Na bolsa de Nova Iorque, as cotações médias do arábica subiram 1,38%, em relação à cotação média de setembro de 2006 (contrato C, segunda posição). Na bolsa de Londres, o robusta teve queda de 2,21% (igualmente para a segunda posição), após a alta dos últimos três meses. No mercado de futuros da BM&F, o preço do arábica apresentou alta de 2,30% (segunda posição). E o indicador OIC-Composto diário caiu 0,47% em relação à média do índice de setembro (gráfico 1).
Fonte: Bolsas de NY, Londres, BM&F e OIC
Gráfico 1 - Cotações médias mensais do café em diferentes mercados de futuros (segunda posição) e do OIC-Composto diário, 2004 a 2006.
O diferencial entre as cotações observadas na BM&F e em Nova Iorque caiu para US$ 14,63 por saca, cerca de 6% inferior à média do mês anterior. Esse diferencial nos últimos doze meses pode ser verificado no gráfico 2.
Fonte: Bolsas de NY e BM&F
Gráfico 2 - Cotações médias mensais do café arábica, segunda posição, nos mercados de Nova Iorque e BM&F (São Paulo), 2005-06.
As cotações do arábica, contrato C, segunda posição, na Bolsa de Nova Iorque, exibiram lenta queda nos primeiros vinte dias de outubro para subir abruptamente até o final do mês. Esta tendência tem se mantido no primeiro decênio de novembro (gráfico 3).
Fonte: Bolsa de NY
Gráfico 3 - Cotações diárias em outubro de 2006 na Bolsa de Nova Iorque, para café arábica, Contrato C, segunda posição.
No mercado de robusta na Bolsa de Londres, o comportamento das cotações indica baixa na primeira quinzena de outubro, mas que se recuperou na quinzena seguinte (gráfico 4).
Fonte: Gazeta Mercantil
Gráfico 4 - Cotações diárias para o café robusta, segunda posição, na Bolsa de Londres, no mês de outubro de 2006.
Na BM&F, tendo como referência o mês de outubro, a evolução dos preços do arábica, segunda posição, cotados em dólar por saca, indica variações positivas acumuladas de 2,93% em 2006 e de 2,38% nos últimos doze meses. No mercado de Nova Iorque, os preços do arábica, contrato C, segunda posição, tiveram alta de 7,66% em 2006 e de 5,50% no acumulado de doze meses. Por sua vez, as cotações do robusta no mercado de Londres, segunda posição, tiveram alta de 30,25% em 2006 e de 56,66%, nos últimos doze meses. Já a estimativa do OIC-Composto apresentou alta acumulada de 10,35%, em 2006, e de 15,78% no período de um ano.
Na cafeicultura paulista, a cotação média do arábica em outubro caiu 1,37% em relação à média de setembro, em função basicamente da valorização do real observada no mês. Houve queda acumulada de 4,94% nos últimos doze meses e de 5,34% em 2006, refletindo o comportamento das cotações internacionais do café arábica e a valorização da moeda brasileira (gráfico 5).
Fonte: Instituto de Economia Agrícola
Gráfico 5 - Preços médios mensais recebidos pelos produtores de café arábica, Estado de São Paulo, 2002 a 2006.
Irregularidade da florada e a próxima safra
Dizer que a safra 2006/071 será menor apenas porque é a fase de baixa no ciclo bienal é pouco diante das incertezas envolvendo a produção. No começo de 2006, causou grande alarme um fenômeno que mais tarde foi caracterizado como coração negro. Trata-se do abortamento do grão leitoso (verde em enchimento) decorrente de alta temperatura associado a veranico. Em algumas regiões como o Sul de Minas e a Alta Mogiana, a perda de grãos atingiu entre 8% e 15%.
Todavia, poucos analistas vincularam esse problema com a atual irregularidade da florada. Na mesma época em que os frutos abortaram, era o momento de formação dos botões florais da safra consecutiva, ou seja, essa que agora transparece insuficiente e irregular.
