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Alemanha fatura mais com exportações do que o Brasil

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 09/02/2010

2 MIN DE LEITURA

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Quando o assunto é café, não há como deixar de pensar nas imensas plantações brasileiras e sua magnífica e histórica produção. De fato, o Brasil lidera o volume de colheita e de exportações, mas na hora de faturar com a commoditie, os alemães é quem dão as cartas. Mesmo sem contar com um pé sequer de café em seus 357 mil km2 de extensão - o equivalente ao território do estado do Mato Grosso do Sul - a Alemanha é o país que mais ganha dinheiro com exportações do produto. "Eles estão no mercado europeu e possivelmente isso faz a diferença na comercialização", analisa Guilherme Lange Goulart, presidente da Comissão de Café da FAEP.

O dado parece ainda mais complexo se pensarmos que, além de não plantar café, os germânicos exportam praticamente um terço do volume brasileiro. Como, então, explicar o faturamento alemão? "Eles comandam o comércio com os países ricos, pois na Europa o café é uma grife. E a Alemanha conseguiu o status de possuir essa grife, essa marca forte com o café", explica o engenheiro agrônomo da FAEP, Claudius Augustus.

Para se ter uma ideia, a produção brasileira no último ano foi de 39 milhões de sacas, o que representa 32% de participação mundial. Desse total, 30 milhões foram exportadas. Somente para a Alemanha foram destinadas seis milhões de café verde. Em contrapartida, os alemães contam com uma produção zero e as exportações de café industrializado chegaram a 10 milhões de sacas em 2009, ou seja, três vezes menos que a quantidade brasileira. Porém, quando tudo isso é contabilizado no caixa, a realidade é outra. As exportações brasileiras rendem em média US$ 4,2 bilhões ao ano, o que significa que a saca é vendida por US$ 120. Na contramão vem a Alemanha, que vende o produto por US$ 200 a saca, ou seja, um valor 70% maior do que o brasileiro. A industrialização (torrefação e moagem) não justifica a enorme margem de lucro obtida pelos alemães. "É incrível, mas o preço que a Alemanha consegue é muito superior. E eles não são produtores e, sim, consumidores. Porém, a reexportação do café é algo muito forte e muito bem trabalhada", diz Augustus.

"É fácil constatar isso pelos dados das Nações Unidas de comércio mundial. A Alemanha importou, em 2008, 19 milhões de sacas de café, pagando 3,3 bi de dólares (cerca de 173 dólares por saca). Reexportou 9 milhões de sacas com um preço médio de US$ 233. Ou seja, os alemães tiveram uma margem de 540 milhões sem descontar os custos e ainda mantiveram 10 milhões de sacas disponíveis". Para Guilherme Goulart, é necessário investir em tecnologia, "sem ela não há como competir com outros mercados".

As informações são da FAEP, adaptadas pela equipe CaféPoint.

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WILLEM GUILHERME DE ARAÚJO

GUAXUPÉ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/02/2010

O problema é a falta de uma politica mais clara para o café brasileiro e uma atuação mais firme do Ministerio do Comercio Exterior e da Agricultura frente aos grandes conglomerados multinacionais que operam na cadeia cafeeira no país. Eles se aproveitam da situação do cafeicultor brasileiro da ausencia de politicas efetivas que garantam a sustentação dos preços do café nacional e com isso compram café a preços baixos e podem revender mais caro no exterior, não repassando nada ao produtor. Se houvesse uma taxa especial sobre o café exportado para paises que fazem a rexportação do café brasileiro, como alternativa para reduzir esta desleal situação, com certeza haveria uma melhora nos preços locais, e embora haja a possibilidade de uma redução nas exportações poderia haver ganhos devido ao aumento do preço do produto pago ao produtor. Isso porém não exclui a necessidade de modificação da cadeia produtiva no país, com a adoção de uma gestão mais eficiente das propriedades; saneamento do setor com a exclusão de produtores ineficientes/ aventureiros, torrefadoras picaretas; comercio de café preferencialmente com cooperativas, que repassariam o café aos torrefadores nacionais e/ou internacionais; reavaliação da divida do setor, aumentando a troca de café pela divida ou ainda a compra de terras improdutivas com lavouras cafeerias para reforma agrária em troca da quitação da divida. Ainda, não podemos esquecer a possibilidade do aumento do incetivo ao consumo do café entre crianças e jovens, café bom, eliminando o comercio de cafés sem qualidade, como nos moldes da IN 51 que regulamentou o setor leiteiro.

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