajustada à medida que dados relevantes forem chegando dos países produtores.
Com respeito ao ano-safra de 2007/08, que prossegue, a produção total é da ordem de 116 milhões de sacas.
Em dezembro de 2007 as exportações somaram 7,6 milhões de sacas, elevando o total das exportações de 2007 a 95,5 milhões de sacas, de 92,1 milhões em 2006.
Confirmo minha estimativa de cerca de 120 milhões de sacas para o consumo mundial de 2006. Esse volume consiste em 31,3 milhões de sacas de consumo interno nos países exportadores, mais 88,6 milhões de consumo nos países importadores. O gráfico 6 mostra a evolução do consumo mundial entre 2000 e 2007. Estimativas preliminares do consumo mundial em 2007 apontam para um volume de aproximadamente 123 milhões de sacas.
Gráfico 6: Consumo mundial (Anos civis de 2000 a 2007*)
*estimativa
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Conclusão
Em conclusão, desejo sublinhar que a atual estrutura da oferta e da demanda reforça a firmeza dos preços, dando motivos para crer que a tendência atual se manterá. Isso, de toda forma, dependerá do ritmo das exportações e dos movimentos de estoques, mas nada leva a crer na possibilidade de perturbações significativas no abastecimento regular do mercado.
Néstor Osorio
Diretor-executivo da OIC