Normalmente, quando uma primeira florada em café não exibe um bom pegamento, espera-se que outras floradas tenham melhor condição para se firmarem (ainda que esse fenômeno prejudique a qualidade final do produto). Contudo, após a primeira florada, como já dito pequena e irregular, não apareceu uma segunda e ainda se aguarda uma terceira florada. Sem flores pegas, não se pode ser otimista com o volume de safra a ser colhido em 2007.
Sondagens preliminares entre os técnicos atuantes nas mais importantes cooperativas de café informam que haverá quebras superiores a 40% frente ao colhido na safra 2005/06. Isto significa uma safra de arábica de aproximadamente 20 milhões a 22 milhões de sacas que, somada às 10 milhões de sacas de robusta (que não se comporta sob ciclos bienais), totaliza cerca de 30 milhões a 32 milhões de sacas. Este volume é absolutamente insuficiente para atender toda a demanda existente pelo café brasileiro (16 milhões de sacas para a torrefação e 25 milhões para exportação). O quadro atual configura um período em que haverá fortes pressões sobre as cotações.
Solúvel: fênix no mercado interno
Dados da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC) revelam forte expansão do consumo de café no mercado interno, fenômeno esse que já vinha sendo observado em anos anteriores. Na pesquisa de consumo no mercado doméstico, foi contabilizado o incremento de 2,64% no consumo de café nas diversas formas de torrado e moído, enquanto o solúvel exibiu a impressionante marca de 7,90% no período considerado (tabela 1).
Fonte: ABIC
TABELA 1 - Evolução do consumo interno de café, Brasil, maio de 2004 a abril de 2006.
Esse fenômeno do mercado brasileiro também é observado nos principais mercados internacionais, estimando-se que, em 2015, cerca de 52% do consumo mundial ocorra sob a forma de solúvel. Particularmente, no caso do Brasil, o aumento da demanda pelo solúvel decorre da crescente preferência pelas misturas para o preparo do cappuccino e da expansão das vending machines de bebidas à base de café em ampla gama de estabelecimentos ligados ao ramo da alimentação. Para o próximo período, deve-se esperar a manutenção dessa taxa com o solúvel representando demanda de cerca de 1 milhão de sacas no mercado interno.
Diante do desempenho desse importante segmento, compete mais uma vez perguntar até quando as autoridades governamentais vão protelar a inevitável e necessária decisão de regulamentação para as operações de drawback. Essa continua sendo uma legislação que, ao lado das barreiras comerciais impostas pelos nossos clientes externos, obstaculariza um ciclo sustentável de expansão econômica desta indústria.
SP: Estado-líder no agronegócio café
A decisão da Sara Lee de inaugurar em Jundiaí (SP) a sua maior torrefadora de café em âmbito mundial consolida a posição do Estado de São Paulo como líder desse agronegócio. Esta fábrica se soma às outras 300 torrefadoras situadas no Estado, sendo que também aqui está instalada a maior fábrica de café solúvel (a Nestlé, de Araras). Cerca de 65% das exportações brasileiras da pauta desse agronegócio são efetuados pelo Porto de Santos e, na ponta do consumo, redes de cafeterias líderes mundiais, como Starbucks, Nespresso e Espressamente da Illycaffè, anunciaram a instalação de suas primeiras lojas na capital paulista.
O interesse empresarial no mercado paulista de café decorre de seu destacado patamar de consumo (per capita e agregado), que o credencia como mercado-alvo para a concretização de negócios. A realização de embarques de café torrado e moído para o mercado russo efetuados pela Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Pinhal (COOPINHAL), bem como as negociações com os compradores chineses conduzidas pela Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas da Região de Franca (COCAPEC), promove maior avanço nas exportações de produto elaborado. Isto agrega valor ao negócio e, conforme propósitos da APEX/ABIC, torna o País, especialmente São Paulo, a principal plataforma internacional para negócios com o café
Artigo publicado originalmente em www.iea.sp.gov.br e registrado na CCTC-IEA sob número HP-111/2006.
1 - Nota: A safra 2006/07 será colhida em meados de 2007 e comercializada no ano cafeeiro 2007/08.
Publicado no CaféPoint mediante autorização dos autores.