Figura conhecida no setor produtivo do café, Dário Martinelli marcou em especial a cultura do conilon. Sendo pioneiro nos esforços por produzir café conilon de qualidade, ele recebeu do estado do Espírito Santo a honraria da Comenda Jerônimo Monteiro. Sócio da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel) desde 1970, o produtor, que exerceu cargos de prefeito e deputado estadual, também atuou por dois mandatos como diretor presidente da Cooperativa.
O cafeicultor faleceu nesta quinta-feira (3/9), aos 82 anos. A Cooabriel, maior do Brasil no que se refere a café conilon, prestou, então, diversas homenagens ao produtor. “Dário Martinelli, em nome dos mais de 4 mil sócios da Cooabriel, registramos nosso orgulho pela sua coragem, visão empreendedora e espírito humano. Nossa Homenagem. Descanse em paz!”, destacou a Cooperativa em texto enviado ao CaféPoint.
Com a notícia, diversas instituições do setor também se manifestaram, prestando suas últimas homenagens ao pioneiro do café conilon. A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) lamentou o falecimento em nota aos seus associados. “Amigo de muitos companheiros da indústria de café, Dr. Dário Martinelli teve uma participação expressiva junto a cafeicultura capixaba”.
Dário Martinelli - registro feito na década de 70
O Conselho Nacional do Café também lembrou o cafeicultor, com destaque em seu balanço semanal. “Visionário, foi um dos pioneiros no ingresso, na produção e no avanço da cafeicultura de robusta capixaba, na década de 1970, após o Governo ter erradicado a atividade no Estado. Em união com outros produtores, adquiriu as mudas e as reproduziu em viveiros no município de São Gabriel da Palha, desenvolvendo uma atividade economicamente rentável para milhares de famílias do ES”, pontuou.
O fato também foi citado pelo deputado federal Evair de Melo (PV/ES), secretário da Frente Parlamentar do Café. “O mundo do café está de luto. Perdemos hoje Dario Martinelli, capixaba de grande valor, uma referência para a cafeicultura e para o cooperativismo brasileiro. Muito obrigado, Dário. Seu legado nos dá força para continuarmos firmes em defesa dos cafeicultores. Se o mundo hoje toma uma xícara de conilon e o respeita com nobreza e excelência, isso deve-se ao seu pioneirismo e sua capacidade visionária e empreendedora”, afirmou o secretário.
Revolução na cafeicultura do ES
A trajetória de Dário tem momentos importantes para a produção capixaba. Ainda na década de 1970, enquanto prefeito do município de São Gabriel da Palha, Dário formou na cidade, com a ajuda de técnicos, o primeiro viveiro de mudas do café conilon, onde iniciou o incentivo de plantio doando mudas aos produtores. A inciativa visava diminuir o êxodo rural na região, através do conilon, que se mostrou mais resistente à ferrugem.
Procurando focar em uma produção mais tecnificada, Dário implantou em seu sítio, a primeira lavoura técnica de conilon da história, com o plantio em curvas de nível. “Eu estava lá, vi o plantio e pensei. Será que isto vai dar certo, pois só conheço lavouras plantadas de morro acima”, disse Antônio Joaquim de Souza Neto, presidente da Cooabriel, que testemunhou na época o empenho e a crença de Dr. Dário. “Ele estava certo, mais uma vez. Primeiro por acreditar no novo café e implantar viveiros organizados e estimular o plantio e depois porque trabalhar com tecnologia funciona. O resultado foi aparecendo ano a ano e hoje, devemos muito a Dr. Dário”, destacou.
Acervo do Incaper mostra primeiro viveiro de connilon no início da década de 70